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INFRA-ESTRUTURAS: Cabo Delgado rejubila com fábrica de cimento

Por admin

A população da província nortenha de Cabo Delgado tem motivos de sobra para sorrir com a inauguração, sexta-feira última, da primeira fábrica de cimento, pelo Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, o que abre enormes possibilidades da redução do preço deste material de construção naquela região.

Neste momento, de acordo com o que apurou o nosso semanário, o cimento é vendido ao preço de 500 a 650 Meticais, contra os anteriores 480 a 490 meticais que vigoravam até Maio último. Com a entrada em funcionamento da fábrica já se admite a possibilidade de redução do valor de compra, cujo fardo era suportado pelas populações com menos posses que agora sonham com a melhoria das suas casas, tanto é que, os gestores daquela infraestrutura garantiram fornecer mil toneladas daquele mineral não-letal a titulo gratuito como sua responsabilidade social.

Iniciadas em 2015, depois de uma polémica relacionada com estudo do impacto ambiental o que obrigou a três consultas públicas, a fábrica situa-se a cerca de 20 quilómetros da cidade de Pemba, a capital provincial de Cabo Delgado e está orçada em cerca de 24 milhões de dólares, fruto de uma parceria entre empresários moçambicanos e chineses e tem a capacidade de produzir 250 mil toneladas por ano.

A produção de cimento já era esperada há bastante tempo, razão por que os cerca de 2 milhões de habitantes de Cabo Delgado têm motivos para sorrir e já pensam na melhoria das suas casas na maioria construídas na base de pau-a-pique. 

A nossa Reportagem conversou com alguns residentes do posto administrativo de Miéze, distrito de Metuge, onde se encontra implantada a fábrica, cujas expectativas giram em torno da possibilidade da redução do preço do cimento para facilitar a sua aquisição.

Paulino Muropa, professor, disse que com a entrada em funcionamento do empreendimento espera melhorar a sua habitação ora de construção precária, localizada na sede do distrito de Chiúre, a cerca de 118 quilómetros de Miéze.

A nossa esperança é que haja redução do preço do saco do cimento para concretizar o nosso sonho de ter pelo menos uma casa de alvenaria. Antes não era fácil pensar em construir porque, o saco adquiria-se entre os 500 a 600 Meticais o que encarecia qualquer obra,disse Muropa visivelmente satisfeito com a nova infraestrutura 

A fonte apela as autoridades a serem rigorosas no controle do tabelado com vista a evitar que haja especulaçãopara o quenão queremos ouvir desculpas sustentadas na distância, como é o caso da cidade de Nacala, a cerca de 450 quilómetros de Pemba e a consequente alegacão dos custos de transporte.

Por sua vez, Lúcia Namashulua, administradora do vizinho distrito de Ancuabe disse que a fábrica constitui uma mais-valia para a província que poderá ver as suas infraestruturas melhoradas, sobretudo as habitações da população.

É a primeira fábrica do género na província pelo que terá um grande impacto na vida da população que vai melhorar as suas casas, o que vai contribuir para a elevação dos índices do desenvolvimento humano da província, para não falar do custo de vida, já que haverá lugar de pensar em outras prioridades com o pouco que possui,disse Lúcia Geraldo que já desempenhou as funções de deputada da Assembleia da República na sexta legislatura.

Quem também falou à nossa Reportagem é Xavier Rafael, também professor, desta feita da Escola Primaria Completa de Muepani, que considera a infraestrutura ora inaugurada como sendo crucial para a melhoria das casas dos professores.

A viver neste momento numa casa de pau-a-pique e com a cobertura de chapa de zinco, Xavier disse esperar a redução do preço do cimento para poder reabilitar a sua residência e transformá-la numa construção de alvenaria.

A satisfação é enorme na medida em que a fábrica de cimento vai concorrer para a melhoria das nossas condições de habitação e o desejo é que a oferta seja muita para reduzir o preço, se bem que neste momento comprar este produto não é para qualquer um, mas para endinheirados, disse o nosso entrevistado, apelando ao rigor na fiscalização aos comerciantes desonestos.

Queremos vantagens no preço

Filipe Jacinto Nyusi,presidente da República

Dirigindo-se à população, momentos depois de inaugurar a fábrica, o presidente da República, Filipe Nyusi, observou que a entrada em funcionamento deste empreendimento devem se reflectir na redução do preço do cimento para permitir maior acesso aos cidadãos.

Segundo o estadista, a instalação da fábrica naquela província enquadra-se na Politica Estratégica – 2016-2025, que coloca os sectores não metálicos dos quais o cimento faz parte, como dos que pode maximizar as oportunidades de emprego e a redução das importações deste produto bastante importante na construção civil.

Apelou que a nova fábrica concorra para a redução da especulação do preço do cimento naquela província de modo a permitir o maior poder de compra por parte das camadas carenciadas, o que irá influenciar a melhoria das condições de vida e consequente desenvolvimento humano.

“Este empreendimento constitui uma mais-valia na indústria de cimento porque apenas importa o klinker uma vez que o calcário usado é produzido localmente para além de que vai contribuir para a redução das assimetrias regionais e a redução do êxodo rural da população para a cidade”,disse Filipe Nyusi.

Acrescentou ainda que a fábrica realça a necessidade de se apostar noutros recursos disponíveis na província e não olhar apenas no petróleo e gás em prospecção na bacia do Rovuma.

“Temos que tirar vantagens do facto de a matéria-prima desta fábrica estar disponível a nível local o que significa que o povo deve tirar vantagens no custo real do produto longe das especulações”.

Num outro momento o presidente da República falou da contribuição do cimento na produção global tendo afirmado que em 2011 representava seis por cento e em 2015 evoluiu para dez por cento.

Em termos de unidades fabris notamos com satisfação que neste período saímos de 5 para 11 fábricas. Entretanto, mais de metade, portanto, seis, encontram-se localizadas na província de Maputo, estando as restantes cinco localizadas nas províncias de Sofala e Nampula,disse Nyusi revelando que hoje, cerca de 72 por cento do cimento utilizado em Moçambique é produzido internamente. 

Nyusi critica baptismo

duma sala com seu nome

Refira-se que a actividade do presidente da República naquela província compreendeu ainda a inauguração do edifício da procuradoria provincial, das instalações da Direcção Provincial de Cultura e Turismo e do Pavilhão Oficinal do Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional (INEFP), bem como procedeu ao lançamento da Rede Interinstitucional de Informação Geográfica de Moçambique, uma iniciativa adstrita ao Ministério dos Transportes e Comunicações.

Relativamente ao edifício da procuradoria, que possui uma sala de conferência baptizada com o seu nome, o Chefe do Estado afirmou que visa a aproximar o acesso de justiça aos cidadãos tendo apelado aos magistrados para trabalharem com zelo e responsabilidades no exercício das suas funções.

“A sala de conferências talvez não merecia ter esse nome porque o meu sonho é com uma justiça para o povo, promoção da celeridade processual. Ainda não atingimos esse sonho, mas o desejo é que trabalhem para maior acesso da justiça pelos cidadãos”,disse Filipe Nyusi sublinhando que respeitava a opção dos magistrados.

Sobre o pavilhão oficinal o presidente da República afirmou que era uma expressão inequívoca de que o Governo está preocupado com elevado índice do desemprego e procura desta forma soluções para minorar a situação e melhorar a capacidade produtiva dos moçambicanos, sobretudo das camadas jovens.

Refira-se que a oficina é uma parceria pública-privada com um equipamento moderno, estando orçado em cerca de três milhões de dólares. Está habilitada para formar jovens nas áreas de Electricidade Industrial, Manutenção Industrial, Metalo-mecânica, Serralharia, operadores de gruas, entre outras áreas que podem ser usadas na exploração dos recursos minerais disponíveis na província.

Texto de Domingos Nhaúle
domingos.nhaule@snoticicas.co.mz

Fotos de Armando Munguambe

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