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Nyusi é mentor dele próprio

Por admin

Longe dos círculos de opinião pública, mas por dentro da realidade sócio- política e económica do país, Rui Fonseca, antigo presidente do Conselho de Administração dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e da Vodacom Moçambique, faz uma avaliação profunda e interessante do candidato do partido Frelimo às eleições de 15 de Outubro próximo, Filipe Nyusi.

 A entrevista decorre em ambiente tranquilo. O engenheiro Fonseca aceita elaborar a sua opinião sobre o candidato da Frelimo, Filipe Nyusi, pessoa com quem teve oportunidade de partilhar ideias durante o período em que juntos trabalharam nos Caminhos de Ferro Moçambique.

Fonseca fala na primeira pessoa: “Filipe Nyusi é um homem de trato cordial, com quem comungo o pensamento. Para quem convive com ele facilmente percebe que é inteligente e assertivo. Trata-se de um homem versátil que se adapta facilmente a qualquer ambiente, por isso andou a ganhar competições desportivas nacionais quando estava em Nampula e no Ministério da Defesa reactivou o Festival Cultural Militar.

Por isso digo que ele é mentor dele próprio, algo que se assenta numa história de vida completa com uma forma de ser muito própria, acrescenta antes de dizer que é verdade que tem as suas lacunas, nada que a prática não supere, mas o facto de ser uma pessoa social e comunicativa safa-lhe bem. É um homem feliz com a vida, mesmo chateado não deixa que isso transpareça para o meio que o rodeia.”

Diz ainda que uma grande virtude nele é ser directo, não tem duas caras. “Com ele é na tromba e pensa pela sua própria cabeça. A única coisa que lhe peço, é que seja como sempre foi e Deus esteja com ele. A identidade dele como filho do povo moçambicano e da Frelimo devem se manter firmes.”

Fonseca afirma que Nyusi tem um passado, dentro de um partido, que é grande. Nyusi sabe pedir desculpa quando falha e sabe buscar consensos, por isso saberá o que fazer no partido.

Acrescenta que Nyusi se fará rodear de pessoas correctas, pois neste país temos mais gente boa do que má, por isso acredito que ele saberá distinguir entre o bom e medíocre.

“Trata-se de um excelente profissional, um bom gestor e tem muitas características de um bom líder que se preocupa com o seu semelhante. Nas conversas que mantivemos ele sempre se mostrava preocupado com a comida nos quartéis, com as condições das casernas, da bota, do beliche onde os militares dormem. Consegue brincar e falar como um jovem de 20 anos e acaba por conquista-lo com a sua simplicidade”, avalia Fonseca.

“O que importa é que ele faça bem o seu trabalho, pois está a calçar um sapato pesado que lhe obrigará a perder a privacidade. Quando for eleito Presidente terá um desafio pela frente, criar postos de emprego para os jovens, pois ele é capaz de discutir com eles os mecanismos de ultrapassarem as barreiras e depois lutar para desenvolver o país numa base industrial”, ensina Fonseca.

“Daquilo que conheço dele” –  acrescenta Fonseca –  “irá também incentivar os jovens a tornarem-se auto-suficientes e não amarrarem-se ao emprego, porque ele é criativo. Ele vai eliminar os índices de desemprego e lutar para desenvolver a zona rural restabelecendo os circuitos comerciais e agrários.

Para além de estabelecer os circuitos de produção deve convencer as multinacionais a desenvolverem a nossa indústria transformadora primária e secundária e tudo que possa derivar de indústrias como gás,”.

 Colocar pessoas capazes que pensem no desenvolvimento do país, no crescimento económico. Assim ele pode fazer de Moçambique um grande país em África.

SACRIFICADO EM NOME DA REESTRUTURAÇÃO  

Em 2004 Nyusi devia ter descido de Nampula para Maputo para as funções de Administrador Executivo dos CFM, mas, segundo Fonseca, a necessidade de se desencadear uma reestruturação mais humanizada impediu que ele desse o salto.

“Havia necessidade de ter alguém com sentido humano muito forte nos CFM-Norte e ele se encaixava nesse perfil no período das indemnizações”, assegurou Fonseca.  

Só viria a tornar-se administrador em 2007 por oito meses, pois foi para o Governo como Ministro da Defesa. Posso dizer sem dúvidas que passou ao lado um Presidente do Conselho de Administração, porque eu já preparava a minha saída para o ano seguinte e contava com ele para levar avante o trabalho que iniciamos como equipa.

Em 2008 quando soube que Nyusi iria para o Governo eu disse para mim mesmo que o Executivo iria ganhar um quadro, em contrapartida os CFM ficariam a perder.

Rui Fonseca conheceu Nyusi em 1990, quando o primeiro era Director Nacional Adjunto dos Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique, depois estiveram juntos em Nampula onde Filipe Nyusi era chefe de Manutenção.“Tivemos um encontro de trabalho e logo constatei que era um jovem com gás e enorme potencial. Pouco tempo depois ele contou-me um pouco da sua trajectória. Por isso vos digo que ele tem a história da Frelimo. Nasceu no seio de uma família estruturada e cedo os pais se juntaram à Frelimo”

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