O académico Eduardo Chiziane considera a intenção da Renamo de boicotar as eleições agendadas para o dia 20 de Novembro próximo como um autêntico desaire político se considerarmos que
trata-se de uma espécie de antecâmara para as eleições gerais de 2014.
“Os motivos alegados me parecem ilegítimos no sentido de que eles tiveram a oportunidade de fazer vincar as suas posições durante os debates que até foram interrompidos para as negociações entre as chefias das bancadas. Aliás, a Frelimo fez um grande esforço para que se aprovasse uma lei consensual mas eles persistiram na paridade”,disse Chiziane para depois acrescentar:
“È preciso saber se esta exigência tem fundamento legal, aliás, teríamos que nos perguntar se há uma obrigatoriedade de se estabelecer a paridade nos órgãos e assim sendo, como é que ficaria o princípio da maioria parlamentar?”.
Num outro momento, Chiziane referiu que para além de vir a constituir um grande prejuízo para a própria Renamo, o boicote pode também desembocar num défice para a nossa democracia.
Entretanto, frisou que nem todos os militantes da perdiz podem estar de acordo com a decisão de boicotar as eleições. “Uma das consequências imediatas, que sobretudo é política, é que se os argumentos apresentados não forem convincentes, certamente vai haver um certo descrédito junto da sua base de apoio, uma vez que tenho dúvidas de que haja consenso generalizado sobre a não participação nas eleições”.
“Aliás, é só recordarmos o que aconteceu aquando da tomada de posse no Parlamento, em que o líder dizia que ninguém devia tomar posse, mas os eleitos ignoraram a recomendação do líder e foram empossados, referiu Chiziane.
No que diz respeito a própria lei, Chiziane disse que era difícil compreender como é que seria implementada a posição da Renamo. “Ao manter esta decisão, estarão a demitirem-se do seu papel de oposição, uma vez que os argumentos apresentados são inaceitáveis. O outro aspecto é que é difícil conceber uma situação em que o partido com maioria parlamentar não use esse ganho para adoptar instrumentos que lhe sejam favoráveis”.
