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Às “bocas” eu respondi com golos!

Por admin

Marcou golos de todos estilos e feitios na posição para a qual se talhou, ponta-de- lança; golos que os adeptos do Académica, Sporting de Nampula, Benfica de Nampula, Têxtil de Púnguè, Nova Aliança de Maputo, Costa do Sol, Amazulu, Jomo Cosmos, União Portuguesa, celebraram efusivamente com pulos e cânticos. Chama-se Aniceto Sebastião Mhula. 59 anos. É adepto do Grupo Desportivo de Maputo (GDM), emblema para o qual nunca jogou. Lembram-se dele? domingo lembra-se e redescobriu-o.

ILEGAL NA RAS

O que é feito de si, Aniceto?

Estou de volta à terra natal. Estive 27 anos na África do Sul.

Sempre ligado ao futebol?

Numa primeira fase, sim. Depois, não. Rumei à África do Sul (dizia-se “saltar arame farpado) quando fui suspenso por um ano pelo Costa do Sol, em finais de Dezembro de 1986, depois de ter dito ao presidente do clube, José Neves, que não queria mais jogar pelos “canarinhos”.

Como é que tudo se processou?

Foi tudo muito rápido. O Zaza, alegadamente o primeiro jogador moçambicano a saltar a fronteira para a “terra do rand”, e que tinha sido meu colega no Costa do Sol, soube que eu tinha sido suspenso e, por via de um intermediário, colocou-me a possibilidade de ir lá jogar. Aceitei. Até porque outros jogadores já por lá andavam, casos do Isaías, Pelembe, Cadango, Vicentinho…

Qual foi o destino?

Pretória. Para o Clube Jomo Cosmos, de Jomo Sono.

E como foi a caminhada? De carro ou à pé? Saltaram a fronteira?

Todo o trajecto foi feito de carro. Encontrei-me com a pessoa que me levou à África do Sul na Moamba. A viagem foi tranquila. Ele é que falava com a polícia. Tratava de tudo.

O ENGODO

Lá chegados, correu tudo de feição?

Não, não. Virou pesadelo. Chegados à Pretória, ele telefonou para o Jomo Sono, que me foi alojar na mesma casa onde estava o Zaza. A partir daí não mais se interessou por mim.

Não?!

O que não faltava era carro para nos levar aos treinos e aos jogos particulares, já que o campeonato ainda não tinha começado. Nessas ocasiões é quando tínhamos uma sandes e um refresco para enganar o estômago. No resto dos dias não tínhamos nada para comer.

Como?!

O Jomo Sono brincou connosco. Às vezes se aproximava da nossa residência mas nunca entrava para se inteirar da nossa situação ou deixar-nos algum rancho. Ao fim de 30 dias perdi a paciência. Interpelei-o e procurei saber dos meus honorários. Tirou do bolso 50 Randes e estendeu-mos. Não levei. Disse-lhe que aquele valor era inferior ao que pagava à minha empregada por dia em Maputo. Foram momentos difíceis. Não tinha como me defender porque era ilegal.                                                                                                           

Depois? 

Perguntei ao Zaza se era aquela a vida que ele levava. Respondeu-me que sim. Então indaguei-me por que é que ele não me contara a verdade antes de eu sair de Moçambique. A informação que ele me fizera chegar era de que “estava numa boa”. Tudo mentira. Decidi que não jogava mais pelo Jomo Cosmos.

Então…?

Numa bela noite, estando a dormir apareceram-me em casa o Cossa e o Amadinho. Disseram-me que ali não havia futuro. O melhor que tinha a fazer era mudar de ares. Respondi-lhes que iria pensar no assunto. Ripostaram que não tinha esse tempo. Nessa mesma noite partimos para Durban. Fomo-nos apresentar no Amazulu FC.

UMA VEZ MAIS…

SORTE MADRASTA

Valeu a pena a mudança?

Não. Foi pior. Cheguei ao clube quando os dois manda-chuvas da equipa estavam em rota de colisão. Às vezes lutavam. O desentendimento culminou com a partição do clube em dois: Amazulu FC e Putcu Amazulu. Para meu infortúnio fiquei no Putcu Amazulu, cujo boss revelou-se um bandido da primeira. Durante os seis meses que permaneci e joguei no clube não recebi um único rand. Não tinha como apresentar queixa às autoridades porque continuava indocumentado. Ele aproveitou-se desse pormenor para fazer e desfazer.

Qual foi o desafio seguinte?

Rumei para Joanesburgo. Ao fim de quinze dias à procura de ocupação fui jogar para a União Portuguesa. Tive a sorte de ter um colega que era proprietário de uma fábrica de produção de caixas de papelão e cartolina para embalagem. Ele e um moçambicano ensinaram-me a trabalhar com a máquina. Passei à condição de jogador-trabalhador. Depois o meu patrão entendeu que me devia dedicar mais à fábrica. E assim terminei a minha carreira, em 1992. O meu último emprego em Joanesburgo foi numa empresa de construção civil, em Soweto, pertencente a um moçambicano que tinha sido meu vizinho no bairro da Munhuana. Ali, sim. Peguei dinheiro. Deu para organizar a minha vida.

Como futebolista qual foi o seu salário mais chorudo?

Meu irmão, não te vou mentir. Como jogador não cheguei a receber salário algum na África do Sul. Foi miséria. Sofrimento.

PALMEIRAS PRETERIU-O

TÊXTIL CONTRATOU-O

Muitas pessoas recordam-no como jogador do Costa do Sol, mas passou também por outros emblemas.

É verdade. Fui campeão nacional em 1981 pelo Têxtil do Púnguè, sob comando técnico de Rodrigo dos Santos.

Têxtil de Púnguè de Nico (Danger Man) …

Sim, sim. Tínhamos um excelente plantel. A começar pelo nosso guarda-redes Betinho (irmão do falecido José Luís), Sábado, Nico, Lucas II, Duarte, Carlitos, … o que muita gente não sabe é que quando saí de Nampula (jogou no Benfica de Nampula) para a cidade da Beira era para jogar no Palmeiras da Beira.

Ai é?!

Sim. Sucedeu que o então treinador do Palmeiras, Belmiro Manaca Dias, quando me apresentei, corria o mês de Janeiro, disse ao presidente do clube, Sr. Aziz, que não estava interessado nos meus préstimos. Regressei ao Hotel Moçambique, onde estava hospedado e deixei-me ficar. Na noite desse mesmo dia aparece-me no hotel o Totó e o Lucas e sondaram-me se não estaria interessado em jogar no Têxtil. Anuí. No dia seguinte apresentaram-me ao presidente do clube, Sr. Gulamo, e ao técnico Rodrigo dos Santos. Assinei a ficha de inscrição pelos “fabris”. O clube alojou-me no Hotel Infante, onde vivi durante todo o ano de 1981.

Treinavam quantas vezes ao dia?

No início treinávamos só no período da tarde. Entre às 15 e às 18h. No período da manhã estávamos na fábrica. Eu era contabilista. À dada altura fizemos ver à direcção do clube que seria mais vantajoso treinarmos de manhã e de tarde. Acatada a nossa proposta, a nossa actividade passou a ser jogar e treinar. No mesmo ano (1981) sagramo-nos campeões nacionais.

Orientados por Rodrigues dos Santos jogaram um futebol sempre rente ao relvado e de encher o olho, com a bola a rolar de jogador para jogador, e você sempre à espera para finalizar.

O grande mérito de Rodrigo dos Santos foi ter recrutado para o Têxtil jogadores como Nico, Lucas e outros que militavam em clubes de menor expressão da cidade da Beira, aliado à sua humildade de saber ouvir. Recordo-me que num jogo, creio que contra o Palmeiras da Beira, quando fomos campeões nacionais, como as coisas não saíssem como pretendíamos, ele quando se preparava para trocar o Zé Manuel por Ângelo corri para junto dele e pedi-lhe para que não efectuasse a substituição. Recuou na sua decisão, ainda que com algumas reticências. Ganhamos por um a zero. Golo do Zé Manuel. O meu gesto custou-me a amizade do até então meu melhor amigo que era o Ângelo, mas ganhou a equipa.

Qual foi o seu pior jogo envergando o jersey do Têxtil?

Sem dúvida contra o Ferroviário de Maputo. Perdemos por 5-0. O Ferroviário tinha uma super-equipa. Aquilo era Pelembe (o “Mestre”), Ramos (o “Brasileiro”), Cossa, Nicolau (o “Teacher”). Era uma espécie de galácticos. Essa derrota doeu-me bastante.

JORGE REINA

vs M. DE ALMEIDA

O que nunca se soube em toda a linha foi por que é que trocou o Têxtil de Púnguè pelo Costa do Sol?

Depois de termos vencido o campeonato nacional de 1981 e ter renovado a inscrição para a nova época pelo Têxtil apareceu o argentino Jorge Reina, na altura treinador do Costa do Sol, a convidar-me para ingressar no clube. Fui-lhe franco. Disse-lhe que já tinha assinado pelos “fabris”. Respondeu-me que não me preocupasse e que tudo ficaria resolvido. Concordei até porque interessava-me regressar a Maputo, de onde saíra em 1977. Acontece que depois do jogo da Supertaça 1982, em que “batemos” o Desportivo por 1-0 (eu é que marquei) fui suspenso por um ano justamente por causa da dupla inscrição.

Em 1983 com o seu Costa do Sol jogou na segunda divisão porque o clube tinha descido de escalão.

Sim. Mas acabou sendo uma época excelente. Sob batuta do mister Martinho de Almeida conquistamos o Campeonato Provincial, vencemos a Taça de Moçambique (derrotaram o Textáfrica de Chimoio, golo de Zaza) e fui melhor marcador. Não me esqueço de 1983 porque foi o ano em que o Desportivo de Maputo realizou uma época épica: 60 jogos, zero derrotas e um empate… jogavam ainda o Hamid, Urbano, Sitói! Em 1984 voltamos para o Campeonato Nacional. Em 1986 as coisas não me correram bem.

O que é que aconteceu?

Tive problemas de saúde e contraí uma lesão no joelho direito. O ambiente na equipa também já não era saudável. Havia grupinhos. Uns acreditavam em vovós (curandeirismo). Eu não ia nisso. Recordo-me que quando fomos a Chimoio para defrontar o Textráfica alguns colegas não queriam que almoçássemos porque só havia carne de porco. Disse-lhes que eu ia comer e comi. Fomos jogar. Vencemos por 5-0. Marquei três golos.

Que ganhos obteve enquanto jogador do Costa do Sol?

Quando assinei pelo Costa do Sol deram-me uma “flat” e mobília. Tudo isso foi possível graças ao Jorge Reina, que intercedeu a meu favor. Olhos nos olhos disse-me que falaria por mim porque eu tinha medo. E assim fez. Comportou-se como um verdadeiro pai. O treinador Martinho de Almeida foi outra figura que me marcou profundamente. Excelente pessoa. Quando na equipa começaram a formar-se grupinhos, ele dizia-me: “Aniceto, deixa-os. Leva a vida segundo os teus princípios e continua a fazer o que melhor sabes, que é jogar à bola e marcar golos”.

Em que período jogou no Benfica de Nampula?

Entre 1977 e 1980. Fui para Nampula depois de concluir o Curso de Educação Física no Instituto Nacional de Educação Física (INEFP) para dar aulas. Depois saltei para Beira, pela mão de Zé Pedro. Estava destinado ao Palmeiras, mas como referi anteriormente fui preterido.

INÍCIO DE CARREIRA

Quando e onde começou a jogar futebol?

Nasci e cresci no ex-Bairro Índígena (Munhuana). Foi ali onde comecei a jogar futebol com os meus amigos, como Gil Guiamba (ex-jogador do Costa do Sol e por sinal um dos melhores avançados que o país produziu no pós-independência) e  Sérgio (antigo guarda-redes do Costa do Sol). Num dia desses um outro amigo, Lobito (já falecido), perguntou-me se não gostaria de fazer parte da família futebolística dos estudantes. Respondi-lhe que estava interessado. No dia seguinte Lobito pagou-me transporte e fomos aos treinos que decorriam no campo do ex-Clube Indo Português (actual Estrela Vermelha) em 1972. Falou da minha ambição ao José Perides e este nem mais: lançou uma bola ao ar e disse, domina. Fi-lo com êxito. Lançou uma segunda bola e repetiu a ordem. Voltei a dominar o esférico. E ele, OK.

Ele viu que você percebia da coisa…

Sim. Cheguei ao clube numa terça-feira mas 72 horas depois jogava no time principal de juvenis onde militavam nomes talentosos como Cremildo Gonçalves, Tomé Maluana, Moisés Hafussene (irmão do João Hafussene), Ambasse, etc, etc. saltei para os juniores – era para jogar na equipa B – mas rapidamente passei a ser convocado para a equipa principal. Passados dois/três meses era efectivo. Fomos campeões de juniores em 1973. Continuei a representar a Académica em 1974 e 1975. Mas um pouco antes da proclamação da independência, num jogo contra o 1º de Maio, parti o pé ao chocar com o guarda-redes Panguana. Fiquei oito meses fora dos campos. Quando fiquei curado decidi ir jogar pelo Nova Aliança de Maputo. Estava lá o Mesquita…

Sim, sim. Grande equipa a vossa.

Mesquita, Ribeiro, William, Cabral (falecido), Luís Matubuncho, Mandoviana, Natalino. As equipas da baixa passavam muito mal quando jogavam com o Nova Aliança. Que o diga o Sporting, de Teixeira, Joaquim, Américo, etc, etc. Agora, se pude voltar a jogar futebol devo em muito ao bom coração do Altenor Pereira. Quando me lesionei ia-me buscar à casa no bairro Indígena, de carro pessoal, para me acompanhar ao Hospital Central de Maputo para fazer fisioterapia. Foi a única pessoa que se preocupou comigo.

 E…

Foi jogando pelo Nova Aliança de Maputo que alguém me encorajou a frequentar o curso de Educação Física e Desportos no então Instituto Nacional de Educação Física (hoje Faculdade de Ciências Desportivas da Universidade Pedagógica). Concluí com êxito e fui afecto a Maxixe, província de Inhambane, como professor de Educação Física. Tinha intenção de, para além de dar aulas, jogar pelo Nova Aliança da Maxixe. Não foi possível porque recebi uma nota para voltar a Maputo onde tive uma reunião com José Júlio de Andrade, então Secretário de Estado de Educação Física e Desportos, e afectou-me em Nampula para dar aulas. Foi assim que fui parar a Nampula onde joguei no Sporting local, antes de me mudar para o Benfica.

Não joguei contra Malawi

Existe uma palavra em ronga para o qual não encontramos uma equivalente em português: mawupe (qualquer coisa como aquele jogador que fica lá à frente sozinho só para marcar golos). Confrontamos Aniceto com essa afirmação. Não gaguejou na resposta.

Algumas pessoas que o viram jogar dizem que era mawupeiro.

O que se pede a um ponta-de-lança é que marque golos. Fiz muitos. Não precisava e nem tinha de me preocupar em jogar bonito. Disse várias vezes que podiam me chamar burro, podiam dizer que não sabia fintar, que não transpirava no campo, que isso não me aquecia nem arrefecia. O que algumas pessoas não viam ou não queriam ver é que desde o guarda-redes, passando pelos defesas e médios, todos queriam me endossar a bola para fazer golos. E essa era a minha dedicação nos treinos. Nas equipas onde joguei tive meio-campistas de imenso talento, como Caldeira, Nito, Sergito, Ramos (Costa do Sol), Chababe (na selecção), Manuel, que me serviam a bola com mestria. Agora, por que é que tinha de me preocupar em jogar bonito? Eu era inteligente a jogar à bola. Alguns defesas batiam-me. Outros insultavam-me. Eu limitava-me a cumprir com a minha missão. Pena que no meu tempo não havia vídeo. Os mais novos haviam de ver.

Vi o último jogo dos Mambas contra o Sudão. Fiquei desiludido. Aquele é o tipo de jogo que devíamos ter ganho por mais de vinte golos. Vi um avançado que não tinha nenhuma posição no campo. Não sabia se chutava com o pé direito ou esquerdo. No início do jogo houve uma chuva de cruzamentos desperdiçados quando bastava só encostar a cabeça e fazer golos. Não sei se é falta de treinos…palavra de honra que não sei mesmo.

Selecção Nacional de futebol?

O meu último jogo foi contra a selecção das Seycheles, em 1986. Não joguei contra o Malawi, apesar de ter sido convocado, porque já tinha emigrado (jogo que qualificou Moçambique para o 1º CAN, em 1986).

Era oportunista nato

e jogava de cabeça erguida

 -Gil Guiamba, amigo de infância e ex-colega no Nova Aliança de Maputo e Costa do Sol

“Aniceto era um goleador nato. Homem de área por excelência. Um verdadeiro oportunista. Tinha a particularidade de jogar sempre de cabeça erguida, o que lhe permitia fazer uma leitura do posicionamento dos defesas e movimentar-se para o sítio onde a bola ia cair para aproveitar as deixas. Ele jogava em espaços muito curtos. Fazia piques de pouco menos de cinco metros e surgia isolado diante do guarda-redes. Diferentemente de muitos pontas-de-lança, que chutam com muita força, mas com colocação difícil, Aniceto rematava com muita boa colocação numa nesga de terreno. Embora fosse lento ao se movimentar, compensava tudo isso com a rapidez na execução do movimento que pretendia, quer com o pé quer com a cabeça. Como homem, era uma pessoa afável. Tomava o seu copito e nada mais. Era muito humilde.

 Onde houvesse uma peladinha, lá estava o Aniceto. Ele amava a modalidade, de tal sorte que chegou a pular o arame farpado para a África do Sul com o objectivo de jogar futebol num nível superior ao nosso; naquelas fugas, contrariamente ao que muitos julgavam, não havia nada de política. O objectivo era puramente desportivo.”

Tinha faro para golo

– Prof. Abdul Abdulá

Quem visse o Aniceto marcar golos ficava com a falsa sensação de que qualquer um de nós podia entrar para o rectângulo e imita-lo com facilidade. Nada mais falso. Ele tinha faro para o golo. Era exímio a posicionar-se, quer na grande e/ou pequena área, o que lhe permitia ler e executar com facilidade o que pensara quando a bola lhe chegava aos pés. Ele teve também a felicidade de se forjar na Académica, que foi uma belíssima escola de jogadores.

texto de André Matola

fotos de Carlos Uqueio

 

 

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1 comment

https://undress.vip/ 16 de Janeiro, 2024 - 22:52

Fantastic blog post.Much thanks again. Really Cool.

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