Esgotados os argumentos jurídico-políticos para acomodação do seu interesse de governar as seis províncias que alega ter ganho nas eleições gerais de Outubro de 2014 e que proclamaram o presidente da República e constituíram o parlamento de que ela faz parte, a Renamo retomou há duas semanas os ataques armados a pessoas civis e objectivos socioeconómicos, a partir do eixo Muxúngue/Maríngue, província de Sofala.
As viaturas que pretendam ligar o país de norte a sul, vice-versa, voltaram a ser escoltadas pelas Forças de Defesa e Segurança.
Há confirmação de meia dúzia de mortos e vários feridos ora em tratamentos em estabelecimentos hospitalares da região, em consequência dos ataques que tiveram lugar nestas duas semanas, tendo sido atingidas perto de uma dúzia de viaturas, entre as quais uma pertencente à Saúde, que transportava medicamentos para a província nortenha de Nampula.
Afonso Dhlakama, líder da Renamo, falando para uma imprensa seleccionada, confirmou que os ataques são da autoria dos seus homens, alegadamente porque “eles têm feito isso quando pressentem uma acção contra si, partindo das forças de defesa e segurança”, sem no entanto explicar a relação existente entre os objectivos civis e a pretensa autodefesa dos homens que ainda os mantem armados.
Na mesma entrevista, que teve lugar na quinta-feira passada, nas matas de Gorongosa, Dhlakama voltou ao falar do seu plano de governação das referidas seis províncias ao mesmo tempo que se afirma disponível ao diálogo com o presidente da República, Filipe Nyusi, condionando-o porém, mais uma vez, à garantia da sua segurança e à necessidade de mediadores estrangeiros.
Dlhakama insistiu que convidou para mediador o presidente Jacob Zuma, da Africa do Sul, apesar de a ministra dos Negócios Estrangeiros daquele país vizinho, Maite Mashabane, ter negado, ainda naquela semana, a recepção de um tal pedido.
Maite Mashabane, que se encontrava em Maputo, disse, nomeadamente que o que o seu país sabe é que em Moçambique há um governo constitucionalmente eleito e que há membros da
oposição no Parlamento.
“ Quando um membro do Parlamento convida o governo sul-africano para mediar uma matéria interna, obviamente que nós, primeiramente, temos que ouvir o governo. Na verdade, não recebemos nenhum convite, nem da Renamo, nem do governo moçambicano” disse a governante sulafricana.
Quatro dias depois do pronunciamento da titular da pasta dos Negócios Estrangeiros sul-africana, a representação citadina da Renamo, em Maputo, através do seu porta-voz, António Muchanga, apresentou aquilo que disse ser o documento enviado às autoridades do país vizinho, rebatendo deste modo a ideia de que pelo menos houve algum contacto