Reportagem

Negócio rentável que causa dores de cabeça

O país está a registar boom de instituições Micro-Financeiras (IMF´s). A título de exemplo, em 2006 só existiam 56 operadores de microcrédito. Mas, até ao fim do ano passado, o número de microcréditos triplicou

passando de 56 para 167. Só que, nem tudo são rosas neste crescente mercado, sobretudo para os operadores que se estabelecem no meio rural, onde a maior parte dos potenciais clientes estão despidos de bens para oferecer como garantia. Não faltam casos em que galinhas, patos, cabritos e até palhotas são aceites como objecto de penhora. Quando se trata de funcionários públicos que, em geral, contraíram dívidas nos bancos comerciais, há que negociar com os governos distritais para que os salários destes trabalhadores do Estado sejam retidos algures, muitas vezes através do e-folha do SISTAFE, para que a dívida seja saldada. É muito barulho!

Segundo o Banco de Moçambique, em 2006, o país contava com um micro-banco, seis cooperativas de crédito e não existia nenhuma organização de poupança e empréstimo. Entretanto, passados cinco anos, o número de micro-bancos tinha subido para oito, as cooperativas de crédito passaram para sete e as organizações de poupança e empréstimo já eram 10.

Parte deste crescimento de IMF´s resulta da implementação da Estratégia de Bancarização e Expansão dos Serviços Financeiros às Zonas Rurais, lançada em 2007, por via da qual, o Fundo de Apoio à Reabilitação Económica (FARE) financia o estabelecimento destas instituições através de um fundo estimado em 12 milhões e 500 mil dólares.

Segundo o Banco de Moçambique, parte destes recursos foram aplicados pelo FARE para financiar cerca de 74 entidades na forma de donativo em comparticipação, ou seja, como contribuição em 50 por cento nas despesas de construção, treinamento de mão-de-obra, aquisição e montagem de equipamento e mobiliário, sistemas de segurança, electricidade e água.

Outra parte do dinheiro alocado ao FARE terá sido usado para o estabelecimento de linhas de crédito nos bancos e IMF´s beneficiários, os quais priorizam actividades predominantes nos locais onde estão implantados. No caso da zona costeira, as linhas de crédito são orientadas para a pesca. Um pouco mais para o interior concedem-se empréstimos para a produção e comercialização, comércio e também para o consumo.

Na nossa recente ronda pelas províncias de Inhambane, Zambézia, Nampula e Cabo Delgado, observámos que, em muitos casos, as IMF´s são as únicas entidades formais com que as comunidades se podem relacionar para acederem a linhas de crédito, dado que os bancos comerciais só se mostram disponíveis para se estabelecer nos distritos depois de satisfeitas “pilhas” de condições, com particular destaque para os resultados de estudos de viabilidade.

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