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AGRICULTURA: Nyusi dita regras para o aumento da produção

Por admin

O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, estabeleceu, sexta-feira última, na Zambézia, os pilares para o desenvolvimento agrário de Moçambique, definindo, pela primeira vez, o que cada província deve fazer com este objectivo.

A visão estratégica do estadista foi exposta durante o lançamento  da campanha agrícola 2016/2017 que  arrancou esta semana tendo como lema “Pela produtividade e produção agrária, competitividade e segurança alimentar e nutricional”.

Nyusi disse na ocasião que a economia moçambicana é, basicamente, agrícola, destacando-se famílias  como fiéis da balança mesmo nos indicadores macroeconómicos.

A agricultura emprega mais de 80 por cento da população moçambicana economicamente activa”, disse o Chefe de Estado, acrescentando que o sector contribui com cerca de 25 por cento no Produto Interno Bruto (PIB) e em 16 por cento nas exportações nacionais.

O sector agrário familiar concentra cerca de 4.270.000 explorações agro-pecuárias. “Contudo, apenas um por cento comportam machambas até uma média de cinco hectares que são caracterizados por um modelo misto, combinando  uma agricultura de subsistência com pequenos excedentes para o mercado”, referiu Filipe Nyusi.

O Presidente da República acrescentou que as grandes explorações agro-pecuárias do sector empresarial, em termos absolutos, ocupam pouco menos  de 600 unidades, um e outro indicador diminuto, se na equação caso sejam avaliados pela sua importância de escala produtiva.

 APOSTAR NAS HORTÌCOLAS

O Presidente da República salientou que culturas como milho, hortícolas e bens alimentares como ovos e aves devem ser priorizados em todo o território nacional.

Defendeu, por isso, que devem ser culturas transversais no âmbito da segurança alimentar. “Esta é uma missão directa dos senhores administradores distritais”, sublinhou.

Apontou que urge  a melhoria dos processos ao longo da cadeia de valor que devem visar, também,  a redução de perdas pós-colheitas que se situam, actualmente, em 24 por cento.

INSEGURANÇA ALIMENTAR AFECTA

MAIS DE UM MILHÃO DE MOÇAMBICANOS

Pouco mais de 1.5 milhões de moçambicanos vivem na condição de insegurança alimentar.Para o Chefe de Estado o lançamento da presente campanha agrária representa o inicio de mais um ciclo de esperança para os moçambicanos.

Pela primeira vez, o Presidente Nyusi apelou para que as províncias se especializem em determinados ramos de produção.“O denominador comum nacional é a produção de milho, hortícolas, ovos e aves”, frisou o Chefe do Estado, acrescentando que estes são os produtos de segurança alimentar declarados como sendo de bandeira obrigatória, devendo cada província especializar-se na produção de pelo menos um destes produtos.

Deste modo, os gestores da administração em diferentes níveis deverão, com maior rigor, estabelecer um mecanismo de monitoria, assistência agrária e transferência de conhecimento dos extensionistas aos produtores.

Prioridades por província

O corredor Pemba-Lichinga, que abrange as províncias de Cabo Delgado e Niassa é rico na produção de batata-reno, trigo, feijões, milho, soja, hortícolas, algodão, gergelim e aves. O Presidente da República quer que este corredor se especialize na produção de feijões e batata-reno.

Relativamente ao corredor de Nacala, que produz mandioca, milho, algodão, gergelim, fruteiras, aves, amendoim, hortícolas e caju, Nyusi apela para o incremento da produção sobretudo de mandioca, milho e feijões em toda a extensão da província de Nampula e Niassa.

Quanto ao Vale do Zambeze, Nyusi disse que para além das culturas de arroz e milho, apresenta solos favoráveis para a batata, bovinos, caprinos, hortícolas, gergelim, algodão e aves.

Sublinhou que Zambézia deve projectar-se para a produção de arroz, feijões e soja. E a província de Tete deve especializar-se na produção de milho, batata reno e feijões.

Quanto a Sofala, no corredor da Beira, Nyusi quer maior empenho na produção de milho, arroz e hortícolas. Manica, além da soja, deve empenhar-se nas culturas de rendimento. O milho, hortícolas e aves são os produtos eleitos.

O corredor de Maputo a Limpopo, que atravessa a província de Inhambane, Gaza e Maputo, o Presidente da República refere que apresentam um elevado potencial em hortícolas, bovinos e aves.

Falando das culturas de rendimento no país, o estadista moçambicano explicou que continuarão a merecer atenção do Governo como fontes de renda para as famílias. “Vamos privilegiar a castanha de caju, a soja, o algodão e o gergelim”, frisou.

Campanha passada

com resultados encorajadores

Uma avaliação preliminar da campanha agrícola passada indica que a produção global apresenta resultados encorajadores, apesar do cenário de grave estiagem que se verificou.

Os indicadores de cereais se situam em 2,4 milhões de toneladas, 656 mil toneladas de leguminosas diversas e 1,6 milhões de toneladas de batata doce.

A produção de mandioca foi de 9.1 milhões de toneladas acima da meta de 8 milhões estabelecida.

Quanto à batata-reno, o país continuou a ter um défice de 142 mil toneladas ao registar uma produção de 263 mil toneladas.O desafio para a presente campanha é superar as previsões de 2016 e estabelecer a produção da batata reno em 420 mil toneladas para presente campanha.

De acordo com o Presidente da Republica, a produção de hortícolas superou as expectativas ao situar-se em 1,9 milhões de toneladas. Contudo, frisou, os níveis de importação de tomate e cebola ainda são preocupantes

A expectativa que existe é de que seja superado o défice que ainda se regista, passando a produção para níveis superiores a 600 mil toneladas de tomate e incrementar-se a produção da cebola para o mínimo de 350 mil toneladas por campanha nos próximos dois anos.

Texto de Bento Venâncio,em Mopeia, na Zambézia

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