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Previsão não é dada através das redes sociais

Por admin

Se tivesse de definir a sua profissão como é que respondia?

Eu considero um meteorologista em três dimensões. Existe alguém que fez o curso de meteorologia; outro que fez meteorologia e trabalha na área de previsão, como é o meu caso, que sou meteorologista-previsor e, depois, outro, que sendo meteorologista, trabalha na área do clima. Na verdade, meteorologista é todo o indivíduo que tem conhecimento dos fenómenos da atmosfera basicamente.

 Um meteorologista tem de ter conhecimentos sólidos de Física, porque é imprescindível conhecer itens como dinâmica da atmosfera, climatologia da região e conhecimento de muitas outras áreas, dependendo daquela em que o meteorologista se insere.

Como é que é a vida de um meteorologista?

É simples. Uma vida dedicada ao trabalho. Um meteorologista não tem feriado, não tem domingo, está todos os dias a trabalhar. Coisa engraçada é que temos no Instituto “modems” para caso houver problemas de “Internet” possamos trabalhar, mas levamos esses instrumentos para casa, porque quando estás de folga, a preocupação logo de manhã ao acordar é ver o que está a acontecer em termos de tempo. Isso está no sangue. O meteorologista, por exemplo, quando anda na rua e começa a chover, como preocupação, faz fotos para mostrar aos colegas que aqueles fenómenos que previmos estão a acontecer. No meu telefone recebo muitas imagens enviadas pelos colegas algumas dizendo que não está a acontecer nada do que previmos para um certo lugar, mas, de repente, cai uma foto testemunhando que em Marracuene, tal como tínhamos previsto, já está a chover.

Pode haver falhas no vosso trabalho?

O conhecimento em meteorologia não é somente na base da escola, é na base do trabalho, porque os fenómenos não são iguais. Não vai pensar que o fenómeno que aconteceu ontem vai ser igual ao que vai acontecer amanhã. Cada dia a gente aprende novos fenómenos. É um serviço de incerteza todos os dias. Não existe aquela coisa de que eu tenho mais de 20 anos, então eu não vou falhar. Pergunta se pode falhar, não se pode, falha-se. É por isso que é previsão. Dizer que nos últimos anos, em termos de acertos, nós estamos num nível muito bom. Acontecem situações em que a gente falha. Quando fala do dia em que ocorreu o vendaval, as pessoas entenderam-nos mal. O INAM naquele dia já fazia na sua previsão a ocorrência de chuva, trovoadas, granizo e ventos com rajadas, só que nós não estávamos a espera de ventos daquela dimensão. Dói-nos quando nos crucificam por ter acontecido um fenómeno e dizerem que a meteorologia nada fez. Muita gente que nos crucifica nem lê jornal, não houve rádio e não acompanham as nossas previsões. Olham para a previsão do telefone, vêem coisa do “WhatsApp”. Eu aconselho as pessoas a prestar mais atenção aos órgãos de informação oficial e deixarem de andar a seguir as redes sociais. 

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