Economia

DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO: Estamos preparados para crescer com juízo

O presidente da Associação Moçambicana de Economistas (AMECON), Joaquim Dai, entende que os abalos económicos ocorridos nos dois últimos anos serviram de lição para todos os moçambicanos. Segundo ele, depois deste período amargo em que o país “caiu no poço” já se sabe que não deve haver mais emoções a ponto de gastar mais do que se produz e que é preciso diversificar os negócios.

Em entrevista exclusiva que nos concedeu no quadro do fim do seu mandato como presidente da Associação Moçambicana de Economistas (AMECON), Joaquim Dai disse que a experiência vivida no final do ano passado serviu de lição para todos.

Esta não é uma lição só para o Estado. Também serve para os empresários porque gastam mais do que produzem. É uma lição que serve para a economia”, disse.

No que se refere à ajuda externa, Dai recorda que esta agremiação já tinha alertado sobre a necessidade do país olhar para si próprio e definir um período a partir do qual deve deixar de receber apoios ao Orçamento de Estado, quando muito admitir assistência a projectos específicos.

De seguida, apresentamos ao nosso estimado leitor, os principais excertos desta conversa na qual versamos sobre as necessidades nacionais de infra-estruturas, logística, ambiente fiscal e dos caminhos para a atracção de investimentos “com benefícios, mas sem exageros”.

PENSAR NA LOGÍSTICA

Recentemente o país viveu duas situações distintas. Tivemos um crescimento muito elogiado pelo mundo e uma crise económica. Que leitura faz disso?

Até 2011 vivia-se um período de estabilidade e algum optimismo. Em 2012 começamos a sentir um forte impacto das pesquisas de hidrocarbonetos e da indústria do carvão, que começou a gerar muita expectativa de crescimento. Naquela altura começamos a fazer conferências cá e na África do Sul onde falávamos da logística e carvão. No ano seguinte (2013) começamos a sentir o ímpeto do gás natural e chamamos à atenção ao Governo para se ter cuidado.

Cuidado porquê?

Porque nem tudo funciona assim tão facilmente. Lembro-me que fizemos uma conferência onde dissemos que sem logística não teríamos sucesso, pois não se pode tirar o carvão para deixar no destino final sem uma logística eficaz, barata, incluindo linhas férreas, rodovias, portos, docas secas e tecnologias associadas para o transporte e venda. Estas coisas funcionam como bolsas de valores ou de mercadorias. É preciso integrar tudo numa só estrutura. É preciso pensar macro.

E isso não foi feito?

Infelizmente hoje estamos a sair da AMECON e este pensamento macro da indústria logística não foi ainda assumido. Continuamos a usar o termo infra-estruturas.

Qual é a diferença?

Infra-estruturas é um conjunto de estruturas físicas que ajudam no encurtamento de distâncias ou a melhoria do bem-estar da população, estamos a falar de barragens, estradas, pontes, prédios, entre outros. Enquanto a logística é todo um conjunto de infra-estruturas que permitem deslocar pessoas e mercadorias de um ponto para outro com maior rapidez possível, eficiência e melhor preço. É diferente.

Então…

Seria melhor que disséssemos que o país tem como prioridade infra-estruturas de logística porque estaríamos a fazer infra-estruturas na mesma, mas pensadas de uma forma holística. Foram estes os pensamentos que procuramos transmitir enquanto Associação de Economistas.

Leia mais…

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos Relacionados

Botão Voltar ao Topo