Os problemas ambientais são o maior perigo que Moçambique enfrenta nos dias de hoje, pelo que há que introduzir novo paradigma na gestão ambiental através da adopção de políticas concretas para a mitigação dos desastres naturais.
Esta advertência vem do líder do Partido Ecologista – Movimento Terra, João Massango entrevistado pelo domingo sobre o que achava do desempenho do governo na gestão do ambiente.
O que acha que o governo faz para a protecção do meio ambiente? Esta é a pergunta que fizemos a João Massango, para percebermos qual é a avaliação que tem no concernente ao desempenho do Executivo em matérias de gestão ambiental.
“Ainda estamos longe de responder àquilo que são os reais problemas do ambiente. Há que encontrar novo paradigma para a gestão das mudanças climáticas e explorar as boas ideias neste sector vital para o equilíbrio ecológico”,disse o líder dos ecologistas.
Segundo afirmou, caso não sejam tomadas medidas urgentes, o país poderá enfrentar um desastre ecológico sem precedentes e a seca que se regista na zona Sul e as cheias no Norte são o prenúncio de que é preciso agir oportunamente em defesa do meio ambiente.
Entretanto, Massango que se auto proclama político ambientalista reconhece que algo está sendo feito pelas autoridades governamentais no sentido de resgatar o equilíbrio ecológico que recentemente esteve ameaçado.
Entre várias ameaças apontou para as queimadas descontroladas, abate indiscriminado das árvores e de algumas espécies de fauna bravia tais como rinocerontes e elefantes bem como das tartarugas marinhas.
Sublinhou que controlados os fenómenos referidos acima o passo seguinte passa por elaborar um programa específico de gestão e protecção ambiental, sobretudo no concernente à gestão dos chamados eventos extremos como são a seca no Sul e as cheias na região Norte do país.
Para ele, se Moçambique não tomar as rédeas nos próximos anos poderá enfrentar uma guerra com países vizinhos devido a escassez da água nos rios nacionais e frisou que tal ensaio já veio a partir do vizinho Malawi quando tentou navegar a força o rio Chire, um dos afluentes do rio Zambeze.
No seu entender, os problemas ciclicos da gestão das águas que inundam anualmente a região de Chókwé, na província de Gaza não teriam lugar se o Governo construísse a barragem de Mapai e outros diques de protecção ao longo do rio Limpopo.
“O Governo não está atento aos perigos que constituem as mudanças climáticas, pois, o quadro geral não é saudável. Há que mudar o paradigma das políticas ambientais e a Conferencia Mundial sobre o Clima, que teve lugar ano passado em Paris, deu amostras de que havendo vontade política é possível mudar, até porque a nossa legislação é eficiente, pecando na sua aplicação, sobretudo, na responsabilização dos infractores”,disse João Massango para quem há que sancionar os criminosos ambientais.
Na ocasião, aquele dirigente político afirmou que a sua organização vai lançar dentro de três meses um movimento tendo em vista a protecção do ambiente que entre outros aspectos vai se cingir à educação das comunidades.
“Não pretendo tirar mérito ao Ministro da Terra e Ambiente, pois ele tem o projecto MOZEBIO que visa reduzir os desastres ecológicos. Uma coisa é certa, há que educar as comunidades para se adaptar na mitigação das mudanças climáticas tal como o caso da seca e cheias”,observou sublinhando que países como Índia e Vietname têm uma larga experiência que pode ser útil para Moçambique.
Acrescentou que se o Governo quiser resgatar alguma dignidade em matérias de gestão ambiental pode recuperar a iniciativa presidencial de Armando Guebuza: Um líder uma floresta, um aluno uma planta, mas aproveitando os aspectos positivos.
“O Governo não fez nada de vulto desde as cheias de 1953 ou se quisermos de 1977 até a última registada em 2013. Se tivessem construído barragens ou diques nas zonas propensas as inundações não teríamos os estragos que se registam um pouco pelo país”,disse Massango acrescentando que o conflito Governo – Renamo, não constitui grande perigo se comparado com os desastres ecológicos.
Ainda segundo o nosso entrevistado há que potenciar a formação nas universidades em matérias ambientais para que os formandos tenham paixão e se dediquem à preservação do ambiente sob o risco de o país desaparecer do mapa.
Num outro momento, Massango apontou os Conselhos Municipais de Maputo, Chibuto, Nacala Porto, entre outros, como os grandes violadores da legislação ambiental, sendo resultado disso a erosão acentuada que se regista nesses territórios autárquicos.