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Há dois anos Licínio Azevedo, realizador moçambicano nascido no Brasil, decidiu embarcar numa viagem alucinante a bordo de um “Comboio de Sal e Açúcar”. Levou numa das carruagens a bandeira de Moçambique para muitas estações do mundo. Conseguiu, pela primeira vez para o país, uma indicação para os óscares, prémio maior do cinema. Pretexto para uma conversa com o “maquinista” tendo como fundo as tépidas águas que banham a paradisíaca Ponta d’Ouro onde foi se “reabilitar” com a família antes de entrar noutra roda viva!
Licínio Azevedo, apesar dos prémios acumulados por culpa dos excelentes filmes que teima em dirigir, é um homem de trato simples. Afável. O seu discurso flui com uma inocência quase pueril. Ele é um contador de histórias por excelência… ou não tivesse ele sido jornalista… aliás, continua a fazer reportagens, mas com arte, no caso a sétima!
E fá-lo com rara mestria. O filme “O Comboio de Sal e Açúcar” continua a fazer história. Já ganhou importantes prémios. No Festival de Cinema de Locarno (Suiça) foi escolhido como Melhor Filme e exibido para mais de 5000 pessoas; no Festival de Joanesburgo – Melhor Longa Metragem (ficção); no Festival de Khourigba (Marrocos) – Melhor Realizador e Melhor Roteiro; no Festival Internacional de Cinema de Cairo (Egipto) – Melhor Realizador; no Festival de Carthage (Tunísia) – quatro troféus: Tanit de Ouro para Melhor Longa Metragem de Ficção; Melhor Imagem; Melhor Longa Metragem de Ficção para a Federação Internacional de Críticos de Cinema e Melhor Longa Metragem de Ficção para a Federação Internacional de Cinema Africano.
Haja folego!
“O Comboio de Sal e Açúcar” está carregado de troféus, mas em Fevereiro quando anunciarem os vencedores dos óscares não estaremos lá. Fomos indicados e depois riscados. Sente-se derrotado?
O filme está a ter um grande sucesso aqui e no mundo. Bateu recordes aqui enquanto esteve nas salas de cinema, mas na última semana tivemos sim uma derrota… uma derrota com sabor de vitória. Afinal, de um lote de 92 filmes estrangeiros pré-seleccionados passamos pelo primeiro crivo, mas depois não fomos seleccionados entre os nove primeiros.