Política

Nyusi pela remoção completa dos obstáculos

Acelerar o passo rumo à igualdade de género e empoderamento da mulher, significa remover todos os obstáculos que impedem o seu desenvolvimento em todas as esferas da sociedade e dar oportunidades iguais àquelas que o homem tem, segundo defendeu o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, por ocasião das celebrações do 7 de Abril, Dia da Mulher Moçambicana.

Filipe Nyusi falava a jornalistas no Monumentos aos Heróis Moçambicanos, em Maputo, quinta-feira última, momentos depois de depositar uma coroa de flores. Na ocasião, felicitou a toda mulher moçambicana do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico pela sua contribuição na pacificação do país.

“Queremos usar este espaço, esta Praça para felicitar a toda mulher moçambicana do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico por aquilo que tem feito na pacificação, na produção e educação. Felicitamos a mulher funcionária, enfermeira, professora, comerciante informal, aquela mulher bancária, aquela mulher que produz, aquela mulher que toma conta de outras crianças que não podem ter o carinho das mães”,disse o Chefe do Estado, manifestando o compromisso do seu Governo em assegurar o bem-estar das mulheres.

Segundo afirmou, o lema escolhido, “Em paz, acelerar o passo rumo à igualdade do género e empoderamento da Mulher”, demonstra claramente a consciência nacional de que a mulher pode fazer tudo o que o homem faz. “Quando abordamos a igualdade do género, queremos dizer exactamente que a mulher precisa de oportunidades iguais às que o homem tem”.

O Chefe de Estado disse ainda que a mulher moçambicana por si só já provou que é uma grande educadora, gestora e que tem muito a dar para o desenvolvimento sócio-económico do país.

“Não há quem não saiba que para podermos saber falar é porque a nossa mãe nos deu a primeira palavra. Para podermos ir à escola, fazer a higiene individual foi a mãe que nos deu os primeiros passos”,disse Nyusi para quem por ser eminentemente gestora, a mulher divide o tempo  para produzir, educar, enfim, é ela que a todo custo procura alimentos para a família. “Já estamos numa fase em que a mulher pode fazer muito mais, pelo que a sociedade tem que explorar esta mulher no sentido de dar-lhe oportunidade para fazer muito mais para o seu próprio país”.

Questionado pelo nosso jornal sobre como acelerar o empoderamento da mulher com a tensão político-militar que se regista no país, Filipe Nyusi referiu-se nos seguintes termos: “não é tensão político-militar. É militar, porque o governo, o Parlamento e os tribunais estão a funcionar”.

E acrescentou: “se olhar bem as mensagens de todas as mães, de todas as raparigas e de toda a sociedade, apelam à paz. Acelerar o passo significa tudo fazer para que nada que bloqueia o desenvolvimento da mulher possa acontecer. Neste caso concreto, queremos que haja tranquilidade”.

Neste contexto, o estadista moçambicano desafia a sociedade a dar espaço para que a mulher desenvolva as suas habilidades no sentido de dar a sua contribuição para o crescimento socioeconómico do país.

“Portanto, o lema escolhido acerta-se plenamente, porque quando dissemos acelerar o passo significa vencer com maior brevidade todos os obstáculos que impedem que a mulher possa continuar a desenvolver-se”,disse Filipe Nyusi.

Num outro desenvolvimento, o Presidente da República falou de entraves que a mulher tem tido para executar cabalmente as suas tarefas, como por exemplo, a falta de água para irrigar os campos agrícolas, entre outras tarefas.

“Temos a estiagem, ou mesmo a seca que dificulta muito para que a água esteja muito próxima de nós. Mas o esforço que está a ser feito é exactamente aumentar o caudal do fornecimento de água. Essa água que tem que estar próxima do consumidor, e estando próximo, aquela pessoa que tem dificuldades de locomoção, como por exemplo, a mulher deficiente, incluindo o homem, terá a possibilidade de fazer menos esforço para conseguir”,afirmou Filipe Nyusi.

Respondendo a uma pergunta sobre o acesso do ensino para os portadores de deficiência, o Chefe de Estado explicou que no seu programa de governação, estão bem claros os esforços que estão a ser feitos no sentido de erguer mais escolas especiais ao longo do país.

“Também estão a ser criadas turmas especiais, dependendo do tamanho, incluindo o Ministério da Mulher, Género, Criança e Acção Social, que o instruímos para dar cuidado especial a esse tipo de cidadãos que precisam de ser mais acarinhados”,disse.

EMANCIPAÇÃO DA MULHER

É UMA REALIDADE

Entretanto, o nosso jornal ouviu algumas mulheres parlamentares incluindo a própria timoneira da Casa do Povo, as quais enaltecem os progressos alcançados em prol do empoderamento da mulher.

Para Verónica Macamo Dlovo, ao celebrar o 7 de Abril, a mulher deve-se reflectir sobre os avanços registados sobretudo no concernente à eliminação de alguns obstáculos e tabus que impediam o seu desenvolvimento.

“Temos vários avanços no campo da emancipação e integração da mulher nos órgãos decisórios e na sociedade. Dizer que fazemos um balanço positivo e sentimo-nos encorajados a continuar porque sentimos efectivamente que a sociedade está a progredir, sobretudo no fundamental que é a cultura porque os tabus ou valores culturais negativos já começam a desaparecer de tal sorte que a relação entre o homem e a mulher mudou”,disse Verónica Macamo.

Segundo ela, nos últimos tempos a sociedade tende a melhorar de tal forma que hoje aceita com muito vigor a emancipação da mulher em várias frentes do desenvolvimento do país. “Sentimos que no campo político houve muita mudança, mas precisamos de fazer mais no capítulo económico que me parece fundamental para secundar as conquistas alcançadas. Também sentimos que as nossas lideranças encorajam a mulher moçambicana, sobretudo, quando falamos da emancipação da mulher. Ela tem que ser ouvida, sobretudo na questão das sucessões, até porque estamos a remover muitos obstáculos que impediam o seu avanço. As gerações vindouras não vão enfrentar muitas dificuldades”, destacou a presidente da Assembleia da República.

DESAFIOS SÃO MAIORES

Por sua vez, Maria Angelina Enoque, deputada da Renamo afirmou que os desafios da mulher ainda são enormes ao mesmo tempo que reconhece haver progressos significativos.

“Os desafios da mulher são maiores. Ela tem que se evidenciar cada vez mais. Hoje está integrada praticamente em todas as esferas da sociedade. Quero começar pelo sector informal em que as mulheres lutam pela sobrevivência da família e para o crescimento da economia do país. Portanto, temos neste sector grande número de mulheres que considero heroínas, pois, desde o nascer até ao pôr-do-sol, elas estão na rua para garantir o seu sustento e das suas famílias,disse Maria Angelina.

Disse que um dos sectores onde a mulher está bem destacada é o próprio Parlamento, apesar de na presente legislatura ter reduzido um pouco a sua participação.

Relativamente à tensão político-militar afirmou que não tem razão de ser, apelando aos políticos a pôr a mão na consciência. “Não há necessidade de haver esta guerra não declarada. Nós falamos do diálogo do dia, enquanto por outro lado e de noite estamos a nos confrontar e a concentrar mais meios bélicos para nos combater ao em vez de nos sentarmos à mesa e discutir as diferenças”, disse.

Entretanto, Angelina Enoque disse não se identificar com o 7 de Abril como Dia da Mulher Moçambicana por, na sua óptica pertencer à Frelimo. “Essa data fazia sentido no tempo do partido único. Hoje já não, porque nem todas as mulheres se encontram, se espelham com essa data. No caso da Renamo, temos a Liga Feminina da Renamo e o MDM tem a sua organização, assim como as outras formações políticas. No caso da Renamo, o dia é 5 de Julho”, referiu.

Antónia Charre, deputada da Frelimo, diz que não obstante os ganhos assinaláveis conquistados pela mulher, ainda persistem dificuldades no que diz respeito ao acesso desta camada social ao ensino, de modo a que tenha emprego e formação garantidos.

“Presentemente temos como grande desafio alfabetizar a mulher, como sabe, ela é a maioria em relação ao homem e tem problemas sérios de escolaridade, embora tenhamos avançado bastante nesse prisma. Também é preciso lutar para que a pobreza não tenha cara feminina, porque se prestarmos a atenção, vamos perceber que é a mulher que assume as rédeas da casa, uma vez estar à frente de todo o processo económico. Portanto, ela procura lutar mais para a melhoria da vida económica familiar e do país”,disse Charre.

Relativamente à tensão politico-militar aquela deputada disse que mais do que sair à rua manifestar, a mulher tem que ser vigilante e denunciar os portadores de armas ilegais. “Porque a mulher é a maioria e a que mais sofre com a guerra. Tem que ser mais vigilante em relação aos cidadãos que andam ilegalmente com as armas, denunciando-os e não se cansar de apelar ao líder da Renamo para aceitar sem pré-condições o convite do Presidente da República para o diálogo”.   

FORMAÇAO CONDIGNA

PARA INSERÇÃO NA SOCIEDADE

Por sua vez, Laurinda Cheia, do grupo parlamentar do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) afirmou que os desafios que a mulher tem pela frente passam em se inserir cada vez mais na sociedade através da sua formação condigna, de modo a ocupar mais cargos de direcção, quer sejam governamentais ou políticos.

“A mulher tem o desafio de educar os seus filhos para trazer um Moçambique diferente. Portanto, sensibilizar a sua família no sentido de termos um país cada vez mais em franco progresso, onde os moçambicanos, apesar de terem ideologias políticas diferentes, possam participar na edificação de um país próspero para todas as camadas sociais”,explicou Laurinda Cheia.

No que diz respeito à tensão politica, aquela deputada disse ser com muita tristeza que assistia o país a destruir-se face à cobardia de algumas lideranças políticas. “Como mulher e mãe, olho para a tensão político- militar com muita tristeza, pois, somos nós as mulheres que geramos os filhos que depois são entregues à sua sorte, uma vez que são usados para esse conflito que não nos vai levar a lado nenhum, a não ser à destruição do tecido económico e social”.

Para ela, é necessário que as partes em conflito deixem de ser orgulhosas e pensar no sofrimento dos moçambicanos. “Estamos perante um conflito em que se houvesse um diálogo entre as partes beligerantes incluindo a sociedade civil e outros partidos políticos já teria sido ultrapassado há bastante tempo, porque os moçambicanos são amantes da paz”.

Domingos Nhaúle
domingos.nhaule@snoticicas.co.mz

One Comment

  1. Good post. I learn something totally new and challenging on sites I stumbleupon every day. It’s always helpful to read articles from other writers and use something from their web sites.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos Relacionados

Botão Voltar ao Topo