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Trocas comerciais vão atingir 500 milhões de dólares até 2020

Por admin

Moçambique e a República do Vietname perspectivam atingir um volume de negócios na ordem de 500 milhões de dólares nos próximos quatro anos. O desejo foi manifestado última sexta-feira em Maputo no final das conversações havidas entre o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi e o seu homólogo vietnamita, Truong Tan Sang, que deixa hoje o nosso país com destino à Tanzania no prosseguimento do seu périplo pelo continente africano.

As relações diplomáticas
entre Moçambique e
Vietname vão completar
em Junho próximo
41 anos, motivo mais
do que suficiente para o seu
incremento tendo em vista à
satisfação das necessidades de
ambos os povos.Para que isso aconteça já
foram identificados os sectores
para a cooperação a vários domínios
do desenvolvimento socioeconómico,
com enfoque para
a disseminação de tecnologias
agrícolas, transporte e telecomunicações.
Aliás, por o Vietname ser um
país com larga experiência na investigação
agrícola ficou patente
o desejo de aquele país asiático
transferir a sua experiência de
produção para o nosso país.
Assim sendo, nos próximos
dias serão criadas as comissões
de trabalho para a definição dos
aspectos específicos a serem
explorados, sendo que na agricultura
a prioridade é para a definição
do tipo de culturas, com
prioridade para as do ciclo curto.
É que sendo o nosso país deficitário
na produção de alimentos,
há que explorar outras experiências
de países que já têm
conhecimentos consolidados
para que Moçambique supere o
défice alimentar.
Uma outra área a ser explorada
é a do transporte de cabotagem
e aqui os dois países
estão a trabalhar na definição
das modalidades de cooperação
e a esse respeito, o Ministro dos
Transportes e Comunicações,
Carlos Mesquita, afirmou que
Moçambique está na fase de elaboração
de um quadro específico
para esse fim para se evitar os
erros do passado.
Segundo explicou, tal implica
a elaboração de um quadro específico
institucional que inclui
a parte jurídico-legal e algumas
reformas aduaneiras, sobretudo
sob o ponto de vista de procedimentos
para que a actividade
de cabotagem seja atractiva,
particularmente para o sector
privado.
Refira-se que Vietname tem
larga experiência na área da
marinha mercantil, naval e no
transporte de cabotagem, razão
pela qual Moçambique pretende
definir sinergias para o alavancar
do transporte marítimo.
Por seu turno, Rogério Manuel,
presidente da Confederação
Económica de Moçambique,
afirmou que o empresariado
nacional aguarda com enorme
expectativa a aprovação da legislação
pertinente para entrar
no negócio.
“Neste momento estamos
a negociar com o governo a
viabilidade do transporte de
cabotagem e neste momento a
preocupação está relacionada
com a legislação, razão pela
qual estamos a discutir alguns
condicionalismos que não encorajam
o investimento neste
sector, como, por exemplo, as
taxas que não eram sustentáveis
porque não havia diferenciação
entre cabotagem nacional
e internacional, assim
como o próprio licenciamento”,
disse Rogério Manuel.

PRIVILEGIAR
COOPERAÇÃO WIN- WIN

 

Tendo em vista ao relançamento
da cooperação económica
com vantagens mútuas e discursando
no banquete oferecido ao
seu homólogo vietnamita, Filipe
Nyusi frisou que os resultados
alcançados pelo Vietname nas
áreas de tecnologias de informação,
comunicação e no sector
agrícola, entre outros, inspiram
o nosso país a seguir-lhe as peugadas.
“Os vossos resultados inspiram-
nos a trabalhar para o
desenvolvimento social, económico
e científico do nosso
país. Por isso tomámos a vossa
visita como uma oportunidade
para aprender e colher
experiências do vosso país”,
disse Filipe Nyusi, acrescentando
que a experiência daquele
país asiático é relevante nas
áreas de agricultura, segurança
alimentar, indústria e comércio,
pescas com destaque para a
aquacultura, educação, saúde,
transporte marítimo, entre outras
áreas.
Sublinhou que para o alcance
desse desiderato é necessário
capitalizar o envolvimento das
comunidades de ambos os países
para que não sejam apenas
objecto ou meros espectadores.
“As opções de desenvolvimento
que ambos escolhemos
só podem lograr o sucesso
desejado se o sector empresarial,
seja ele público ou privado,
dos nossos dois países
assumir um papel de relevo”,
disse Nyusi.
Num breve olhar sobre a situação
política do país, o Chefe do
Estado afirmou que Moçambique
sempre amou a paz e sempre
lutou pela estabilidade e que serege pelas regras de democracia,
com rigor, no espírito e na letra.
“Moçambique é um país
com tradições de tolerância
e reconciliação. Apesar de actos
localizados e identificados
protagonizados pela Renamo,
o Governo tem tudo feito para
garantir a estabilidade e assegurar
o desenvolvimento deste
país”, garantiu Filipe Nyusi
agradecendo a solidariedade do
povo vietnamita para com o moçambicano
em vários momentos
como, por exemplo, em caso das
calamidades naturais.
Por sua vez, Truong Tan Sang
afirmou que apesar da distância
que geograficamente separa os
dois países, os laços de amizade
que duram desde o dia 25 de Junho
com a independência de Moçambique
estão cada vez mais a
ganhar passos galopantes.Truong Tan Sang mostrou-se
impressionado com os avanços
alcançados pelo nosso país em
diversos domínios após a independência
tendo reafirmado o
comprometimento do seu país
em continuar a apoiar os esforços
em curso para um desenvolvimento
sustentável.
Nessa ordem de ideias, o estadista
vietnamita garantiu que o
seu país vai fazer de tudo ao seu
alcance para o incremento das
trocas comerciais tendo como
horizonte o alcance de um volume
de negócios na ordem de 500
milhões de dólares até ao ano de
2020.
Para que tal aconteça, Truong
Tan Sang indicou que várias
equipas de trabalho envolvendo
técnicos e empresários de ambos
países serão constituídos no
sentido de definir as áreas prioritárias
a atacar.
Entre essas aéreas, apontou
os sectores de agricultura,
tecnologias de informação e
comunicação, transporte marítimo,
educação, saúde, defesa
e segurança como sendo as que
merecem mais atenção.
“Para o efeito, brevemente
serão mantidos encontros regulares
das comissões de trabalho
para discutir aspectos
específicos e as medidas que
devem ser tomadas para alavancar
a cooperação e os investimentos”,
disse Truong Tan
Sang mostrando-se satisfeito
com os resultados da MOVITEL,
empresa de telefonia móvel com
a comparticipação vietnamita.
Do vasto leque do programa
da visita do estadista vietnamita
a Moçambique destaque foi para
as conversações com Filipe Nyusi
que culminaram com a assinatura
de uma Adenda ao Protocolo
da Educação, rubricado pelos
ministros da educação daquele
país, Pham Vu Luan e Oldemiro
Baloi, Ministro moçambicano
dos Negócios Estrangeiros e Cooperação.
Ontem o presidente do Vietname
manteve um encontro de
cortesia com a presidente da
Assembleia da República, Verónica
Macamo Dlhovo para além
de depositar uma coroa de flores
no Monumento aos Heróis
Moçambicanos e participar no
Fórum de Negócios Moçambique
– Vietname.
Ainda ontem, Truong Tan
Sang depositou outra coroa de
flores no cruzamento entre as
avenidas Ho Chi Min e Olof Palm.Ho Chi Min foi Presidente do
Vietname. O primeiro Presidente
moçambicano, Samora Machel,
decidiu dar o nome Ho Chi Min
àquela avenida em 1977.

RELAÇÕES ECONÓMICAS
A BOM RITMO

Actualmente, o Vietname desenvolve
projectos em vários domínios
de desenvolvimento socioeconómico
em Moçambique,
com particular enfoque para a
agricultura, aquacultura, telecomunicações
e comércio bilateral.
Relativamente às trocas
comerciais, em 2014, Moçambique
exportou para o Vietname o
equivalente a 18.4 milhões norte-
americanos, contra 124.6 milhões
de importações. Em 2015,
a balança comercial entre o Vietname
e Moçambique atingiu os
66,1 milhões de dólares (cerca
de 59,9 milhões de euros), dos
quais 59,6 milhões de dólares
(cerca de 54 milhões de euros)
são oriundas das exportações do
Vietname.
No concernente às empresas,
o grupo Viettel e a Hapro
(Hanói Trade Corporation) estão
a investir em Moçambique nas
áreas das telecomunicações e do
comércio.
Ao longo dos últimos anos,
os dois países têm realizado
vários projectos de cooperação
nos sectores da agricultura e das
pescas, bem como têm firmado
vários acordos de cooperação,
como foi o caso, em 2003, de um
acordo quadro de cooperação
económica, cultural, científica e
tecnológica.
No ano de 2007, Hanói e
Maputo também assinaram um
acordo para o incentivo e protecção
do investimento. Em 2014,
os dois governos alcançaram
um acordo na área da investigação
das culturas alimentares em
Moçambique para o quadriénio
2013-2017.
De referir que Hanói e Maputo
estabeleceram relações diplomáticas
em Junho de 1975 e têm
mantido uma estreita ligação.
Em 2008, o secretário-geral do
Partido Comunista vietnamita,
Nong Duc Manh, visitou Moçambique,
e, dois anos mais tarde,
foi a vez do então primeiro-
-ministro moçambicano Aires Ali
deslocar-se ao Vietname.
Nesta visita, o Presidente
Truong Tan Sang fez-se acompanhar
pela esposa, Mai Thi Hanh;
pelos Ministros, Nguyen Quan,
da Ciência e Tecnologia; Pham Vu
Luan, da Educação e Formação;
Nguyen Bac Son, das Informações
e Telecomunicações e cinco
vice – Ministros.

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