Início » Nyusi e Lungo inauguram central eléctrica flutuante

Nyusi e Lungo inauguram central eléctrica flutuante

Por admin

É a primeira em África e está ancorada no porto nortenho de Nacala

O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi e o seu homólogo zambiano, Edgar Chagwa Lungo, inauguraram  ontem em Nacala, uma Central Termoelétrica flutuante com capacidade de gerar 100 megawatts de energia.

Trata-se de uma central que está ancorada no porto de Nacala que visa minimizar a oscilação e os cortes frequentes de energia na província nas províncias do norte do país, nomeadamente, Nampula, Cabo Delgado e Niassa, assim como abastecer a vizinha República da Zâmbia que também ressente-se do défice de energia.

A mesma vai funcionar na base de óleos pesados e num futuro não distante poderá funcionar na base do gás natural como é acontece com a Gigawaats em Ressano Garcia, província de Maputo. Esta infraestrutura resulta de um acordo celebrado pelos governos de Moçambique, Zâmbia e Turquia, este último país, onde foi fabricada.

Com a entrada em funcionamento deste empreendimento, o nosso país espera amealhar 24 milhões de dólares num período de dois anos, pois, para além de vender energia a Zâmbia acredita-se que o Zimbabwe poderá ser outro na região a beneficiar-se da energia produzida naquela central flutuante,

Por outro lado, tratando-se de uma central móvel não se põe de lado a hipótese de ser movimentada para outras zonas que eventualmente registarem restrições e cortes no fornecimento da energia gerada na Hidroelétrica de Cahora Bassa, em Tete.

Os trabalhos da instalação desta central que ê a primeira a operar em África iniciaram em Dezembro último e para os sectores energéticos dos dois países ela é vista como sendo uma mais-valia para a supressão do défice de energia,

A propósito desta central, o presidente do Conselho de Administração da Electricidade de Moçambique, país cujo défice de energia está na ordem dos 900 megawatts, Mateus Magala, explicou que vai resolver a emergência em que se encontra a região norte no que diz respeito ao fornecimento de energia.

“Nós temos emergência na região norte do país onde não há disponibilidade suficiente de energia, aliado ao problema de infraestruturas. Portanto, não temos energia para manter as coisas básicas e isso não se verifica só no Norte; em Maputo registam-se cortes permanentes. Em Nacala procuramos uma solução temporária enquanto aguardamos por soluções a longo prazo e duradoira”,explicou Magala acrescentando que tal foi possível num período de dois meses.

Magala garantiu ao nosso jornal, sem precisar os custos desta infraestrutura, que o país saiu a ganhar, pois vai encaixar anualmente cerca de 12 milhões de dólares com a venda de energia ali gerada.

A central surge nos esforços conjuntos dos dois países e no cumprimento dos acordos assumidos na última cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da Africa Austral sobre a necessidade da industrialização da sub-região africana sendo que nestes planos a energia joga um papel preponderante.

Para além deste empreendimento e como resultado das conversações havidas ao mais alto nível, uma outra frente está em carteira. Trata-se da construção de uma Central Térmica a Carvão em Moatize, província de Tete.

Sabe-se que para a prossecução deste objectivo, os zambianos construíram uma linha de transporte de energia ate as proximidades da província de Tete, de onde vão receber energia das torres moçambicanas.

Ainda neste aspecto está  em carteira a produção de 1200 megawatts a partir desta Central Térmica para beneficiar a própria Zâmbia e venda de outra parte a outros países da região que estiverem interessados. 

 A este respeito, foram assinados em Maputo, após conversações ao mais alto nível, dois memorandos de entendimento, designadamente, no sector de energia e recursos minerais bem como na agricultura onde o nosso país detém larga experiencia na produção da castanha de caju.

ENERGIA COMO FORÇA MOTRIZ

Antes de partirem para Nacala, os dois presidentes tomaram parte no banquete na Ponta Vermelha na qual o presidente da República enalteceu a importância que o empreendimento ora inaugurado tem para o desenvolvimento das economias dos dois povos cujas ligações datam desde os tempos da luta armada de libertação de Moçambique.

O estadista moçambicano destacou que durante as conversações com o seu homólogo zambiano foram abordadas vários assuntos de interesse comum, nomeadamente, as áreas de energia, agricultura, infraestruturas de transportes e comunicações, recursos minerais, indústria e comércio como sendo aqueles em que devem incidir as acções de cooperação.

O estadista moçambicano elencou ainda a importância que Moçambique atribui às necessidades de energia e o acesso aos portos moçambicanos por parte da Zâmbia como sendo uma das formas de contribuir para o desenvolvimento dos dois países.

“Na verdade, Moçambique e Zâmbia devem continuar a ser exemplos duma convivência harmoniosa e pacifica entre dois povos e países irmãos e vizinhos naturais, liderando a promoção e manutenção da paz e estabilidade na região e no continente”, disse Filipe Nyusi.  

O presidente Filipe Nyusi disse ainda que era repugnante que nos dias de hoje o continente africano continue a registar fenómenos retrógrados caracterizados por tentativas de alcance do poder por vias não democráticas.

“A contestação dos resultados das eleições livres e justas, incluindo tentativas de mudanças de Constituição para satisfazer a ganância pelo poder, entre outros estratagemas contrários à alternância governativa, são fenómenos que o continente e a região devem combater, privilegiando o Estado de direito, democracia e boa governação”,sublinhou o presidente moçambicano.

Na ocasião, Filipe Nyusi desejou sucessos ao seu homólogo zambiano nas eleições marcadas para o dia 11 de Agosto próximo. “Auguramos muitos sucessos quando em Agosto próximo celebrarem mais uma festa de democracia e estamos certos que a Zâmbia, mais uma vez, vai brilhar como uma das estrelas cintilantes que orientam o nosso continente nos caminhos da democracia rumo ao desenvolvimento que todos almejamos”.

De referir que o presidente zambiano deixou ontem o nosso pais a partir de Nacala depois de cumprir uma visita de três dias iniciada na passada quinta-feira cuja agenda incluiu para além da inauguração daquela central termoelétrica, visita de cortesia a Assembleia da República e uma deposição da coroa de flores monumentos aos heróis moçambicanos.

Parceria estratégica

Moçambique/Zâmbia

O Presidente Nyusi diz que a energia em abundância vai melhorar a qualidade  de ensino, serviços de saúde, ampliar o abastecimento de água e desenvolver mais projectos de empoderamento das famílias, aumentando as suas rendas.

Segundo afirmou, a concretização da Central Térmica Flutuante de Nacala evidencia a capacidade inovadora e a expressão concreta de cooperação energética em benefício do crescimento das economias de Moçambique e Zâmbia.

No seu entender, aquela infraestrutura vai reduzir o défice de energia nos dois países, sendo que o sector energético é um dos que foi definido como prioritário, para o desenvolvimento da indústria, agricultura, turismo entre outros sectores.

Dirigindo-se aos presentes, momentos depois de inaugurar a infraestrutura, Filipe Nyusi sublinhou que o défice energético na região é estimado em cerca de 7.9 gigawatts e que o crescimento acelerado das indústrias constitui oportunidade para se recorrer a outras fontes energéticas.

“Há exactamente um mês, por ocasião da inauguração de uma central elétrica a gás em Ressano Garcia, na província de Maputo, afirmamos que a região norte teria energia de melhor qualidade e maior segurança energética. Voltamos a afirmar com actos hoje, aqui em Nacala, que o nosso Programa Quinquenal, estamos comprometidos com a geração transporte e distribuição de energia e este acto é demonstrativo de um dos projectos concebidos para esta região”, disse Filipe Nyusi acrescentando que o corredor de Nacala possui a melhor infraestrutura ferroviária capaz de servir com competência necessária a economia da Zâmbia a partir da entrada de Chipata. 

Acrescentou que aquele gesto representava uma viragem no paradigma da integração económica regional em que duas Nações irmãs apostam na implantação de empreendimentos destes, “ que tem o condão de fortalecer a competitividade das economias, acelerar o desenvolvimento económico inclusivo e sustentável dos nossos países e que permite fornecer um serviço essencial a população”.

Por seu turno, Edgar Lungo afirmou que o seu país valoriza experiências de género e que a iniciativa expressa uma resposta imediata ao défice de energia que se regista na Zâmbia nos últimos tempos devido a factores climáticos que influenciam no abastecimento de água para gerar energia a partir de barragens.

“Moçambique podia ter optado por outro país da região mas preferiu o nosso. Estamos perante mais um exemplo de cooperação com mútuas vantagens depois da experiência do porto de Nacala que apesar de se situar a cerca de 1800 quilómetros de Lusaka contribui para a entrada e saída de mercadorias para o nosso país”, disse Edgar Lungo que não coloca de lado a possibilidade de nos próximos tempos negociar a construção de um porto seco nesta região.

Sublinhou que a seca diminuiu em cerca de 50 porcento a capacidade de produção de energia no seu país pelo que a central de Nacala chegou em boa hora. “Estamos perante uma resposta oportuna ao défice de energia que temos, pois nos últimos tempos passamos por uma crise que reduziu para 50 por cento as nossas capacidades, ate porque para desenvolver precisamos de mais energia”.

Porque Moçambique é um dos potenciais produtores de gás, Edgar Lungo admitiu a possibilidade de nos próximos anos, o seu governo negociar com o governo moçambicano, a construção de um gasoduto a partir da bacia do Rovuma até a Zâmbia tendo em vista a construção de uma central eléctrica como a da Gigawatts em Ressano Garcia. Para esta questão, a breve trecho será constituída uma comissão mista que irá cuidar do assunto.

Domingos Nhaúle, nosso enviado

Você pode também gostar de:

Propriedade da Sociedade do Notícias, SA

Direcção, Redacção e Oficinas Rua Joe Slovo, 55 • C. Postal 327

Capa da semana