Chefes de Estado e de Governo dos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) reuniram-se ontem em Maputo em cimeira extraordinária para busca de soluções aos
problemas prevalecentes na República do Zimbabwe, República Democrática do Congo (RDC) e Madagáscar.
O encontro de Maputo surgiu na sequência da recomendação feita na última cimeira da organização havida em Maio último, em Adis-Abeba, Etiópia, que apreciou os últimos acontecimentos políticos nos países acima referidos.
Em relação ao Zimbabwe, o problema gravita em torno das eleições legislativas e presidenciais agendadas para 31 de Julho próximo, onde mantém-se o diferendo entre o Presidente Robert Mugabe e o primeiro-ministro, Morgan Tsvangirai.
Segundo o acordo de partilha do poder, assinado no final de 2008, entre Mugabe e Tsvangirai, o Presidente da República deve consultar o Primeiro-Ministro para a marcação da data das eleições, o que neste caso não aconteceu.
Na República do Madagáscar, o imbróglio também relaciona-se ao escrutínio agendado para 23 de Agosto, em que os três contendores, nomeadamente, o actual presidente, Andry Rajoelina, o deposto, Marc Ravalomana e Didier Ratsiraka insistem em concorrer, contrariando a posição da SADC.
Já na República Democrática do Congo (RDC), o problema prende-se com a situação frágil e de instabilidade que este país atravessa, após a insurreição do Movimento de Março (M23) que tenta a todo o custo derrubar o governo de Joseph Kabila.
Intervindo na sessão de abertura, o Presidente em exercício da SADC, Armando Emílio Guebuza, afirmou que a solução dos problemas persistentes naqueles países requer uma intervenção conjunta na busca de esforços para ultrapassar as diferenças.
“Como países da região, primámos sempre pela partilha de desafios e busca de soluções pacíficas, princípios basilares que estruturam os ideais para a paz e segurança .”,disse Armando Guebuza, sublinhando que cada um dos países deve desenvolver esforços para uma integração efectiva na SADC e ao nível do continente africano.
Sublinhou que todas as acções dos dirigentes devem basear-se em princípios democráticos para o sucesso da organização regional, por um lado, e do continente ,por outro, tudo na busca de soluções douradoras para a solução dos problemas que afectam a maioria dos povos da região.
O estadista moçambicano referiu que a 27 do corrente mês, Maputo acolherá a reunião de desenvolvimento de infra-estruturas, um encontro que se pretende que venha acelerar a integração regional.
Guebuza não se esqueceu do estado de saúde do líder histórico do Congresso Nacional Africano (ANC) tendo endereçado votos de rápidas melhoras. “Juntamo-nos nesta cimeira aos sul-africanos para reiterar a nossa expressão e cometimento de rápidas melhoras a Nelson Mandela, o ícone da luta contra o Apartheid”.
Participaram nesta cimeira, os presidentes da África do Sul, Zimbabwe, Namíbia, Botswana e República Democrática do Congo, respectivamente, Jacob Zuma, Robert Mugabe, Hifikepunye Pohamba, Ian Khama e Joseph Kabila.
Os outros países estiveram representados pelos seus vice-presidentes e ou ministros. São os casos de Angola, Zâmbia, Suazilândia, Tanzânia, Lesotho, Malawi, Seicheles e Maurícias. Madagáscar não esteve representado, por estar suspenso da organização.
O líder do Movimento para a Mudança Democrática (MDC) do Zimbabwe, Morgan Tsangrai, também esteve presente acompanhado de alguns dirigentes do seu movimento, nomeadamente, Tendai Bifi e Elton Mangana.
Domingos Nhaúle
Fotos de Alfredo Mueche