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Vem aí uma revolução nos transportes

Por admin

Quem viu as imagens na apresentação do novo plano para a área dos transportes, à partida pôde considerar que se tratava de uma utopia. Trata-se de um sistema de serviço que não é comum

 entre nós, que nos chega apenas através de imagens televisivas. As estruturas municipais da capital acabam de receber um plano concreto, ambicioso e inovador, mas capaz de revolucionar o sistema de transportes. Toda a Área Metropolitana de Maputo pode sair a ganhar.domingo conta o que está previstono plano.

 

O Conselho Municipal de Maputo apresentou na passada quarta-feira o novo Plano Director de Mobilidade e Transportes, encomendado no início do ano passado, contando com o apoio do governo do Japão, cuja implementação se estenderá no horizonte 2013-2035.

O novo plano está dividido em quatro grandes linhas de orientação, destacando-se entre elas a do desenvolvimento do sector dos transportes na Área Metropolitana de Maputo, que inclui duas linhas para o metro de superfície, designadamente Maputo-Matola-Boane e Maputo-Marracuene.

A principal novidade que consta do novo plano tem a ver com a criação de um corredor exclusivo de transporte, designado BRT, destinado única e exclusivamente ao transporte público e será vedado a viaturas particulares.

As extremidades do corredor serão limitadas por separadores para impedir que qualquer viatura particular possa invadir a área, estando previsto que o controlo de todo o percurso seja feito através de câmaras de vigilância.

Funcionando nos mesmos moldes que opera o metro de superfície em muitas cidades que possuem este serviço, o autocarro terá tempos definidos de uma paragem para a outra, cujo movimento depende da equipa que faz o controlo a partir da central de gestão de tráfego.

As outras duas linhas de orientação que constam no plano têm a ver, uma delas, com o desenvolvimento de estradas no território municipal e, a outra, com a gestão do tráfego em todas as artérias da autarquia de Maputo.

No que ao desenvolvimento de estradas diz respeito, está concebido o alargamento de muitas das vias da nossa cidade, enquanto no que respeita à gestão do tráfego, está prevista a instalação de um sistema de controlo dos semáforos, a partir de uma central, para regular o trânsito e evitar congestionamentos nos cruzamentos.

De salientar que o estudo de viabilidade para o estabelecimento de um sistema moderno de gestão de trânsito, orçado em 57 milhões de dólares, ora aprovado pelo financiador, tem os seus trâmites legais em curso para a sua disponibilização.

No que tange ao projecto da instalação do corredor exclusivo de transporte, numa extensão de 30 quilómetros de estrada, está prevista a aquisição de autocarros com bilheteira electrónica acoplada, assim como nas paragens e terminais, cujo orçamento situa-se em 180 milhões de dólares.

CORREDOR ESPECÍFICO

Um total de 72 autocarros articulados, com o apoio já assegurado por parte do governo brasileiro, deverão ser colocados a funcionar na primeira linha do corredor exclusivo de transporte rodoviário que vai ser criada.

Tal como soubemos, numa primeira fase, deverá ser colocada em operação a linha Baixa-Magoanine-Grande Maputo-Vila Olímpica, compreendendo um total de 32 quilómetros. Uma outra linha de alimentação deverá ser criada a partir da zona do “Museu”, em Maputo.

O corredor BRT deverá ser fixado no eixo das vias, o que implicará a remoção dos passeios centrais, sobretudo no troço que liga à baixa da cidade e a Praça dos Combatentes, vulgo “Xiquelene”. No que diz respeito à Avenida Eduardo Mondlane, para o caso da linha que irá funcionar a partir do “Museu”, será usada a faixa central daquela via principal de Maputo.

Desde “Xiquelene” até à Praça da Juventude, o projecto da criação do corredor BRT vai ganhar consistência, com a previsão para breve do arranque da segunda fase de reabilitação da Avenida Julius Nyerere, o qual compreenderá a ampliação da mesma via.

De acordo com o vereador dos Transportes e Trânsito, João Matlhombe, a tarifa a ser praticada não deverá ser diferente daquela que vem sendo observada ao nível dos serviços públicos nas cidades de Maputo e da Matola.

O que está estabelecido no plano é que as linhas para Boane e Marracuene funcionarão de uma forma intermodal, complementando-se entre o serviço rodoviário de transporte e metro de superfície. A título de exemplo, quem sair da baixa de autocarro com destino à Boane, na zona intermédia terá de apanhar o metro para completar a viagem.

Para o metro de superfície, está previsto a construção de linhas férreas específicas que não interfiram no serviço normal da empresa Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM).

Quanto aos “chapas”, este tipo de serviço irá resumir-se como alimentadores das paragens e das estações que serão instaladas ao longo das linhas de transporte, no âmbito do plano director que temos vindo a fazer referência.

No que diz respeito às linhas de metro de superfície entre Maputo e Boane, com uma extensão de 35 quilómetros, deverão ser criadas áreas alimentadoras na Machava, Matola-Gare e Boane, cujo custo ainda não foi determinado.

O vereador Matlhombe disse que serão abertos concursos para que os operadores dos transportes semi-colectivos possam se organizar para entrar no negócio de exploração dos serviços baseados no sistema BRT.

Para a exploração do serviço do metro de superfície, soubemos que existem dois potenciais investidores interessados, não tendo ainda sido fechadas as negociações para a sua concretização.

Ao longo deste ano, de acordo com David Simango, presidente do Município de Maputo, algumas acções concretas deverão começar a surgir no terreno, enquadradas no processo da materialização do Plano Director de Mobilidade e Transportes.

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