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Sobre O Meu Direito De Querer Especular

Por admin

Desejo também exercer o direito de especular sobre as hipóteses de cenários causadores da remodelação governamental e sobre os presidenciáveis, sobretudo

 

desejo especular sobre os especuladores. Notei que durante as semanas antecedentes ao X Congresso muito do espaço da comunicação social se dedicou a este tema e, quero crer, comparando o dito e escrito por doutíssimos analistas e, o acontecido realmente, concluo que ou nenhum soube analisar ou a todos faltou a mais elementar competência.

Perto de duas mil pessoas de todos os quadrantes e do país inteiro votando secretamente podem trazer muitas surpresas.

Julgo que ninguém previu que membros da Comissão Política ou do Secretariado do CC não lograssem obter o número de votos para a reeleição para o Comité Central tal como veteranos respeitados do Partido. Ninguém anteviu que o Primeiro-Ministro e a sua antecessora não conseguissem a reeleição para a Comissão Política. Os nomes novos que surgiram na Comissão Política e no Secretariado do CC ora eleitos, dos governadores e ministros designados nunca se consideraram nas diferentes elucubrações. Então falharam!

Há necessidade de nos convencermos que umas conversas no café ou beberricando uns copos não significam que se traz à tona a sensibilidade do país inteiro e que este existe para além de uns rincões na capital.

Houve mau desempenho de alguns, sim, mas nem todos com mau desempenho, com más posturas e resultados deploráveis tombaram no voto e, não se reelegeram muitos com bom desempenho.

O hermetismo deste e daquele dirigente, a sua ausência no trabalho nas bases, nessas inúmeras capitais de distrito e sedes de localidade pesa tão negativamente como promessas não cumpridas e discursos de sucessos tapando os desaires. Há que estar também consciente que no pântano dos sentimentos e perceções, na política, na cabeça das gentes o justo também paga pelo pecador donde os amálgamas, por vezes bem injustos.

O sistema eleitoral em que cada candidatura não está acompanhada de um CV, em que não se precede a eleição de uma discussão, facilita o aleatório e não beneficia necessariamente a melhor aposta.

Um certo momento Guebuza afirmou que o largo debate que antecedeu o X Congresso, indiciou as pistas para os resultados eleitorais do Congresso e a subsequente remodelação lógica do Governo. Há que dizer que um Congresso não passa normalmente de um culminar de todos os passos que conduzem até lá.

Vai-se iniciar o debate sobre as candidaturas para edis, para deputados incluindo da Assembleia da República, do designado para pugnar pela chefia do Estado.

Espero e apoiarei as acções que conduzam à melhor escolha, sem que esta se baseie nuns copos, nuns apadrinhamentos, no nepotismo, ou nos factores infames de tribalismo, racismo, regionalismo que apenas servem de camuflagem a ambições mais que mesquinhas. Há que conhecer e debater as posturas dos candidatos, não apenas nas conferências que os elegem, mas primeiramente nos locais de trabalho e de residência, garantir que se saiba de quem se trata, que missão deseja cumprir, se pretende tornar-se o primeiro no benefício e o último no sacrifício, ou o contrário. Candidata-se para servir ou para se servir?

Os métodos a que se recorria antes do multipartidarismo não se podem considerar maus, antes pelo contrário, constituíam um verdadeiro crivo das intenções. A metodologia actual provoca o denunciado por Guebuza: assalto à consciência do partido.

Devemos debater a sério os critérios para as candidaturas, o percurso seguido por cada um na sociedade, no local de trabalho, no Partido. Essas posturas e os desempenhos podem-nos ajudar a prever como vai agir se eleito. Há que saber que ninguém vai contratar o melhor electricista do mundo para fabricar uma porta de madeira. Por outras palavras, que talentos revelou o postulante para desempenhar correctamente o seu mandato como deputado, presidente do município, Chefe do Estado.

Um camponês de elite pode não estar em condições de debater um orçamento, e um excelente economista refugiado nos números e computadores pode-nos causar terramotos como os de Fevereiro de 2008 e Setembro de 2010. Notem os remédios envenenados que as mentes mais brilhantes da União Europeia e Bretton Woods impingiram em tantos locais, incluindo na Europa. Claro que depois reconhecem, mas como compensarem-se os danos? A quem beneficiou a liquidação da MABOR, COMETAL, MAQUINAG, das indústrias do têxtil e do caju?

Mais do que nomes que se badalam por aqui e por acolá, que se discutam perfis, procuremos os dados das experiências e resultados do trabalho de cada um, o estado físico apropriado ao desempenho da tarefa. Se na obtenção de um emprego numa empresa séria esta pretende conhecer o estado de saúde daquele que vai preencher a vaga, deveremos considerar errado que o edil ou Chefe do Estado nos diga como vai o seu corpo e a sua mente?

Cessemos a especulação sobre quem vai Guebuza escolher para o substituir, discutamos sim e com seriedade quem pode vir a calçar os sapatos de Mondlane, Samora, Chissano e Guebuza. Estamos a escolher os nossos dirigentes, quem nos vai governar e não os predecessores e seus desejos, mesmo bons. Para esta seriedade, o meu abraço,

Sérgio Vieira

P.S. Com dezoito anos, ainda bem jovem, pela primeira vez eu tornei-me vítima da idiotice implacável das comissões de censura tão próprias do fascismo e dos fanatismos inquisitoriais das mais variadas seitas religiosas e servidores tacanhos dos poderes financeiros, políticos, administrativos e etc.

Existem linhas editoriais de cada órgão de comunicação social, essas linhas nunca se podem confundir com comissões de censura. Houve um tempo em que cá na terra só havia um ou dois quotidianos, uma rádio, uma estação de TV e creio que um semanário. Hoje há dezenas, com as mais diversas opções de linhas editoriais e, porque não dizer, enfeudamentos aos dinheiros de cá e de fora. Mas não existem comissões de censura.

Existem aprendizes de censores, de fascistas. Ignoram que transformando algo em fruto proibido, o tornam mais apetitoso.

Nunca imaginei que na minha terra surgissem fascistas e censores, que mandam encerrar rádios, confiscar jornais, cortar emissões, reprimir jornalistas, estabelecer listas de pessoas proibidas de escrever ou aparecer nas telas da TV, porque não se submetem ao nihil obstat das santas inquisições.

Abraço todos que combatem o fascismo,

SV

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