Reportagem

Capitalizar pleno uso de recursos como principal recomendação da região

domingo aborda ainda a importância de infra-estruturas hidráulicas para fomento da agricultura e para mitigação de cheias e secas Moçambique acolheu esta semana a cimeira da SAPP (Southern 

African Power Pool), fórum privilegiado para discussão de matérias relacionadas à geração de energia. Das discussões havidas em 

Maputo, sobrou o apelo de sempre: a SADC está em crise energética e a sua economia já está a ressentir-se.

 

O potencial de geração de energia hídrica em Moçambique é assinalável e constitui a principal esperança da Comunidade de Países da África Austral (SADC). De acordo com a Electricidade de Moçambique (EDM), cerca de 13 000 MW, a produzir 65 000 GWh/ano de energia, podem ser economicamente desenvolvidos em Moçambique.

Curiosamente, cerca de 70 por cento deste potencial (10 000MW, 45 000GWh/ano) concentra-se na bacia do Zambeze, a maior parte no rio Zambeze.

Dados disponíveis demonstram que há mercado atraente para a energia de Cahora Bassa e de outras possíveis hidroeléctricas no Zambeze. Os novos “esquemas” de energia também podem ser usados para estruturar a futura rede nacional de Moçambique que permitiria a divisão de energia entre vários centros de produção e iria criar condições para a incorporação de circuitos de produção de mais pequenos no centro e norte de outras bacias nacionais .

De notar que presentemente existem apenas quatro grandes barragens hidroeléctricas no país, designadamente a de Cahora Bassa, Chicamba, Mavuzi e Corumana. 

Entretanto, mesmo com estas vantagens, as necessidades em energia eléctrica em Moçambique e na África Austral têm aumentado consideravelmente, e de forma crítica, ao mesmo tempo que os países afectados, incluindo Moçambique, têm falhado em implementar projectos de geração de energia. 

Deste modo Moçambique, projectando potencialidades disponíveis, pode desempenhar papel fundamental na SADC e a implementação da central norte de HCB e de outras barragens poderá trazer uma mais-valia nesse sentido, a curto, médio e longo prazo.

 

APROVEITAMENTOS

HIDRÁULICOS DO ZAMBEZE

 

Um dos aproveitamentos hidráulicos é a barragem e albufeira de Kariba, que tem uma capacidade de armazenamento máxima de 180 quilómetros cúbicos de água, constituindo a terceiro maior reservatório artificial do mundo e o segundo de África. Situa-se no troço do Médio Zambeze que separa o Zimbabwe da Zâmbia e é gerida pela ZRA, Zambezi River Authority.

Outro grande aproveitamento hidráulico é precisamente a barragem e albufeira de Cahora Bassa, também no troço terminal do médio Zambeze, que criou um reservatório com capacidade máxima para 63 quilómetros cúbicos de água, o décimo segundo do mundo e quinto de África.

Por ordem de importância, seguem as barragens de Itezhetezi e Kafue Gorge, no rio Kafue, Lunsemfwa no rio do mesmo nome, e Mulungushi, na Zâmbia, e Manyame, Masvikadei, Sebakwe e Chivero, no Zimbabwe, todas com capacidades de armazenamento superiores a 200 milhões de metros cúbicos.

Para além destas, existem ainda mais 24 barragens de menor capacidade na bacia do Zambeze, das quais 23 são no Zimbabwe e 1 no Malawi.

Locais para outros aproveitamentos hidráulicos foram já identificados, correspondendo alguns deles a obras que se encontram em fase de estudos preliminares ou de viabilidade ou em fase de projecto.

Para o curso principal do rio Zambeze estão previstas ainda as seguintes infra-estruturas: Batoka, Devils Gorge e Mupata Gorge, no troço internacional Zambia-Zimbabwe e Mpanda Uncua, Boroma e Lupata em território moçambicano.

Estes aproveitamentos, a juntar aos existentes representam, nas configurações previstas, uma potência total de 12 087 MW, incluindo também a Central Norte de Cahora Bassa e a potência instalada no Victoria Falls.

Além das grandes barragens referidas, existe um numeroso conjunto de pequenas barragens. A generalidade destas represas, que raramente ultrapassam a capacidade de 100 000 metros cúbicos, destina-se à um outro grande alvo: fins hidroagrícolas e de abastecimento público, situando-se a esmagadora maioria nos territórios zimbabweano e zambiano. Do lado moçambicano, soluções deste tipo e magnitude ainda escasseiam, não obstante as reservas hídricas abundantes.

Estima-se que, no Zimbabwe existam cerca de 11 000 pequenas barragens, das quais 5 820 se situam na bacia do Rio Zambeze, que corresponde à uma capacidade de represamento estimada de cerca de 4.6 milhões de metros cúbicos.  

Na Zâmbia, embora não haja ainda um conhecimento exacto do número de pequenas barragens, estima-se que a sua capacidade de represamento totalize cerca de 12 mil milhões de metros cúbicos, significativamente mais elevada do que no Zimbabwe e situada quase exclusivamente também na bacia do Zambeze.

Particularmente em Moçambique, para além de Cahora Bassa e da Central Sul já construídas, prevê-se a construção da barragem de Mpanda Nkuwa, estando em curso os estudos de viabilidade e a elaboração dos anteprojectos.

Apresentamos, a seguir a situação de algumas barragens moçambicanas que podiam ser importantes para fins agrícolas de abastecimento de água à população.

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