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Concorreu para as últimas eleições gerais e legislativas. Chamase Movimento Patriótico para Democracia (MPD), que não obteve, segundo o seu presidente, resultado satisfatório. Nem do ponto de vista estatístico ou percentual pôde dizer algo. Mas o partido pretende ainda continuar a lutar. Desde já, entende que há pouca dose de patriotismo na maior parte das posições dos partidos fora do Governo.
O Movimento Patriótico
para a Democracia,
cujo presidente
é Matias Banze, nem
sequer sabe quantos
votos obteve, pois continuam
“no segredo da CNE, que só
divulgou os referentes àqueles
partidos que têm assento
parlamentar”, sendo que, para
além dos resultados tornados
públicos pelos órgãos de comunicação
social, nenhuma outra
informação obteve.
Neste momento o partido,
segundo o seu presidente, está
a mudar de estratégia que vá
para além do trabalho em preparação de um pleito eleitoral.
O MPD está a fiscalizar, apesar
de não estar representada na
Assembleia da República, a acção
do Governo, sobretudo a
maneira como está a ser cumprido
o Plano Quinquenal do
Governo.
Para tanto, segundo a fonte,
serão visitados distritos e províncias
para ir monitorando o
Plano Económico e Social, na
mesma altura em que se reactivará
o trabalho com as bases,
com os olhos postos para a
próxima temporada político-
-eleitoral.
Tinha uma sede na rua da
Mesquita, cidade de Maputo,
mas problemas de ordem financeira
fizeram com que o
senhorio virasse as costas ao
partido. Actualmente situa-se
na zona da Matola, onde funciona
num lugar cedido por um
bem-intencionado. Entretanto,
Matias Banze jura:“Não queremos fazer parte
do grupo de partidos que a sociedade
diz que se hibernam e
só acordam quando as eleições
se aproximam, apesar das dificuldades
de vária ordem que
temos, principalmente de cariz
financeiro. Na semana antepassada
estivemos a fazer uma
visita de monitoria à província
de Maputo para vermos in loco
o nível de estiagem”.
A delegação do MPD, segundo
o seu dirigente, a este
propósito, esteve em Massaca,
Mahubo, até a zona fronteiriça
de Matutuíne, bem como algumas
regiões do distrito da Namaacha,
onde a fonte diz viver-
-se uma situação crítica de falta
de água.
“Sabemos que em Gaza e
Inhambane é mesma coisa,
era só para começar. Em Tete
temos lá nossa gente a fazer o
mesmo trabalho”, acrescentou
Matias Banze.
Apertar o cinto patrioticamente
Matias Banze, convidado pela nossa
Reportagem a comentar a actual situação
do nosso país, na sua qualidade de cidadão
nacional e político da oposição, disse:
“Ao nível económico, todos estamos a
ver a subida galopante do dólar, que tem
levado a carestia de vida dos moçambicanos,
é extremamente difícil, mas apelo que
façamos sacríficos porque tal não depende
somente de nós. Mais uma vez somos
chamados a apertar o cinto, mas de forma
patriótica”.
Quanto à situação polÍtica, o nosso
interlocutor entende que precisamos de
nos sentar como moçambicanos, mas partindo
do princípio e conscientes de que a
Renamo tem culpas bastantes pela prevalência
deste estado de coisas.
“Tem de estar claro que a Renamo está
a perder oportunidades atrás de oportunidades
de se integrar na sociedade e
trabalhar honestamente com o povo. Nós
não podemos permitir-nos ao luxo de estar
sempre em confrontos descabidos por
caprichos de um grupo de pessoas que
sempre se quer excluir da maioria”, disse
Matias Banze.
Para ilustrar com factos que considera
entendíveis, o entrevistado dá o seguinte
exemplo: Se o senhor casa com uma
mulher e descobre que ela lhe traiu ou
trai, no entanto perdoa, mesmo assim
tem com a mesma mulher filhos que
estão crescendo e, passados 20 anos,
acha razoável que se levante o problema
de possível traição da qual pretensamente
tenham nascido e crescido os
filhos?
Para o presidente do MPD, os dirigentes
da Renamo carecem de cultura e de
Estado, devem reconhecer o que há 20
anos aceitaram como normal para o país
seguir em frente. O desaparecimento de
Afonso Dhlakama, para a fonte, implica retrocesso
da nossa democracia, para quem
o líder da Renamo não devia ter a cultura
de viver no mato, pois seria razoável que
estivesse no grupo de pessoas normais.
Matias Banze diz que nos tempos que
correm está claro que é o combate à
pobreza a tarefa primordial dos moçambicanos,
pelo que será herói aquele
que se der bem nessa batalha, não
é tempo em que herói era aquele que
melhor sabia organizar batalhas militares
ou de guerrilha.
Não gostamos da forma como se fala da EMATUM
Matias Banze diz ser pena
que o MPD não tenha, por enquanto,
grande expressão, mas
afiança que os partidos representados
no Parlamento têm
usado o tempo que lhes é de
direito até para “complicar” as
coisas.
“Por exemplo, eu vejo que
a questão da EMATUM está a
ser exageradamente politizada.
Não entendo que seja altura
de avaliar a empresa, pois que
ainda não começou a trabalhar.
Talvez daqui a dois ou três anos
podemos perguntar aos mentores
do projecto para saber dos
resultados”.
Hoje, segundo o nosso entrevistado,
há muitas vozes
a criticar projectos ainda não
concluídos, ora dizem que a
EMATUM é um falhanço desde
logo ou que a ponte para Catembe
não era necessária…
“A gente interroga-se, mas
afinal o que queremos? Qual é
o país do mundo que se desenvolve
sem infra-estruturas, sendo
do Terceiro Mundo, como
Moçambique se vai desenvolver
sem se endividar. Na minha
opinião, foi o melhor caminho
encontrado pelo anterior Governo
para começarmos a ter
estradas e pontes relativamente
consistentes e lutarmos pela
gestão e manutenção.”
O Movimento Patriótico
para a Democracia não vê alarme
no “caso EMATUM”, alegadamente
porque ainda nem
sequer começou a trabalhar e
pelo que sabe os barcos ainda
não apodreceram. A posição
do MPD é que deixemos o
Governo trabalhar depois
pedimos contas.
Fardo da herança encontrada dita desempenho de Nyusi
Na opinião do presidente do MPD, a
governação do actual Chefe do Estado não
pode ser vista de forma precipitada, porque
na avaliação que se faz no seu partido, não
houve tempo nem espaço de o fazer de forma
desapaixonada.
É impossível, de facto, fazer uma
avaliação a Nyusi, se quisermos ser
honestos. Ele herdou problemas que
a qualquer humano seria difícil de
ultrapassar, principalmente contando com
esse empecilho chamado Dhlakama.
Na verdade, diz, Banze, ele está a tentar
trazer e manter a calma necessária
aos moçambicanos, não só está a prosseguir
os projectos deixados, como
traz novos e uma nova forma de estar
na governação. Há que ressaltar o seu
espírito aglutinador de todas as forças
disponíveis na nossa sociedade, para
um permanente diálogo, mas que, como
disse, tudo está a ser barrado pela Renamo.
– Nyusi está a trabalhar, é verdade que
é mediante o programa do seu partido e,
quanto a nós, até aqui tudo está bem.