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Nyusi encantou e ocupou os corações angolanos

Por admin

Viemos “comer” a festa dos angolanos pelos seus 40 anos da independência, disse o presidente Filipe Nyusi, em linguagem que disse ser infantil, quando falava aos compatriotas ali residentes, a quem deu o seu programa de visita àquela Republica irmã.

Mais à frente, Nyusi disse quenão podíamos declinar o convite deste país irmão cujas relações diplomáticas datam desde o ano de 1978 com os acordos firmados pelos saudosos presidentes Samora Moisés Machel, do lado moçambicano e do Dr. Agostinho Neto pela parte angolana.

Segundo afirmou a sua visita não poderia ter ocorrido em outro momento a não ser na semana das celebrações do quadragésimo aniversário da independência de Angola em resposta ao convite formulado pelo seu homólogo angolano na Namíbia aquando da tomada de posse do dirigente namibiano Hagi Geinego.

As celebrações foram mesmo à moda angolana em que só entrava na Praça da República, ou na Avenida Dr. Agostinho Neto quem tivesse convite pessoalizado.

Mesmo no concernente a nossa delegação poucas foram as pessoas que tiveram acesso ao local entre elas, o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi e sua esposa, Isaura Nyusi.

O presidente moçambicano esteve entre outros distintos convidados, nomeadamente, Jacob Zuma, Presidente da República da Africa do Sul

Dennis Sassou Nguesso, do Congo Brazzaville, Muhammadu Buhari, da Nigéria

Manuel Pinto da Costa, de São Tome e Príncipe, José Mário Vaz, da Guiné – Bissau. Joseph Kabila, do Congo, Seretse Nkama, do Botswana Hage Geingob, da Namíbia, Salvador Valdez Messa, Vice-presidente do conselho do Estado de Cuba e um dos antigos presidentes de Moçambique, Joaquim Chissano, de Moçambique e Pedro Pires, de Cabo Verde.

As outras pessoas da delegação ficaram a ver as cerimónias no hotel a partir das televisões como foi o caso da maioria dos angolanos que acompanharam as celebrações marcadas pelo desfile civil e político, desfile militar e condecorações de destacadas figuras que se evidenciaram na construção daquele país.

Para as pessoas convidadas estavam montadas várias tribunas de fronte do Monumento onde jazem os restos mortais do proclamador da independência de Angola, o Dr. Agostinho Neto. A tribuna de honra estava logo a entrada e é fixa para eventos desta envergadura.

O desfile começou com a passagem pela tribuna de um grupo constituído por antigos combatentes do Movimento Popular de Libertação de Angola ao que se seguiu a passagem em frente à tribuna de um grupo de crianças localmente denominadas de grupo infantil.

Depois das crianças seguiram-se vários grupos em representação dos diferentes sectores de actividade, desde o sector público, privado, indústria e os sectores produtivos, designadamente, agrícola e pesqueiro, desportistas, fazedores de cultura, entre outros em representação das 18 províncias.

Em algum momento este desfile fazia lembrar aquilo que caracteriza as comemorações do Dia do Trabalhador em Moçambique em que as pessoas passam pela tribuna e depois dirigem-se para outros lugares para prosseguir com as festividades. Note-se que cada pessoa que fazia parte do desfile tinha um colar para a sua identificação. Estima-se em mais de três mil, o número das pessoas que desfilaram.

Nenhuma primavera

Terá lugar em Angola                                                             

Em seguida foi a vez do desfile militar que foi anunciado pelo respectivo Chefe do Estado-maior general das Forças Armadas Angolanas, que se fazia transportar num Jeep antigo, do tipo daqueles usados pelo nosso exército na década oitenta.

Enquanto isso, o tenente -general destacado para dirigir o desfile vinha com a sua tropa em sentido contrário e assim iniciava a parada militar constituída pelos diferentes ramos das forças armadas, nomeadamente, Exercito, Marinha de Guerra, Força – Área e os diferentes ramos da polícia angolana.

Antes disso, o Ministro da Administração Interna, Bornito de Sousa discursara e entre outras acções frisou que Angola nunca aceitará uma primavera árabe e que o seu país continuará a realizar eleições regulares segundo o calendário daquele país que prevê eleições presidenciais no ano de 2017.

O Presidente angolano só se dirigiu à Nação às zero horas locais numa mensagem transmitida pela Televisão Pública em que entre outros aspectos destacou o quão foi difícil a luta pela independência e o sacrifício de várias gerações durante a tentativa de ocupação colonial.

“Angola conquistou a paz, uniu todos os seus filhos e reconstruiu praticamente todo o pais que foi devastado por uma guerra que durou mais de 27 anos. É nosso dever consolidar a estabilidade política e todas as conquistas na base de uma estratégia que vise a estabilidade macroeconómica, a construção de infra estruturas, a qualificação dos quadros e o avanço da ciência, da tecnologia e inovação, por forma a garantir um crescimento sustentado do Produto Interno Bruto acima dos seis por cento e um desenvolvimento económico sustentável”,disse José Eduardo dos Santos na sua mensagem à nação.

Ao longo dos 40 anos da independência os angolanos consideram a paz conquista em 2002, após vários anos de guerra civil, como sendo um dos maiores ganhos, razão por que defendem a sua manutenção para que o país possa continuar a progredir.

As festividades decorreram em todo o pais desde o início do presente ano com actividades políticas, recreativas, desportivas, culturais e inaugurações de empreendimentos, com destaque para a nova sede do Parlamento, um edifício de 4 pisos com uma capacidade para albergar mais de 400 pessoas.

Nyusi: um tratamento distinto

A visita de Filipe Nyusi a Angola parecia primeira de um chefe de Estado moçambicano, a avaliar pela distinção a que foi sujeito, que os próprios angolanos, a nível particular, consideram-na de grande alcance, primeiro pela sua desenvoltura a todos os níveis e pelas mensagens nos seus pelo menos três discursos oficiais.

O chefe de Estado moçambicano não se foi muito pelos formalismos e directamente disse o que interessa para o fortalecimento das relações entre os dois povos e países.

Quando Nyusi disse que o aparente atraso de visita a Angola estava programado, chamou a atenção de todos e justificou que tinha que ser nas comemorações dos 40 anos da independência, mesma idade emancipatória de Moçambique.

Quando em Moçambique nos queremos lembrar de quantos anos de Independência tem Angola, recorremos aos nossos e quando queremos falar do colonialismo, referimo-nos ao mesmo” disse Nyusi a determinada altura.

No Parlamento, o estadista moçambicano colheu aplausos quando disse que trazia na sua comitiva deputados de diferentes bancadas da Assembleia da República, para trocar experiências com os seus colegas angolanos.

Reconhecemos o vosso papel de fiscalizadores e somos pela separação de poderes. As nossas democracias estão a somar pontos, as instituições democráticas estão em pleno funcionamento e queremos manter a regularidade do nosso calendário eleitoral em obediência ao comando legal.

Aos empresários angolanos Nyusi disse que na demora dos irmãos, os primos e amigos estão a ocupar espaço no investimento necessário em Moçambique. Pediu inclusive que acordassem sob o risco de não serem acordados nunca, por quem quer que seja.

Estas aparições discursivas, tocaram de uma ou outra maneira os angolanos que viram em Filipe Nyusi um presidente terra-a-terra e vai dai que a comunicação social, com destaque para a TPA e TV Zimbo, que se deteve em programas especiais a analisar a liberdade que empresta um presidente que não inventa palavras, alérgico aos rigores do protocolo e que facilmente fez passar a mensagem principal que trazia.

Isso foi tanto assim que alguns jornalistas angolanos se aproximaram de nós para traduzirmos o nome do presidente tanto entre os angolanos como para os seus compatriotas residentes e a trabalharem naquele país.

Comentou o presidente que ficou com a sensação de que os moçambicanos em Angola pareciam mais patriotas do que aqueles que vivem no solo pátrio. E os espaços televisivos foram ocupados por esse tipo de abordagens de certo modo frontais e fora de comum, ofuscando a presença doutras ilustres figuras presentes em Luanda.

Na verdade, a análise que aqueles patrícios fizeram da situação actual em Moçambique, chamaram à atenção especial mesmo a comitiva presidencial, de tão realista e patriótica.

Domingos Nhaúle
nhaule2009@gmail.com
Fotos de Sérgio Costa

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