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Nyusi inaugura Laboratório de Fertilização de Embriões

Por admin

A inauguração de três infra-estruturas sociais, construídas de raiz, entre elas, o Laboratório de Fertilização In Vitro de embriões em Quelimane, assinala hoje o fim da visita presidencial à província da Zambézia, dominada pela interacção com a população com tónica em matérias ligadas à paz, produção e observância de cuidados higiénicos de modo a evitar a cólera que ciclicamente grassa milhares de zambezianos.

O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, inaugura hoje em Quelimane três empreendimentos importantes que vão conferir uma nova dinâmica na prestação dos serviços públicos. Trata-se dos edifícios onde vão funcionar a Assembleia Provincial e a Procuradoria provincial, e ainda um laboratório moderno destinado à fertilização de embriões para o melhoramento da produção de gado bovino.

O laboratório é o segundo do género em África depois do existente na África do Sul, e é uma iniciativa do sector privado, cujos investimentos são estimados em um milhão de dólares norte-americanos. O objectivo é aumentar a produção da carne bovina, leite, entre outros derivados.

Em teste desde o mês de Fevereiro passado, o laboratório destina-se a produzir embriões de alta qualidade que em seguida serão implantados em mais de cinquenta vacas novilhas importadas da África do Sul.

A produção de um embrião poderá levar cerca de três semanas no laboratório ao que se seguirá o seu implante nas vacas novilhas, processo este a ser liderado por uma equipa constituída por biólogos, agrónomos, veterinários, entre técnicos moçambicanos, brasileiros e de outras nacionalidades previamente formados.

A Zambézia detém uma população bovina estimada em 49 mil cabeças de raça Nguni cuja carcaça é de cerca de 140 quilogramas e com a fertilização in vitro as carcaças poderão atingir 350 a 400 quilos de carne pronta para o consumo.

Aliás, uma cabeça produzida através de um cruzamento entre um macho e uma fêmea pesa cerca de 200 quilos e com a fertilização acredita-se que o peso de um animal poderá atingir mais de 650 quilogramas.

NÃO BASTA A INTEGRAÇÃO

DOS MEDIADORES DO DIÁLOGO

Entretanto, na interacção com a população zambeziana, o Chefe de Estado elegeu três pontos principais, nomeadamente, a paz, produção e cuidados higiénicos para prevenir a cólera.

Os dados estatísticos indicam que só no ano passado a província registou um total de 2298 casos de cólera, com dez óbitos, sendo que neste ano os números apontam para 134 casos e zero óbitos. Nos últimos dias ninguém havia internado nos hospitais devido à chamada doença das mãos sujas.

Mas o que mais mereceu destaque nos vários comícios realizados nos distritos de Mopeia, Luabo, Chinde, Inhassunge e Derre foi a questão da paz em que a população encorajou o Chefe de Estado a não vacilar nos esforços que tem estado a fazer para o restabelecimento da tranquilidade em todo território nacional.

Respondendo a esta e outras inquietações, o Chefe de Estado afirmou que não basta a integração dos mediadores no grupo de trabalho que prepara o encontro com a liderança da Renamo. “Os moçambicanos não se alegram com a integração dos mediadores no diálogo político. É preciso parar com ataques e as matanças”, disse o Presidente da República.

Segundo afirmou, a chegada semana finda no país dos facilitadores do diálogo político é um passo significativo, mas mais importante ainda é parar imediatamente com os ataques que ocorrem na região centro.

Filipe Nyusi apelou, por outro lado, para que a população de Mopeia e da Zambézia, no geral, denuncie aqueles que se escondem e atacam viaturas por se tratar de gente que só retarda o desenvolvimento de toda a província e, consequentemente, de todo Moçambique.

“Em algumas partes de Morrumbala, Mocuba e Mopeia têm ocorrido ataques. Precisamos de ser vigilantes nos locais onde vivemos e denunciar aqueles que se escondem para matar e destruir”, sublinhou Filipe Nyusi. 

O Presidente disse ainda que não obstante os avanços que se registam na luta contra a pobreza e outros obstáculos, é necessário reforçar o sistema de vigilância nos bairros denunciando quaisquer tentativas de manipulação ou agitação da população.

Por sua vez, e como que a corroborar com os apelos do Chefe de Estado, os populares vincaram a necessidade da cessação imediata dos ataques protagonizados pelos homens armados da Renamo.

“Queremos paz porque a nossa vida está ameaçada pela acção dos homens armados da Renamo. Não se explica que ainda haja guerra no país”,disse Miguel Sandramo, que, no comício, leu a mensagem da população de Mopeia.

“Se nos perguntar o que é que queremos agora, responderemos: paz”,disse, por seu turno, Carlitos Mugauanha, para depois acrescentar que “estamos infelizes por não conseguirmos realizar os nossos anseios devido à guerra”. 

Ainda nos comícios, o Presidente Nyusi falou do actual custo de vida no país, apelando para o aumento da produção e da produtividade. “A situação económica não é boa e Mopeia tem água e terra fértil onde se cultiva milho, gergelim, girassol e feijões. Este distrito também cria gado e desenvolve a pesca e a piscicultura. Quem produz tem comida e tem dinheiro para suprir outras necessidades”, indicou Nyusi, vincando que “tudo depende de nós”.

NYUSI REPUDIA ASSASSINATO

DO RÉGULO MUXUMGUE

Durante a sua visita de trabalho à Zambézia, o Chefe de Estado tomou conhecimento do assassinato, na última quinta-feira, na sua residência, do régulo Muxumgue, do posto administrativo de Muxumgue, província de Sofala, tendo condenado veementemente mais este crime.

“Que mal fez o régulo Muxumgue? Não tem arma em casa. Será que a sua morte vai resolver os problemas dessas pessoas que o assassinaram? Já basta de ataques, o povo não quer a repetição dos tristes acontecimentos que levaram 16 anos”, disse o Chefe de Estado.

A propósito deste crime e outros ocorridos em ocasiões anteriores, Filipe Nyusi reafirmou a necessidade de a população  manter vigilância e denunciar a presença de grupos de pessoas que procuram a todo o custo criar instabilidade através de ataques a civis nas estradas e nas suas residências, bem como crimes hediondos, como são os casos de perseguição, raptos e assassino de pessoas albinas.

Dirigindo-se à população de Mopeia, seu ponto de entrada à província da Zambézia, Filipe Nyusi afirmou que era com muita mágoa que recebeu a informação do assassinato de um cidadão que depois lhe extraíram órgãos para fins obscuros.

Tomando o exemplo deste crime macabro, acrescentou que não é verdade que alguém matando uma pessoa podia ficar rico. “A população de Mopeia, da Zambézia e de todo o país deve manter a vigilância e denunciar qualquer tentativa de manipulação. Não perseguir um irmão, matá-lo e depois extrair os seus órgãos, como por exemplo, o coração, alegadamente para ficar rico”.

Para o Presidente da República, tais actos são condenáveis e visam desestabilizar, agitar e desviar os moçambicanos da sua agenda principal que é a produção da comida para combater a fome.

Aliás e a propósito de combater a fome, Filipe Nyusi instou a população a aumentar as suas áreas agrícolas ao mesmo tempo que garantiu que do lado do Governo tudo será feito no sentido de disponibilizar insumos agrícolas, entre eles, tractores e sementes melhoradas.

“Portanto, ninguém pode ficar rico matando e tirando parte do corpo de outra pessoa para vender. É preciso trabalhar porque temos uma vasta terra fértil com água para podermos produzir culturas como arroz, milho, feijão, gergelim, entre outras culturas”, disse o Chefe de Estado apelando a população a aproveitar melhor as margens do rio Zambeze.

Descentralização é um processo gradual

No segundo dia da visita à Zambézia, o Chefe de Estado voltou a falar da necessidade de cessação das hostilidades introduzindo um novo tema relacionado com o processo de descentralização.

Segundo explicou, trata-se de um processo gradual que não pode ser imposto por algumas pessoas que pretendem alcançar o poder violando as normas constitucionais e os princípios democráticos aceites internacionalmente.

 A descentralização é um processo gradual iniciado pelo Governo e vai prosseguir porque o objectivo é colocar a administração pública cada vez mais próxima ao cidadão. A guerra não resolve este problema a não ser atrasar a vida da população, disse Filipe Nyusi.

Na ocasião, explicou que é um processo que vai sendo desenvolvido à medida que certo distrito, localidade ou província reúne mínimas condições, dando como exemplo os novos distritos de Luabo e Derre, criados recentemente, o primeiro desvinculando-se do distrito de Chinde e o segundo de Morrumbala.

“O outro processo são as assembleias provinciais introduzidas recentemente no país que se seguiu ao processo de autarcização iniciado com 33 municípios, passando para 43 e neste momento já vamos a 53 autarquias. Portanto, não há motivo para ataques armados, é preciso parar imediatamente com a matança de pessoas”,vincou o Presidente da República, reiterando que o povo não pode continuar a sofrer devido a ambições desmedidas de algumas pessoas.

POPULAÇÃO EXIGE TERRAS

DE SENA PARA AGRICULTURA

Entretanto, no comício do Luabo, a população pediu ao Chefe do Estado para intervir no sentido de interessar investidores na recuperação da Companhia de Sena, paralisada há mais de trinta anos.

 Arlindo Paulo, intervindo no espaço reservado a interação com o Chefe do Estado, afirmou que o distrito de Luabo, com cerca de 55 mil habitantes, reúne condições para se desenvolver rapidamente, apontando as águas do rio Zambeze e os cerca de 12 mil hectares pertencentes a Companhia de Sena, entretanto subaproveitadas.

O nosso distrito reúne boas condições para dar emprego aos jovens. Estou a falar das águas do rio Zambeze e dos 12 mil hectares que pertencem a Companhia de Sena que não faz nada para a sua rentabilização. Pedimos para que procure investidores para a sua exploração ou autorize a população para fazer machambas de modo a produzir milho, feijão, gergelim e outras culturas de rendimento. Não se pode deixar aquela companhia privatizar a terra que é propriedade do Estado,disse Arlindo Paulo.

Sobre esta questão, o Presidente da República disse que pessoalmente ia se aproximar da entidade em causa para perceber a situação no sentido de encontrar uma saída melhor para a população, por um lado, e para a companhia, por outro.

Neste distrito a população pediu a asfaltagem dos cerca de 72 quilómetros que ligam ao vizinho distrito de Mopeia, um hospital rural de referência com bloco operatório, energia elétrica, agência bancária, entre outros serviços essenciais para o um rápido desenvolvimento. 

De referir que antes do comício popular, Filipe Nyusi visitou o Centro de Saúde de Luabo onde foi encorajar os profissionais desta área a cumprir com zelo e dedicação as suas funções.

Texto de Domingos Nhaúle
domingos.nhaule@snoticicas.co.mz

Fotos de Sérgio Costa Pereira

 

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