Início » Novo ímpeto na cooperação

Novo ímpeto na cooperação

Por admin

O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, afirmou semana finda em Maputo que é chegado o momento de imprimir maior intensidade e diversidade no relacionamento económico e comercial com a Etiópia de modo a tirar maior partido das oportunidades existentes em ambos os países. Para assegurar tal objectivo, Nyusi vincou a necessidade da operacionalização da Comissão Mista de Cooperação, preconizada no Acordo Geral de Cooperação, assinado em 2007.

Nos últimos anos, Moçambique e a República Democrática Federativa da Etiópia cooperam nas áreas de aviação civil, de formação de pilotos e no domínio da defesa, onde, através de contratos específicos, a Etiópia tem formado moçambicanos para a área da aviação.

Nesse contexto, o dirigente etíope reuniu-se com um grupo de 60 técnicos, formados no seu país, entre pilotos e técnicos de manutenção de aeronaves, tendo manifestado a vontade de incrementar os investimentos neste sector para que haja maior competitividade entre a companhia aérea de bandeira nacional com a sua congénere etíope.  

Os sectores de Agricultura, Indústria, Pecuária, Saúde, Ciência e Tecnologia, Turismo e Desportos são outros domínios que devem constituir a aposta, até porque Hailemariam Desalegn escalou a fábrica de Alumínio da Mozal, onde se foi inteirar da produção de alumínio.

No concernente aos resultados imediatos das conversações entre as duas delegações, destaque vai para a assinatura de dois acordos, nomeadamente, na área de Cultura e Turismo e na Saúde.

Entretanto, discursando por ocasião do banquete de Estado oferecido ao Chefe do Governo etíope, o estadista moçambicano enalteceu o papel desempenhado pela Etiópia na pacificação de vários países, sobretudo nas operações de manutenção da paz, onde actualmente é o segundo maior contribuinte no mundo, em termos de contingente militar.

“Moçambique acredita que sem paz e estabilidade efectivas não será possível concretizar o nosso desejo como povo, sem paz e estabilidadeÁfrica jamais será íntegra e próspera. É por isso que o nosso Governo continua profundamente engajado na busca da paz efectiva e a dar a sua contribuição genuína pela paz e estabilidade na região, em África e no mundo”, disse Nyusi, sublinhando ter a consciência de haver ameaças e desafios comuns entre Moçambique e Etiópia.

Para o Presidente da República, os efeitos das mudanças climáticas, secas e cheias, imigração ilegal, crime organizado e actos de terrorismo constituem exemplos dos desafios comuns a serem vencidos, cujo sucesso requer acções conjuntas, concertadas e coordenadas.

Na ocasião, Filipe Nyusi usou um provérbio etíope que diz:  “Quando teias de aranha se unem, elas podem amarrar um leão”, para vincar a necessidade de Moçambique e Etiópia estarem unidos numa cooperação orientada para resultados e para fazer face aos complexos desafios da actualidade.  

Num outro momento, Filipe Nyusi ressalvou que o nome da Etiópia se confunde com a história das lutas de libertação do Continente Africano: “Inspirou a todos os povos oprimidos do continente e transformou-se no berço da luta tenaz dos africanos contra a dominação estrangeira”. É nesse contexto que enalteceu o papel desempenhado por alguns nacionalistas africanos, entre eles figuras como as de Haile Selassie, Kwame Nkrumah, Julius Nyerere, Kenneth Kaunda, Abdel Nasser, Eduardo Mondlane e Nelson Mandela, percursores das lutas pela libertação e independência nacional.

No caso concreto de Moçambique, Filipe Nyusi afirmou que a Etiópia está indissoluvelmente ligada ao apoio à luta pela libertação nacional, “quer através do apoio material e financeiro concedido pela OUA, sediada em Adis Abeba, através do seu Comité de Apoio aos Movimentos de Libertação em África, quer através da defesa e apoio incondicionais à justa causa da autodeterminação de África em fóruns mundiais”.

Refira-se que as relações entre Moçambique e a Etiópia foram afirmadas com o estabelecimento de relações diplomáticas em 1977 assentes em bases de afinidades e interesses comuns.

A abertura da representação diplomática de Moçambique em Adis Abeba, em 1983, constituiu o marco importante na formalização e institucionalização dos intercâmbios entre os dois países. Outro momento que merece destaque nas relações bilaterais foi quando em 2007 os dois países assinaram, em Maputo, o Acordo Geral de Cooperação.

Desde essa altura que Moçambique e Etiópia têm mantido contactos diplomáticos e comerciais que construíram uma plataforma notável através da qual se pretende imprimir maior intensidade visando alcançar uma cooperação com resultados satisfatórios.

Incrementar cooperação na aviação civil

– Oldemiro Baloi, Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação

As duas delegações mantiveram conversações ao alto nível onde foram abordados mais de dez pontos de agenda que poderão nortear a cooperação entre os dois países africanos nos próximos tempos.

Oldemiro Baloi, Ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, falando a jornalistas disse que a outra lição que Moçambique pode aprender da Etiópia é no domínio da agricultura.

“A Etiópia é um país que tem estado a vencer a batalha da luta contra a fome e fá-lo com o empoderamento dos pequenos agricultores, e esse é um dos desafios que Moçambique tem pela frente”.

Acrescentou que o outro sector importante para Moçambique é o da aviação civil onde o nosso país já beneficia de apoio, mas, segundo defendeu, há espaço para muito mais no sentido de as duas companhias de bandeira estreitarem relações.

 “No domínio da indústria, a Etiópia tem tido muito sucesso na implantação de parques industriais. Tem uma excelente cooperação com a China e os parques industriais são instrumentais para a industrialização dos países”,disse Baloi.

Texto de Domingos Nhaúle
domingos.nhaule@snoticicas.co.mz

 

 

 

 

 

Você pode também gostar de:

Propriedade da Sociedade do Notícias, SA

Direcção, Redacção e Oficinas Rua Joe Slovo, 55 • C. Postal 327

Capa da semana