Reportagem

Chegou a fábrica de processamento da moringa

Texto de Bento Venâncio e Fotos de Inácio Pereira

O distrito de Moamba, na província de Maputo, dispõe, desde semana passada, de uma unidade fabril de processamento de moringa para fins nutricionais e terapêuticos.

A iniciativa do Grupo Ferpinto, de Portugal, visa capitalizar a matéria-prima moçambicana e conferi-la de uma mais-valia no que tange ao tratamento alternativo de algumas doenças que existem no país, mediante aplicação de tecnologias de síntese mais seguras e eficazes.

A seca triturava a terra em quadradinhos de matope prensado. Changalane, famoso pelo negócio de carvão, perdia a guarda de uma floresta que caia de rastos.

Sem terra para semear, sem floresta e sem comida, a população morria à fome, até a altura que apareceu alguém que disse: por que razão não semeamos a moringa para nos alimentarmos de suas folhas?

A sugestão caiu como sopa no mel. A moringa, que floresce mesmo em terrenos secos, ganhou terreno. Suas folhas foram devoradas sem apelo nem agravo. Mesmo sem dieta variável, pessoas faziam diferentes aplicações alimentares e no fim extasiavam-se com o resultado.

Porém, o maior espanto estava por vir. Pessoas que tinham SIDA começaram a melhorar. Venciam paulatinamente o vírus e não sabiam por que razão. Mais tarde souberam que afinal a moringa restabelecia e fortificava a imunidade perdida.

Estamos a falar de pessoas hoje com aspecto diferente e que viram suas vidas desabrocharem tal uma flor. Não dispensam a moringa por nada.

A experiência de Changalane marcou-nos por este testemunho vivo de cidadãos seropositivos que olham hoje o futuro com esperança, mas domingo descobrira antes o potencial nutricional e sobretudo terapêutico da moringa algures no Chibuto, em Gaza, onde camponeses devoravam folhas frescas desta planta como se de cabritos se tratassem.

Disseram-nos, na altura, que faziam aquilo para debelar a acção de parasitas de vectores de malária, tuberculose e do HIV!

Na altura ficamos estupefactos. Era a primeira experiência, relatada por camponeses, que domingo colhia a respeito de uma planta que é hoje conhecida como milagreira, como fonte de vida.

Nessa altura, produzimos uma grande reportagem e explicamos que vale a pena ter em casa uma planta como a moringa por ser fonte de aminoácidos essenciais para síntese de proteínas.

Sim. A moringa talvez seja a única planta capaz de “ombrear” com os animais em termos de disponibilidade de proteínas.

Além disso, é campeã de vitaminas, minerais e nutrientes essenciais para a vida, destacando-se como boa alternativa para tratamento e cura de uma série “interminável” de doenças.

Noutras partes do mundo, farmacêuticos já caprichavam no aproveitamento terapêutico de folhas da planta e produziam xaropes, cápsulas e medicamentos essenciais.

Do nosso lado faltava a cultura de síntese laboratorial. Ficamos satisfeitos, por isso, quando há dias verificamos que, algures na Moamba, província de Maputo, já se processava comprimidos e outros derivados de moringa.

A Naturinga, empresa de capitais portugueses, dispõe de tecnologia de ponta para síntese laboratorial de medicamentos feitos à base do potencial da moringa produzida em Moçambique.

Visitámos a empresa e constatámos que até exporta folhas trituradas de moringa em embalagens destinadas para chás.

Para além de máquina trituradora, a Naturinha faz moagem para pó, destinado à síntese de cápsulas de moringa, visando a oferta de suplemento que tanto ajuda no tratamento de mazelas associadas ao HIV/SIDA, tuberculose, anemia, dentre outras associadas a várias enfermidades.

Relativamente às cápsulas de moringa, recomenda-se a toma de quatro cápsulas diárias (duas, 15 minutos antes do pequeno almoço e outras duas 15 minutos antes do jantar).

Além de cápsulas, são feitas saquetas de chá, recomendando-se a toma de três chávenas por dia.

Trata-se de suplementos cem por cento naturais que podem ser ingeridos, com segurança, por pessoas de todas as idades, doentes como não, pois têm também uma componente preventiva.

Para além de explorar potencial nutritivo e terapêutico das folhas de moringa, a Naturinha dispõe de prensas para extracção de óleo da semente visando a produção de sabonetes e cremes variados.

A empresa tem agora capacidade para exportar vinte toneladas de derivados de moringa por mês e explora presentemente uma área de 65 hectares, onde destacam-se 70 mil plantas.

A área total reservada ao plantio da moringa na fábrica da Moamba é de 300 hectares, havendo expectativa de que em 2016 toda reserva seja plenamente explorada.

Segundo Victor Manuel Lamas, um dos responsáveis da unidade de processamento, toda a tecnologia aplicada vem de Portugal e os produtos processados podem ser encontrados em farmácias associadas a Orbis-farma.

Muita atenção:

apenas a moringa oleífera é que serve

O “milagre” trazido pela moringa no tratamento de várias enfermidades em casa, induziu uma corrida pela planta nunca antes vivenciada.

Milhares de famílias moçambicanas já têm uma ou duas árvores de moringa em casa, uma atitude de louvar. Contudo, neste apego à chamada “planta da vida” são poucos os moçambicanos que sabem que apenas a moringa oleífera produz os tão almejados resultados sobretudo de ponto de vista terapêutico.

É que existem variedades e variedades de moringa de igual forma que existem várias mangueiras na natureza.

A partir de agora, as pessoas devem ter muita atenção: procurar moringa oleífera, abundante em Moçambique, mas desconhecida pela maioria.

Planta com mais nutrientes no mundo

A árvore da moringa é a planta mais rica em nutrientes e é totalmente utilizada em benefício da humanidade! Imagine que a moringa pode suprir todas as necessidades nutricionais dos seres humanos, e fornecer cura para muitas das suas doenças.

A árvore da moringa é tão completa nutricionalmente que e é usada para combater a desnutrição em países do terceiro mundo. Em termos de valor medicinal, a medicina tradicional ayurvédica (Índia) identificou mais de 300 doenças que poderiam ser curadas com a folha de moringa.
A árvore da moringa conta mais de 96 nutrientes e 47 antioxidantes. As folhas da moringa são altamente nutritivas e são ricas em vitaminas A, B1,B2,B3,B6,C,E,K, manganês, magnésio, riboflavina, cálcio, tiamina, potássio, ferro, proteínas e niacina.

A moringa também contém 18 aminoácidos dos quais os oito essenciais, e é rica em flavonóides, incluindo a quercetina, kaempferol, beta-sitosterol, ácido cafeoilquínicos e zeatina.

As folhas moringa oleifera contém:

  • 2 vezes mais vitamina C do que as laranjas
  • 10 vezes mais vitamina A do que as cenouras
  • 25 vezes mais ferro que o espinafre
  • 14 vezes mais cálcio que o leite
  • 15 vezes mais potássio que as bananas
  • 2 vezes mais fibra que a aveia
  • 6 vezes mais proteínas que o iogurte.

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