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Guerrilheiros da Renamo revelam intenção de reactivar bases

Por admin

Guerrilheiros da Renamo capturados na posse de armas e munições em Homoíne confessaram que tinham a missão de reactivar antigas bases militares na expectativa de desestabilizar a província numa manobra de pressão sobre o Governo no diálogo político em curso.

Uma semana após a detenção dos sete guerrilheiros da Renamo e a apreensão de quinze armas de fogo do tipo AKM, mais de duas mil e oitocentas munições, que se encontravam na sua posse na cidade da Maxixe, província de Inhambane, estes capturados começam a fazer revelações sobre o percurso e destino final do material de guerra que vinha escondido em sacos de milho.

Manuel Joaquim Gemo, 38 anos, natural do distrito de Dondo, província de Sofala, guerrilheiro da Renamo desde 1985, foi um dos homens confiados para acompanhar o material bélico de Chimoio, província de Manica, até Maxixe na província de Inhambane .

Disse ter recebido ordens do seu chefe (identificado por Manuel António) no dia 19 de Fevereiro passado no sentido de juntar-se a um grupo em Chibabava  (Sofala) para se dirigirem à região de Mucombuze para levar uma “encomenda” cujo conteúdo desconhecia.

Segundo conta, chegado ao terreno, encontrou dez homens armados da Renamo na posse de dois sacos de munições. “Sem demoras, meteram material de guerra no carro em que nos fazíamos transportar e de imediato iniciamos a viagem de regresso à Inchope”.

No Inchope, Manuel Joaquim Gemo recebeu do seu chefe indicações para continuar com a viagem, com o papel de cuidar de outra “mercadoria” na zona conhecida por Casa Nova, local onde estava estacionada uma camioneta alugada. É esta camioneta que trazia sacos de milho que serviriam para esconder munições.

Para prosseguir com a viagem, Gemo disse à nossa Reportagem ter recebido dois mil meticais (para a sua alimentação pelo caminho) e um número de telefone da pessoa com a qual ia entrar em cotacto na cidade da Maxixe.

Pouco depois de Muxungué, o nosso entrevistado disse ter recebido um telefonema “do chefe, revelando que no carro havia quinze armas de fogo”.

Trata-se de armas que seriam recebidas por quatro elementos do grupo de avanço que estavam estacionadas na cidade da Maxixe há mais de uma semana.

O FAMOSO GRUPO DE AVANÇO

Dos quatro elementos do grupo de avanço fazia parte o delegado político da Renamo no povoado de Catine, Posto Administrativo de Pembe, distrito de Homoíne.

Trata-se de Felizardo Ângelo Muchanga, 44 anos, membro da Renamo desde 1986. Ele confirmou a nossa Reportagem que, estando em Maputo para uma consulta médica nos princípios de Fevereiro, recebera um telefonema de um dos chefes, próximo de Afonso Dlhakama, com a indicação de regressar à Inhambane para se encontrar com um colega identificado por Albertino.

Muchanga disse ter viajado dois dias depois, tendo encontrado o referido colega na Maxixe, que vinha numa viatura de marca Ford Ranger, cabine dupla, com um motorista e mais um elemento da Renamo.

O Albertino trazia no bolso quinze mil meticais que recebeu da delegação da Renamo em Chimoio para custear despesas de combustível, alojamento e alimentação daquele grupo de avanço, constituído por quatro elementos”, relata o nosso entrevistado.

Sabe-se que o grupo escolheu a unidade hoteleira denominada “Oceano” para alojamento. Uma semana depois recebeu da Renamo mais quinze mil meticais de “reforço”.

Segundo o delegado da Renamo em Catine, o grupo estava sempre em contacto com os seus superiores e, quando a “encomenda” partiu de Chimoio, recebeu ordens no sentido de ficar atento para interceptar a camioneta.

Falando a nossa Reportagem, Felizardo Ângelo Muchanga confessou que o material bélico de que estavam à espera tinha como destino a província de Inhambane para reequipar homens e reactivar as bases da Renamo no sentido de, caso não houvesse consenso no diálogo político o grupo “entrar em acção”.

“Não era para atacarmos. Devíamos aguardar por ordens para começarmos a pressionar o Governo a ceder contra as exigências da Renamo”, disse aquele quadro da Renamo.

Outro guerrilheiro da Renamo desde 1982, Albertino Ariscado Chopenga Mapossa, 50 anos, natural de Gorongosa, disse que também fora mandatado de Chimoio para trabalhar com o delegado da Renamo em Catine na reorganização das bases militares dos homens de Afonso Dlhakama.

Revelou que, uma vez em Inhambane, participou em manobras de reconhecimento nos distritos de Homoíne e Funhalouro.“Estávamos à espera de receber o material para começarmos a montar as nossas bases,  mas não para atacar a população. Estávamos a aguardar por ordem superior no sentido de iniciar com a guerra”, disse aquele guerrilheiro agora “arrependido”.

 

OPERAÇÃO DE NEUTRALIZAÇÃO

Foi na noite da quinta-feira da semana passada que, na zona de Joacane, distrito de Morrumbene, dez quilómetros da cidade da Maxixe, foram encontrados os homens armados da Renamo.  

 

O grupo que levava a “encomenda”, constituído por um guerrilheiro da Renamo, motorista e seu irmão , estacionou a camioneta aguardando pela equipa de avanço, os tais quatro homens que já se encontravam na Maxixe .

E porque o tempo de espera foi longo, entremeado de conversas dos homens nas bancas de Joacane, em linguagem estranha, a população desconfiou tratar-se de uma situação anómala, tendo imediatamente alertado à Polícia da Maxixe.

Nessa altura estava a chegar a dita equipa de avanço dos homens da Renamo, idos da cidade da Maxixe e, enquanto os dois grupos se cumprimentavam, chegavam os homens da lei e ordem.

Seguiu-se, então, a troca de tiros, tendo sido neutralizados cinco elementos. Dois puseram-se em fuga.

Os fugitivos eram os homens de reconhecimento, designadamente o delegado político da Renamo em Catine, Felizardo Angelo Muchanga e o chefe da equipa de avanço, Albertino Ariscado Chopenga Maposse.

Diligências policiais feitas pela PRM na Cidade da Maxixe saldaram-se na captura desses foragidos no posto de fiscalização de Zandamela, distrito de Zavala, quando viajavam a caminho da capital do país.

A PRM em Inhambane diz estar a trabalhar com aqueles homens no sentido de apurar outros elementos relacionados com a movimentação de homens armados da Renamo não só nesta província, mas também noutros cantos do país.

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