A construção da segunda ponte sobre o rio Rovuma ligando Moçambique e Tanzânia voltou a ser notícia esta semana, com a visita ao nosso país do estadista tanzaniano, Jakaya Kikwete. A infra-estrutura afigura-se de capital importância para as trocas comerciais entre os dois países, bem como na concretização do sonho da ligação entre as cidades do Cabo, na África do Sul e Cairo, Egipto, no norte de África.
A vontade de se erguer mais uma ponte sobre o rio Rovuma foi relançada no final das conversações havidas em Maputo entre os presidentes Filipe Jacinto Nyusi e Jakaya Kikwete no âmbito da visita que este efectuou a Moçambique.
A ideia da segunda ponte no rio, que separa os dois países, não é nova, mas tudo indica que desta vez é para ser concretizada logo que houver disponibilidade de fundos, até porque os dois governos comprometeram-se a envidar esforços nesse sentido no âmbito do estreitamento das relações tidas como profundas.
Neste momento, a ligação é feita pela Ponte da Unidade inaugurada em 2010 pelo presidente Armando Guebuza e o actual estadista tanzaniano, que na altura vincaram a necessidade de os povos dos dois países explorarem mutuamente as vantagens dai resultantes.
Na altura, Armando Guebuza dissera que a construção da segunda ponte era importante, uma vez que iria viabilizar e revolucionar as trocas comercias.
O presidente tanzaniano aproveitou a sua estada esta semana em Moçambique para se reunir com os seus compatriotas, ocasião que serviu também para a sua despedida visto que no dia 25 do mês em curso, a Tanzânia realiza as suas eleições gerais e presidenciais, nas quais não concorre por ter cumprido o segundo mandato.
Os dois estadistas mantiveram conversações, e no final, o Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Balói afirmou que a questão da segunda ponte foi abordada “com muita seriedade e entusiasmo”.
“Os dois Chefes de Estado falaram de muitos aspectos no âmbito da cooperação bilateral e decidiram que a ponte poderá ser construída e que à semelhança do que aconteceu com a primeira, terá que haver um estudo prévio e mobilização do financiamento”,disse Oldemiro Balói, falando a jornalistas na Presidência da República.
Acrescentou que a infraestrutura é também do interesse multilateral, se bem que seja parte do sonho da União Africana que é de ter uma ligação por estrada entre a cidade de Cabo, na África do Sul, e Cairo, no Egipto.
Ainda sobre as infra-estruturas, o chefe da diplomacia moçambicana sublinhou haver a necessidade de se viabilizar a asfaltagem da estrada Mueda/Negomano, cerca de 184 quilómetros, que vai até a Ponte da Unidade, de modo a garantir fluidez na circulação rodoviária.
“Também se falou das trocas comerciais, cujo volume não é assim tão grande, mas o desafio é tentar apoiar no máximo as trocas comerciais. Portanto, o potencial existe, até porque se tratava de fazer uma avaliação intermédia dos resultados dos compromissos assumidos em Maio último, quando da visita do Presidente Nyusi à Tanzânia”,afirmou Balói.
Ainda no capítulo do reforço das boas relações existentes entre os dois países e que datam deste os anos 60, foi mencionado o carácter histórico das mesmas, cujos propulsores foram os presidentes Julius Nyerere e Eduardo Mondlane.
Nyusi e Kikwete falaram ainda da cooperação a nível do ensino superior, tendo enfatizado as relações existentes entre as duas instituições de relações internacionais, através da troca de estudantes.
“Quando se proclamou a independência, os primeiros diplomatas moçambicanos foram formados num instituto tanzaniano. Com o nosso instituto criado, decidiu-se fazer uma missão conjunta das duas instituições de ensino. Portanto, uma das grandes decisões tomadas foi a necessidade de haver uma cooperação mais estreita entre os dois institutos, situação que vai incluir a troca de estudantes”,explicou Balói.
Ainda no reforço da cooperação na área da diplomacia, foi evidenciada a ligação muito forte entre os dois países, quer a nível da região, União Africana e das Nações Unidas e o grupo dos 77 países mais a China, bem como, entre os Não-Alinhados.
Moçambique e Tanzânia têm cooperado em vários domínios e nos últimos anos a prioridade tem sido dada à diplomacia económica, catapultando o relacionamento e cooperação empresarial, tendo em vista a criação de mais emprego para os cidadãos de ambos países.
Refira-se que Nyusi efectuou em Maio último uma visita de Estado à República Unida da Tanzânia a convite do seu homólogo Jakaya Kikwete, a primeira realizada oficialmente a um país estrangeiro após a sua eleição como Chefe do Estado moçambicano.
A visita tinha em vista cimentar cada vez mais as relações de amizade e cooperação entre os dois povos e países que datam desde os tempos da fundação da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).
BANQUETE DO ESTADO
O Presidente da República obsequiou o seu homólogo tanzaniano com um banquete de Estado no qual vincou a necessidade de os dois países incrementarem as relações económicas e bilaterais.
Segundo defendeu, a presença no nosso território do estadista tanzaniano é um reconhecimento explícito da necessidade do reforço e consolidação das relações existentes entre as autoridades, por um lado, e as populações por outro, tidas como sendo excelentes.
“É também uma oportunidade para aprofundarmos os nossos laços de amizade, solidariedade e cooperação bilateral, assim como para analisarmos a situação política, económica e social prevalecente em cada um dos nossos países”,disse Filipe Nyusi, sublinhando que as relações entre os dois países remontam dos tempos anteriores à colonização.
Num outro momento, o estadista moçambicano afirmou ainda que as duas nações estão unidas por um destino comum e impelidas a cooperar e a caminhar juntas na busca de soluções para os desafios comuns e na partilha de benefícios daí decorrentes.
Para além das conversações ao mais alto nível e o obséquio do banquete do Estado, Jakaya Kikwete foi ao Monumento dos Heróis depositar uma coroa de flores em homenagem aos heróis moçambicanos.
O estadista tanzaniano manteve igualmente um encontro de cortesia com a direcção da Assembleia da República encabeçada pela respectiva presidente, Verónica Macamo Dlhovo, assim como recebeu do presidente do Concelho Municipal de Maputo, a chave da cidade.