O cientista político, Jaime Macuane, começou por afirmar que as lideranças políticas não devem coarctar os anseios da população impedindo-os de participar nos processos eleitorais que são um
veículo de alternância dos governos democráticos.
Para Macuane as ameaças da Renamo podem não estar exactamente relacionadas com a existência de órgãos eleitorais mais transparentes, mas sim com dificuldades de acomodar parte significativa dos seus quadros que sempre tiveram na mira alcançar a CNE.
No entanto, sublinhou que tendo em conta as desconfianças que sempre pairaram em torno do funcionamento da máquina de administração eleitoral, é normal que a Renamo não tenha crenças da sua profissionalização.
Numa situação em que ela parte com uma representação minoritária nos órgãos eleitorais e sendo estes alegadamente viciados, é normal que não tenha muita esperança, mas não creio que tenha feito muita coisa para melhorar o funcionamento destes órgãos. Aliás, a Renamo junta este aspecto ao facto de não estar organizada neste momento, pelo que é razoável que opte por não participar nas eleições”,disse Jaime Macuane para quem esta atitude pode enterrar em definitivo as esperanças da base social da Renamo.
Compulsando sobre o próprio pacote eleitoral, Macuane afirmou que ainda carece de profissionalização, sobretudo no que diz respeito à selecção dos membros para os órgãos de administração eleitoral.
Há um elemento profundo que existe em todos os estudos, que é saber até que ponto os nossos processos eleitorais são credíveis. Este elemento transcende a própria Renamo, daí que é necessário reflectir sobre ele e vermos quais são as opções que surgem no novo “pacote eleitoral”,disse Macuane apontando como um dos aspectos que põe em causa a credibilidade e transparência das eleições a presença ostensiva das forças policiais para além do raio determinado na lei.
Sobre que repercussão terá esta decisão caso não haja um “volte-face”, a nossa fonte referiu que era deveras preocupante sobre tudo para a base social da Renamo que a medida que o tempo passa vai perdendo esperanças de ver os seus dirigentes a assumirem o poder.
“Creio que os principais apoiantes deste partido podem não estar estimulados para tomar parte nestas eleições por várias razões. Uma delas é que depois das sucessivas derrotas estejam desencantados e desorientados. Mas também é preciso ter em conta a fraca actividade política da oposição, que faz com que as pessoas não tenham muitas opções, então para eles estes processos não são atractivos porque não conseguem eleger os seus membros”,disse.