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Chefe do Estado enaltece vida e obra de Milagre Mabote

Por admin

Milagre Sebastião Mabote (1934 – 1965) é, até aos dias que correm, uma referência incontornável no imaginário dos habitantes de Maniamba, em Niassa, local onde a sua vida teve um fim abrupto. Mabote, herói nacional, foi, por isso mesmo, alvo de uma singela homenagem no dia 2 do mês corrente, na sua terra natal, encabeçada pelo Chefe de Estado Filipe Nyusi.

Aliás, o Presidente da República fez questão de destacar o exemplo de Milagre Mabote, colocando-o no mais elevado patamar da história da busca da independência levada a cabo pelos moçambicanos, que culminaria com a celebração da Independência Nacional em 1975.

Mabote nasceu em Chicumbane, província de Gaza, embora os seus pais fossem oriundos de Nkadini, no actual distrito de Mandlakazi, como resultado dos movimentos migratórios muito em voga na década 20. É filho de Sebastião Mabote e Lesi Mapsanganhe. O pai, segundo consta, atribuiu-lhe esse nome por ter considerado prodigioso o seu nascimento depois da perda de dois filhos.

Curiosamente, Milagre Mabote teve Hlomulu (miséria) como nome tradicional.

Algum tempo depois do seu nascimento, foi instalado em Chicumbane um complexo social da Missão Suiça composto por uma escola, igreja, hospital e um centro internato. Milagre, mais tarde, frequentaria a referida Missão ao mesmo tempo que ajudava o pai nos trabalhos de campo e apascentamento do gado.

A sua infância, marcada pelo alto grau de descriminação racial, sobretudo na escola, terá despertado, desde tenra idade, o seu espírito nacionalista que mais tarde o faria juntar-se a outros companheiros da Frelimo na luta pela independência nacional. Participou activamente nos trabalhos de difusão de informações, debates políticos, entre outros aspectos, na clandestinidade, antes de abraçar a via armada.

Na cerimónia de exaltação de Milagre Mabote, o Chefe de Estado disse: “Estamos aqui para comemorar, com esperança e afeição, a dimensão de Milagre Mabote que felizmente a nossa memória não nos deixa esquecer. Foi um homem de saberes notáveis, destemido por excelência e comedido nos posicionamentos evidenciados na sua juventude”.

O presidente fez questão de lembrar que Milagre Mabote fez parte do grupo de jovens nacionalistas que em 1963 foram para Argélia. No grupo pontificavam Feliciano Gundana, Valentim Ntumwa, Jorge Adengenae, Cassiano Alato, Casimiro Nkakadanga, António Lalangashi, João Ncosho, Oreste Nandanga, Fernando Nkanela, Jonas Charls e Lameq Michangulo.

“Faz parte da nossa riqueza como Povo respeitar e admirar todos aqueles que serviram este país nas situações mais difíceis, adversas e extremas. Sem esses filhos não falaríamos de nenhum outro tipo de liberdade, seríamos menos responsáveis e menos sérios se não nos lembrássemos daqueles que por este país deram tudo de si”, fez questão de destacar o Chefe de Estado.

A frase ganha todo o valor se nos recordarmos que Milagre Mabote foi atingido mortalmente a tiro em Maio de 1965, na povoação de Chiulica, Posto Administrativo de Maniamba, no distrito do Lago, província de Niassa, em cumprimento de uma missão espinhosa emanada pelo comando da província.

Mabote, depois de abater a tiro de pistola dois agentes da polícia colonial portuguesa e empreender uma fuga debaixo do fogo inimigo, viria mais tarde a ser surpreendido no Rio Matitima, local onde cuidava de um ferimento à bala numa das mãos. Em clara inferioridade numérica, Milagre Mabote sucumbiu ao fogo inimigo.

Belmiro Adamugy

 

belmiroa.damugy@snoticias.co.mz

 

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