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Farmacêuticos discutiram futuro da profissão

Cerca de cinquenta farmacêuticos moçambicanos debruçaram-se, na passada terça-feira, em Maputo, sobre o futuro da profissão no país. O encontro foi organizado pela Associação de Farmacêuticos de Moçambique (AFARMO) e teve o apoio logístico da MSH/SIAPS e colaboração da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal.

Feliciano Cumaquela, director dos Serviços Farmacêuticos do Hospital Central de Maputo (HCM), fez uma abordagem histórica desde as origens da farmácia até ao actual estágio da farmácia hospitalar no país, tendo ressalvado que um dos principais desafios do sector era a exiguidade de profissionais, apenas dois em 2001 contra nove em 2013.

Segundo Cumaquela, o surgimento de mais profissionais da área permitiu que o farmacêutico deixasse as tarefas administrativas para se ocupar de tarefas técnicas como farmácia clínica.

Esta dinâmica trouxe, como resultado, a introdução de farmácias de departamentos e o sistema de gestão de filas de espera, desenvolvimentos estes que estão a resultar num melhor acesso aos medicamentos bem como na qualidade de atendimento ao público.”

Aranda da Silva, farmacêutico português, especialista em indústria farmacêutica, regulamentação farmacêutica e farmácia hospitalar, chamou a atenção para o facto de que o reconhecimento da profissão farmacêutica “deve ser consequência da resposta às necessidades das populações que eles servem, a intervenção farmacêutica deve agregar valor ao doente. Daí que no mundo o paradigma da intervenção do farmacêutico está a mudar de concentração no produto (fabrico, controlo e distribuição) para a concentração no resultado clínico do doente, bem como na prestação de serviços”, disse Aranda da Silva.

 Com efeito, no mundo o farmacêutico começa a assumir papéis em:

– Programas de prevenção da doença e prevenção da saúde;

-Despiste precoce de algumas patologias;

– Gestão da doença e da terapêutica em colaboração com outros profissionais de saúde, indústria farmacêutica e financiadores do medicamento;

– Processo automatizado de dispensa de medicamentos e dispensa para doentes crónicas em sistemas que garantam o cumprimento da terapêutica; etc, etc.

Aranda da Silva é especialista em indústria farmacêutica, regulamentação farmacêutica e farmácia hospitalar. Foi director da agência reguladora de medicamentos de Portugal, ex-bastonário da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal.

Actualmente é director da revista de portuguesa de Farmacoterapia e membro de várias comissões científicas, além de docente universitário e responsável pela cooperação Internacional da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal e consultor na área de saúde, entre outras funções.

RECOMENDAÇÕES

Para que o farmacêutico possa continuar a merecer a confiança dos utentes dos serviços de saúde bem como de todos os actores envolvidos, a classe entende que deve continuar a sua aposta nas áreas de:

– Gestão terapêutica das doenças crónicas e doenças prevalecentes;

– Fármaco epidemiologia; avaliação de tecnologias da saúde (ATS);

– Gestão do risco e gestão do acesso.

Entretanto, os farmacêuticos mostraram-se dispostos a colaborar com o Ministério da Saúde (MISAU) na definição de metas, bem como em acções concretas de desenvolvimento da farmácia hospitalar, tudo isso visando o desenvolvimento do sistema de saúde em Moçambique.

Já a AFARMO é chamada, em coordenação com o sector farmacêutico privado e organizações não-governamentais (nacionais e estrangeiras), a impulsionar a  formação contínua dos seus filiados, como participação em estágios, pós-graduação, “workshops” e mais.

 

André Matola

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