Política

Dialogar sempre para ultrapassar as diferenças

O candidato da Frelimo às eleições presidenciais de 15 de Outubro próximo, Filipe Nyusi, disse semana finda em Mueda, província de Cabo de Delgado, que o diálogo é o principal recurso para ultrapassar os problemas do país. Defendeu que a força das armas em nenhum momento resolverá as diferenças entre os moçambicanos.

A vila de Mueda, província de Cabo Delgado, conheceu na última segunda – feira movimento desusado de pessoas que queriam celebrar e ver “in loco” Filipe Nyusi que se deslocou para participar nas celebrações do quinquagésimo quarto aniversário do Massacre de Mueda.

Dirigindo-se à população de Mueda, momentos depois de depositar uma coroa de flores no monumento dos heróis, o candidato da Frelimo disse que àquele lugar representava o exemplo e a cultura do diálogo que sempre caracterizou os moçambicanos.

“O diálogo de que se fala hoje no Centro de Conferências Joaquim Chissano também teve lugar em Mueda quando um grupo de patriotas, entre eles, Simão Nchusha, Modesta Neva, Bazima Dalamu, Simão Shambuzo e Cosme Paulo, tentou conversar com colonialistas portugueses para acabar com a opressão dos moçambicanos”,disse Filipe Nyusi apelando para o fim da tensão político militar o mais rápido possível.

Para o candidato da Frelimo o recurso à força das armas e à violência vai retardar o desenvolvimento do país, para além de destruir o tecido social e humano, criando luto e dor nas famílias moçambicanas.

“Nós não pretendemos resolver os problemas através da força das armas. Queremos falar como moçambicanos porque a própria luta de libertação nacional terminou com as negociações entre o governo português e a direcção da Frelimo que levaram a assinatura dos Acordos de Lusaka, a 7 de Setembro de 1974, Dia da Vitória”,explicou Filipe Nyusi.

Acrescentou que mesmo a guerra dos 16 anos que dilacerou o país um pouco depois da independência cessou com as negociações de Roma que deram lugar à assinatura do Acordo Geral de Paz, a 4 de Outubro de 1992.

Nesse contexto, Filipe Nyusi apela aos moçambicanos a fazer de tudo ao seu alcance para que os que estão descontentes se reencontrem com a sua própria história, tendo em vista a preservação da paz, unidade e coesão nacional.

“Viemos a Mueda para homenagear os libertadores da pátria, consolidar a cultura do diálogo, reforçar a tradição que os moçambicanos sempre resolveram os seus problemas através do diálogo”, disse Filipe Nyusi.

Na ocasião, o candidato da Frelimo apresentou Simão Nchusha, um dos sobreviventes do massacre de Mueda, tendo afirmado que este combatente era exemplo vivo de quão é importante a necessidade do diálogo.

“Este combatente desempenhou um papel importante antes do início da chacina colonial. Ele e os outros patriotas estavam reunidos com os colonialistas a exigir a libertação dos que estavam detidos, bem como melhores condições de vida para os moçambicanos”,salientou Filipe Nyusi para quem esta camada social merecerá especial atenção durante a sua governação.

De recordar que o massacre de Mueda ocorreu a 16 de Junho de 1960,  e foram assassinados mais de 600 moçambicanos que se dirigiram à administração colonial para exigir a libertação dos presos, melhores condições de vida e trabalho, de entre outras condições.

Um dos sobreviventes daquela chacina é Raimundo Domingos Pachinuapa, membro da Comissão Política da Frelimo e deputado da Assembleia da República.

CONFIAR NA MUDANÇA

O candidato da Frelimo dedicou algum tempo para falar do seu projecto de governação baseado, em três pilares, nomeadamente, preservação da paz e unidade nacional, confiança na mudança e desenvolvimento sustentável e no novo ciclo de coesão nacional e solidariedade social.

Sublinhou que a paz, desenvolvimento social e emprego para a juventude, serão alguns dos pontos fortes durante a sua governação caso ganhe as eleições presidenciais aprazadas para 15 de Outubro próximo.

Ainda no que concerne aos projectos, o candidato da Frelimo falou da necessidade de os moçambicanos continuarem a apostar na agricultura para o desenvolvimento do país.

Nesse contexto, afirmou que trabalhará no sentido do desenvolvimento de uma agricultura mecanizada tendo em vista à redução da importação dos produtos agrícolas para o consumo interno.

A intervenção do candidato girou igualmente em torno da situação política, económica e social que o país atravessa, sobretudo, o conflito na região central, bem como a questão da redistribuição da riqueza gerada com a exploração dos recursos naturais.

Nyusi disse à população que em nenhum momento a riqueza deve constituir motivo para a divisão entre os moçambicanos, visto que seus frutos são visíveis um pouco por todo o país, através da construção de infra – estruturas sociais, tais como estradas, pontes e escolas.

Aliás, sobre o desenvolvimento de infra-estruturas, Filipe Nyusi recordou que está em estudo a possibilidade da construção de um sistema de abastecimento de água potável à vila de Mueda a partir do rio Lúrio ou Messalo.

Também está em curso um estudo que visa o melhoramento de estradas que dão acesso à vila de Mueda, entre elas, Montepuez via Nairoto e Negomano- Awasse, entre outras.

Domingos Nhaule

nhaule2009@gmail.com

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