Num jogo de futebol, na grande área, não se pode falhar. É a chamada área de rigor, área restritiva no basquetebol, em que tudo se tem que resolver em poucos segundos. E é aí, que se vê quem os tem… no sítio!
Pois bem. É na área de rigor que pretendo interagir com os leitores, versando assuntos variados, com particular incidência no desporto, “um parente rico”das minhas paixões dos últimos 40 anos e que, seguramente me vai acompanhar pelo resto da vida.
Portanto, é para falar de rigor, ou da falta dele, que inicio esta coluna. Rigor, o tal que viveu, em permanência, nos dicionários dos mais velhos, mas que se foi “desbotando” ao longo dos tempos, provavelmente sob a capa da liberdade e democracia, razões que deveriam significar precisamente o inverso da libertinagem e facilitismo que vivemos.
POSITIVO!!!UM SALDO
QUE ESTÁ EM… SALDO
“O saldo é positivo”!
Quem, nas últimas semanas e meses, não terá ouvido ou lido este pronunciamento?
Está-se em presença de um saldo que está em saldo, porque usado ao desbarato, como resultado de conferências não digeridas de prestação contas, “balanços mal-nutridos” de acções de vulto, ou resultados de competições desportivas ou culturais em que algumas vezes até ficamos na última posição. Em todos os casos, o balanço é…positivo!
E para quando os saldos reais, os saldos negativos, estes sim, motivadores de correcções?
Há quantas décadas – se alguma vez isso aconteceu – uma figura da nossa praça terá tido a coragem de dizer, perante o incumprimento de uma qualquer actividade, que o saldo é, na verdade, negativo?
O “chavão” do saldo positivo, começa na cúpula e vai até à base. É uma frase feita, abusivamente usada pelo conluio dos incapazes de executar e/ou controlar, que escamoteia realidades, para “dourar pílulas”, para não ferir susceptibilidades. Em suma: para esconder verdades, em nome do politicamente correcto. É o facilitismo elevado ao seu mais alto grau.
O RIGOR… OU A FALTA DELE!
As saídas têm como guia uma palavra cada vez mais ausente entre nós: rigor!
Porquê?
É no RIGOR, que começa nas exigências a nós próprios, que vem a legitimidade para impormos o cumprimento aos outros. Este é o segredo!
RIGOR. Em quê?
1. Nas metas que se traçam, que têm que contemplar ambição, mas também realismo e comedimento;
2. A partir daí, se a meta for planificada com RIGOR, teremos que nos transformar em escravos dela;
3. Em nenhuma circunstância se deveria aceitar o cumprimento de uma meta em “xis” por cento. Só a cem por cento. Senão, o grande ausente, será… o RIGOR!
4. RIGOR: Omnipresente, autoridade acima das convencionais, terá que ser o “patrão”. Sobretudo da nossa consciência!
5. RIGOR! Terá que mandar, como resultado danossa reconhecida capacidade de inovação e improvisação, das noites perdidas, do hino à persistência e dos inúmeros etecetras que aqui se poderiam colocar.
6. RIGOR! Diz-me! Desde quando começaste a não fazer parte das nossas vidas, do RIGOR dos nossos dicionários?
7. Não sabes? Não queres reagir?
8. RIGOR! Vou responder-te com uma insinuação, que rezo e prezo não seja a verdadeira.
Ela aqui fica: será que tu te “escafedeste”, a partirda altura em que a gesta libertadora do nosso país expulsou o “chibalo” das nossas vidas?