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Diálogo retoma amanhã

Por admin

O grupo de mediadores, delegação do governo e da Renamo, que forma a comissão mista de preparação do encontro entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, voltam reunir-se a partir de amanhã em Maputo para concluir a discussão dos diferentes pontos constantes na agenda.

Os trabalhos desta comissão encalharam no dia 27 de Julho passado na sequência da irredutibilidade da Renamo que entende que a discussão deve ser orientada para a sua governação nas seis províncias onde alega que terá ganho nas eleições de 2014, quando o entendimento do governo é diferente e assenta na Constituição da República que não prevê tal procedimento.

Para que a sua vontade seja acomodada, o governo tem manifestado a disposição de levar a cabo uma revisão global da lei mãe, mas condiciona tal procedimento a uma auscultação nacional, aliás, a nível partidário, o Presidente Filipe Nyusi designou um grupo de trabalho a quem encarregou de aprofundar o processo de descentralização do país, naquilo que pode ser visto como um sinal de manifestação de abertura para uma eventual acomodação da proposta da Renamo.

A ser concretizada esta reforma, os governadores provinciais passariam a ser eleitos, o que, mesmo assim, só poderia ser materializado somente no próximo mandato, ou seja, depois das eleições gerais de 2019.

Entretanto, as partes desavindas mantiveram as suas posições, a ponto de o grupo de mediadores solicitar a suspensão dos trabalhos, por uma semana, para permitir que trouxessem à mesa as suas propostas no quadro da abordagem do primeiro ponto de agenda, o tal que versa sobre a governação nas seis províncias.

Dias depois, o grupo de mediadores solicitou uma nova suspensão, desta vez do dia 27 de Julho até ao dia 8 de Agosto (amanhã) para permitir que as partes pudessem reflectir sobre uma proposta apresentada pelos mediadores para o alcance de uma saída do impasse prevalecente em relação ao já referido primeiro ponto da agenda.

Por outro lado, os mediadores alegaram que a suspensão visava melhorar a sua organização logística, ao mesmo tempo que o interregno seria aproveitado para se obter uma visão mais completa dos quatro pontos de agenda já acordada pela comissão mista e que devem ser tratados pelo Chefe de Estado e pelo líder da Renamo.

Aquando da interrupção dos trabalhos, o coordenador dos mediadores, Mário Raffaelli disse ter a esperança de que as negociações não durem muito tempo e apelou a um maior empenho por parte do Governo e da Renamo no sentido de criarem as condições necessárias para o restabelecimento da paz no país.

Entretanto, a partir da data em que as negociações foram suspensas, a Renamo voltou a protagonizar ataques em diferentes pontos da região centro e norte, onde ceifou vidas inocentes, destruiu bens móveis e imóveis, semeou terror, enfim.

Justamente no dia 26 de Julho, enquanto os mediadores anunciavam a suspensão das negociações, a Renamo atacou o posto administrativo de Inhamitanga, no distrito de Cheringoma, em Sofala, onde incendiou uma viatura do Instituto Nacional de Acção Social (INAS), os funcionários que seguiam na viatura foram agredidos e despojados dos seus pertences, incluindo dinheiro para o pagamento de idosos, no âmbito do programa “Subsídio Social Básico”.

Poucos dias depois, a Renamo voltou a fazer das suas no povoado de Tsane, localidade de Tsenane, distrito de Funhalouro, interior da província de Inhambane, onde espancaram violentamente os filhos do Secretário local do partido Frelimo, mataram a esposa deste, saquearam os bens e ainda atearam fogo à residência.

No sábado, dia 30 de Julho, homens armados da Renamo atacaram  a sede distrital de Mopeia, na província da Zambézia onde mataram duas pessoas, roubou diversos bens, incluindo medicamentos no centro de saúde local, assaltaram o comando distrital da Polícia e queimaram duas viaturas.

O administrador do distrito, Vidal Bila descreveu que os referidos homens “invadiram o Comando e queimaram o carro do Comando e outro da Educação, que estava estacionado.  Encontraram um preso e mataram-no, de seguida entraram na sala de sessões do governo, tiraram o cortinado, havia alguma comida, que era o resto daqueles que queriam fazer o balanço da sessão havida na véspera, levaram, e algumas cadeiras plásticas na sala de sessões, também lavaram”.

Na semana passada, o país ficou estarrecido ao saber que, novamente, homens armados da Renamo, num total de 12, atacaram de madrugada o posto administrativo de Maiaca, no distrito de Maúa na província do Niassa, norte do país.
Segundo o retrato descrito pelas testemunhas, dos 12 homens, nove é que estavam armados, porém, todos eles assaltaram o posto de saúde e da Polícia da República de Moçambique (PRM), assim como a residência do chefe do posto administrativo. Na unidade sanitária saquearam vários medicamentos e no posto policial retiraram peças de fardamento da corporação assim como queimaram processos e outros bens, apoderaram-se de vários electrodomésticos da casa do chefe do posto administrativo, destruíram parcialmente a casa.

 

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