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Com insultos e violência oposição não vai longe

Por admin

O presidente do Partido Trabalhista, Miguel Mabote, disse em entrevista a este semanário que os insultos e a violência por parte dos políticos da oposição afasta-lhes, cada vez mais, da possibilidade de um dia virem a tomar o poder que se conquista com o debate de ideias alternativas ao partido que sustenta o Governo, o que se concretizaria através de um diálogo permanente.

O povo moçambicano,
diz Mabote, por
esse andar, está infelizmente
educado
a votar sempre
na Frelimo, que tem de ser o
único partido a governar, não
se vislumbra, assim a breve
trecho, que isso venha a mudar.
Para o entrevistado, mudança
não é forçosamente a do regime
ou do partido no poder.Para o Trabalhista, mudança
significaria nas políticas
públicas, como a economia,
saúde, educação, política de
emprego que reconhece estar
a seguir um bom rumo, mas é
verdade que quando um determinado
partido está no poder
de forma permanente torna-se
inerte e considera o eleitorado
um berço aonde descansa.
“A oposição não se está
a organizar para ganhar,
incluindo o meu partido e
eu próprio. No dia em que
a mesma se organizar vai
ganhar, vai ser muito fácil
derrubar este partido. Mas
enquanto a oposição continuar
a ser gerida como está
a ser, enquanto continuar a
ser sinónimo de guerra e de
insultos, não vamos a lado
nenhum”, afirmou.
Mabote criticava dessa maneira
a forma como a oposição
se comporta no dia-a-dia, o
que, na sua opinião, retrai o
eleitorado sério. O Partido Trabalhista,
conforme o seu líder,
está a fazer um trabalho que
consiste numa espécie de pesquisa
de opinião da sociedade,
depois dos sucessivos desaires
com que se confrontou eleição
pós-eleição, preocupado comos resultados que na prática
não vem.
Vocês entram em
defeso depois
culpam os
políticos…
A aparente desaparição dos
partidos políticos, principalmente
aqueles que não formam
o Parlamento durante os intervalos
inter-eleitorais, foi outra
das questões que pusemos a
Miguel Mabote, para ver confirmada
a ideia segundo a qual
a maioria das formações políticas
que engrossam o nosso
mosaico político emerge simplesmente
para disputar eleições,
porque elas são acompanhadas
de algumas benesses
financeiras que o Estado então
liberta.
Mabote devolve a pretensa
acusação, dizendo que, pelo
que sabe, a comunicação social
é que desaparece em alturas
afins, pois para si trata-se
duma falácia.
O que é verdade, segundo
o orador, é que há disposições
que consagram que aqueles
partidos com assento no Parlamento
gozem da obrigatoriedade
de serem publicitadas
as suas realizações, não sendo
o mesmo com relações aos outros
partidos.
“Um partido com representação
no Parlamento,
mesmo que seja para tossir,
vocês vão todos. Por isso,
essa aparente desaparição
é mesmo aparente, porque
quem entra em defeso em
relação a esses partidos é a
comunicação social”, defendeu-
se Mabote.
Pena da morte continuará a ser a nossa bandeira

 

Mabote explicou que o Partido Trabalhista
(PT) voltou à base para saber “o que se
está a passar e pelos resultados encontrados,
ainda que preliminares, dão-nos
uma ideia de que a razão funda-se no facto
de termos abandonado a nossa bandeira
com que nascemos desde o princípio,
a aplicação da pena da morte. Pena da
morte para quem mata”.
Agora está a ficar exagerado, de acordo
com a fonte, e ninguém se pronuncia sobre
a morte gratuita que pulula pelo país inteiro,
as pessoas esperam solução do género
do que espera de severo, aquele mata. Querem
que os políticos assumam isso na sua
plenitude.
Miguel Mabote diz que “estamos numa
fase de restruturação das bases, já que
naturalmente quando concorremos e
sempre perdemos, há aqueles quem desanimam
e é preciso reanimá-los. Por isso,
estamos a fazer a auscultação o mais
abrangente possível. Hoje até as pessoas
aparecem a declarar – eu matei -…”
Os resultados eleitorais já tinham sido
favoráveis em algum momento, recorda-nos,
quando o PT obteve assentos em Maputo e
Xai-Xai. Mabote referia-se ao facto de nas primeiras
eleições autárquicas, 1998, o Partido
Trabalhista ter conquistado três assentos na
capital de Gaza e dois em Maputo.
O nosso interlocutor diz ter o controlo da
situação dos membros e das respectivas representações
provinciais, mas não pode falar
de quotização, situação de que tem dúvidas
que haja algum partido com quotas em dia.
“Muitas vezes, tirando um e outro caso, é
a figura do líder do partido que tudo faz
para o partido não morrer, faz despesas,
etc”.
Para nos situar e passar a mensagem da
vitalidade da sua formação política, Miguel
Mabote, apesar de nos ter recebido num outro
lugar, na Avenida Agostinho Neto, n.º 1790, na
capital do país, disse-nos que tem sede.
Em termos de abrangência territorial, o
presidente do Partido Trabalhista confessou
que não dispõe de delegações provinciais,
mas sim de representações provinciais, que
são pessoas, pelo que não pressupõe um aparato
físico, mas sim de militantes que respondem
pelo partido.
O ambiente vigente não favorece a avaliação do quanto vale Nyusi

 

Miguel Mabote diz não ter uma bitola precisa
para avaliar Filipe Nyusi, na qualidade
de Chefe do Estado, mesmo tendo em conta
que está prestes a terminar um ano em funções,
alegadamente porque o ambiente não
favorece, dado que ele não está a governar
em paz e tranquilidade.
“É verdade, quando a expectativa é
maior, na mesma proporção é a decepção.
Todavia, governar num ambiente
como este e gerir dossieres quase estranhos
à si, é difícil no fim fazer contas.
Porém, o que nós podemos pegar como
um instrumento ou objecto de avaliação
é o discurso dele na tomada de posse. Falou
de inclusão e que não aceitaria que,
sob qualquer pretexto, um moçambicano
se virasse para o outro para fazer guerra.
Mas não está a acontecer”.
Na verdade, segundo Miguel Mabote, apesar
de politicamente a inclusão poder significar
pôr diferentes sensibilidades políticas na
máquina governativa e de gestão de empresas,
conforme a competência dos visados, é
na sua opinião aceitável.
“Sinceramente não estava à espera
com facilidades que fosse assim, mas eu
sei que há outras vertentes, que se valem
desse conceito, por exemplo, a de ideias.
Se as minhas ideias são tidas em conta,
estou a ser considerado, estou a ser incluído”
disse Mabote.
Para concluir: “é difícil avaliar o Presidente
Nyusi. Por enquanto devo ressaltar
que tem um discurso bonito, catalisador,
aglutinador que neste primeiro ano ainda
não encontrou espaço para o implementar”.

Pedro Nacuo

 

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