Achamada Zona Militar vai ser requalificada. Ali tudo vai mudar. Em breve. Ao que se pretende, para melhor. Significa isto que tudo o que ali existe irá deixar de existir. Irá desaparecer. Para dar
lugar a um outro melhor. Mais moderno. Mais em moldes asiáticos. Sob o título Residentes reassentados em Albasine e Zimpeto, este semanário, na sua última edição (página 3), escreve que Mais de 270 famílias residentes no Bairro Militar, na cidade de Maputo, serão transferidas para os bairros de Albasine e Zimpeto, arredores da cidade de Maputo, arredores da capital do país. Igualmente serão transferidas daquela zona todas as infra-estruturas do Ministério da Defesa como quartéis, o Clube e o Hospital Militar. Ao foi esclarecido, para ali serem construídas infra-estruturas do ramo comercial como hotéis, condomínios, restaurantes, entre outros. Como se sabe se percebe, quase tudo o que ali existe deixou de ter razão de existir. Desde há bastante tempo. Mas parece que o processo não se mostra completamente pacífico. Tão pacífico como seria de desejar. E que está a instalar-se um clima de “finca pé” entre o Ministério da Defesa e os residentes. Os moradores. Apesar das garantias dadas a estes, no sentido de que o Governo tem procurado conseguir um acordo com um empresário que garanta a construção das casas nos locais onde foram indicados de forma a acomodar as suas infra-estruturas, assim como os residentes daquele bairro. Quer dizer, pelo que se pode ler em letra de Imprensa, até ao momento existe nada. Nada mais do que nada. Só promessas de.
Como todos sabemos, somos um país onde a assistência médica e sanitária está longe de satisfazer as necessidades. Como todos sabemos, também, o Hospital Militar de Maputo é considerado, por muito entendidos, como uma unidade de referência. Digamos, segundo algumas opiniões, um dos melhores do país. Tanto em termos de instalações como de condições de trabalho e de assistência médica. A sua destruição poderá significar – e significa – uma perda insubstituível para o país. Sequer importa saber que se trata de uma construção do tempo colonial. O que nos importa saber é que era de grande importância, hoje, para os moçambicanos. Militares e civis. Não terá, certamente, o valor histórico do Hospital da Ilha de Moçambique. Um dos melhores, senão o melhor, de toda esta região africana. Ao tempo em que foi construído e entrou em funcionamento. Hoje também, e ao que parece alvo, dos apetites de interesses económicos. Ali, como aqui, poderemos ganhar maus hotéis, más instalações turísticas e perder o que foram bons hospitais. Mas, ao que parece, nestas questões já não é o sonho que comanda a vida. O que comanda a vida é o dinheiro. São os interesses económicos. Sobretudo, asiáticos. Fica por saber até quando. Até quando irá chegar a cegueira pelo dinheiro. Até porque, como todos sabemos, tudo na vida tem limites.