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Depoimentos. 25 de Junho

Por admin

Conquistamos a nossa personalidade– Hermenegildo Pedroso

Hermenegildo Pedroso contou ao domingo que, aquando da proclamação da independência, era estudante e estava de férias em Pomulene (uma localidade do distrito de Chongoene, Gaza, que começavam no dia 10 de Junho, chamado na altura dia da raça (Dia do Camões). Como muita gente, foi a Chongoene que era o centro das comemorações da independência.

Tudo aconteceu ali; foi arreada a bandeira portuguesa e entregue a António Soares Sampaio e içada a nacional. Houve muitas actividades culturais.”

Acrescentou que a informação sobre a independência dos países africanos como Moçambique, Angola, Guiné, São Tomé e Cabo Verde, começou a correr em 1974.

O maior significado que a independência teve foi a conquista da nossa personalidade, pois éramos tidos como portugueses e, desde 25 de Junho, reavemos a nossa nacionalidade e sentimo-nos moçambicanos e não portugueses, embora existissem ainda sequelas do passado, porque isso só veio a desaparecer no fim da década 70 quando assumimos de facto que Moçambique não era Portugal”.

A independência existe

– Messias Sambo

Messias Sambo disse que no dia da independência era novo e vivia com os pais em Inhambane. “Participei das comemorações do dia tal como todos e não tinha como ser o contrário. Quando começamos a ir para a escola falavam sempre da independência, era uma matéria obrigatória.”

Sambo defende que a independência trouxe a cidadania e a paz e, apesar dos actuais conflitos. “Só precisam acertar as agulhas porque são coisas de irmãos. É preciso sentar e conversar. Temos que sentir por aqueles que lutaram por nós até conseguirmos alcançar a paz”.

Carreguei pessoas

para o Estádio da Machava

– Azarias Nhamua

Azarias Nhamua tinha 22 anos quando foi proclamada a independência. Estava na cidade de Maputo para trabalhar e, exactamente no dia, carregou diversas pessoas que queriam presenciar a proclamação da independência no estádio da Machava, partindo de Romos, arredores da cidade de Maputo. “Foi um dia marcante; todos estávamos ansiosos e curiosos. Só acreditamos depois que vimos a Bandeira Nacional içada.”

Nhamua disse ainda que a vida das duas épocas é bem diferente. “Naquela altura tínhamos um modus vivendi bem diferente da actualidade. Na minha opinião algumas coisas pioraram, mas esse facto não é anulado porque estamos livres e podemos escolher onde queremos estar e isso não tem preço.”

Estava no quartel-general em Nampula

– António Francisco

António Francisco é segurança na Igreja Maná de Moçambique. Actualmente residente no Posto Administrativo da Matola-Rio conta que no dia em que foi proclamada a Independência nacional estava em serviço no quartel-general na cidade de Nampula onde trabalhava como militar das forças portuguesas. 

A informação sobre a independência já vinha circulando de forma especulativa dentro do quartel, alguns meses antes. Era difícil acreditar porque a chefia máxima dizia que tínhamos que ficar atentos para combater os turras. Mas pouco tempo depois vimos um grupo de tropas nacionais a chegar para receber informações sobre o seu funcionamento,disse.

O nosso entrevistado disse ainda que depois da independência veio uma ordem segundo a qual tinham que recolher todas as armas, empacotar e deixar nos armazéns.

O meu grupo foi levado para Niassa onde fomos desmobilizados. Fui levado para Zambézia e mais tarde me mudei para Tete onde trabalhei nas finanças,disse.

Passei em casa na Matola

– Benjamim Machava, Matola A

Benjamim Machava, residente do Município da Matola disse que acompanhou as cerimónias da proclamação da Independência Nacional através da rádio, em sua casa na companhia de amigos e familiares.

Não fui ao Estádio da Machava porque era longe para nós e por ser noite. Então, decidimos nos reunir na minha casa, uma vez que nessa altura tinha rádio. Escutamos a mensagem e no dia seguinte marchamos pelo bairro,disse.

Avaliando a vida dos moçambicanos naquela altura e a actual refere que a independência trouxe melhorias no país; hoje há livre circulação em território nacional e todos os compatriotas desenvolvem as actividades a sua escolha para o bem das suas famílias.

Dia passado com amigos

– Ângelo Mangaze

Angelo Mangaze conta que passou o dia 25 de Junho de 1975 na casa de um dos amigos na Matola-Rio porque não tinha conhecimento de que as cerimónias centrais teriam lugar na Machava.

Um dos meus amigos disse-nos que naquela noite haveria uma festa. Juntamo-nos na casa dele e escutámos a rádio. Era tarde e alguns de nós estavam cansados mas porque a ansiedade era maior ficamos até que se anunciasse o nascer do novo país; depois, foi a festa mesmo sem sabermos efectivamente o que significava aquilo tudo, disse.

Mangaze actualmente é empreendedor no Posto Administrativo da Matola-Rio onde desenvolve, entre várias actividades, a venda de óleos para viaturas.

Estava na casa da minha tia

– Elias Chissico Júnior

Elias Chissico Júnior é residente do bairro de Infulene, Matola, conta que acompanhou as cerimónias da proclamação da independência, na casa de uma tia, no bairro de Chamanculo, cidade de Maputo.

A minha tia na altura vendia jornais e gostava de escutar rádio. Os jornais que sobravam ela trazia para casa e me obrigava lê-los. Num desses dias soube que a partir do dia 25 de Junho estaríamos independentes. Na altura estava na 5ª classe. Foi um dia muito especial para nós porque ditava o fim do nosso sofrimento,disse.

Falando sobre a vida actual dos moçambicanos disse que na medida em que o tempo vai passando as pessoas vão se afirmando, prova disso hoje existem muitos nacionais que prosperaram.

Eu estive no Estádio da Machava

– Abel Mazuze

Abel Mazuze, residente no Posto Administrativo da Matola-Rio, Boane refere que acompanhou as cerimónias da independência no Estádio da Machava, local que fora escolhido para o evento.

Gostava de escutar rádio e ler jornal e então, num desses dias, vi a notícia que falava da independência. Não quis perder o momento, convidei uma amiga e fomos para lá para viver de perto. Foi um ambiente muito bonito, parecia que Deus estava a crescer para salvar a humanidade, disse.

Lembra que na altura trabalhava como mecânico na Escola de Condução Auto-Escola, na cidade de Maputo.

Estava na Escola Oficial da Matola

– Aida Jemisse

Aida Jemisse é residente do bairro da Matola "A" e conta que quando foi proclamada a independência era ainda aluna da 4ª classe da Escola Oficial da Matola. Lembra que nesse dia os alunos da sua escola e secundária da Matola estiveram concentrados no mesmo sítio, na Escola Oficial da Matola, para juntos acompanharem o discurso.

Tínhamos um rádio e todos ficamos ali em redor. Por causa da ansiedade ninguém apanhou sono. Depois foi saltitar, bater palmas. Foi um dia de festa inesquecível,disse Aida que actualmente faz trabalhos de modista naquele município. 

 

 

 

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