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QUAL SERÁ O FIM DE AFONSO DLAKAMA?

Por admin

«Se um homem ferir alguém com um objecto de ferro de modo que essa pessoa mora, ele é assassino, terá que ser executado» Números 35:16; Génesis 9:6; Êxodo 21:12; Levítico 24:17; Actos 25:11

 

Acentuai o próprio equilíbrio e o Senhor vos abrirá a porta de novos conhecimentos!" (Emmanuel Kant)

 A conduta do ser humano designa o estado em que o mesmo produz o seu
comportamento, considerando a sua actividade, e a sua contribuição na sociedade. Sobre o comportamento ou conduta dos homens,Immanuel Kant, um filósofo Alemão do século XIX (dezanove), legou para a humanidade o seguinte pensamento: «…o espírito ou razão modelava e coordenava as sensações, sendo as impressões dos sentidos externos apenas matéria-prima para o conhecimento». Na terra onde nasceu e ainda vive a viúva do falecido marido da minha mãe, (hoje uma nonagenária rija saudável, chata, exigente e lúcida, diga­se de passagem), é lá onde também nasceu o marido da filha da minha sogra, onde gastou toda a sua infância e adolescência. Viveu todos os anos dessa sua infância com as suas avós que o ensinaram e ele aprendeu também no dia a dia que havia dois tipos de pessoas do ponto de vista de vivência comportamental: as Lúcidas ou sãs, (normais) e as dementes, vulgo malucas, (anormais). Para pessoas distraidas e preguiçosas no pensamento, digo que, esse marido da filha da minha sogra sou eu! Em relação aos indivíduos que apresentam o desequilíbrio emocional como característica comportamental, por dificuldade de lidarem com as suas emoções, a «Ciência prática», das minhas avós ensinou­me também que, não obstante existirem vários tipos, contudotodos eles, compartilham uma apresentação comum de sintomas, podendo ser agrupados sumariamente em quatro categorias, embora Philippe Pinel, chamado «Pai da Psiquiatria Moderna», se mostre de forma ambígua frente a essas categorias, pois se por vezes, dizia não acreditar em causas orgânicas para a mesma, noutros momentos declarava reconhecer dois tipos de loucura: a alienação originária ou hereditária, que seria herdada; e outra resultante de uma educação corrompida sobre a razão, que resultaria na perda ou no “desgarramento” desta.Deixemos o Psiquiatra Francês com as suas teorias e vamos escutar a «Ciência prática» das minhas saudosas avós que teimavam em ensinar­me que apenas existem quatro categorias de locuras, designadamente: Wo Xanga,(Louco); Wa Nyoka,(Esquisofrénico); Wo Baruka (Maltrapilho) e Wa Di Bambane, (Maluco). Analisemos embora de forma resumida cada uma destas quatro categorias: 1 ­ Wo XANGA. (LOUCO),termo amplamente utilizado pela população que é aquele sujeito que perdeu a razão, que tem pensamentos e acções sem sentido, tem comportamentos distorcidos que fogem à regra; é um “alienado mental”; 2 ­ Wa NYOKA, (Esquisofréico), pessoa atormentadapor um transtorno mental complexo que dificulta fazer a distinção entre as experiências reais e imaginárias; tem dificudade em pensar de forma lógica; dificuldade em responder às emoções normaImente e tem dificuldade em comportar­se normalmente em situações sociais); 3 ­ Wo BARUKA, (Maltrapilho), vulgarmente conhecido por Farroupilha, é uma pessoa que anda coberto de andrajos e vive basicamente de lixo; e 4 ­Wa DI BAMBANE.(APANHADO), Maluco, maníaco, desequilibrado, lunático. Este, segundo ensinaram as minhas avós, o seu comportamento é influenciado grandemente pelas fases da Lua. De um modo geral qualquer um destes tipos representa no mínimo um desassossego e até certa medida, um perigo para as restantes pessoas sãs.
Em conclusão se pode afirmar que, todas estas quatro Categorias de pessoas sofrem a perda ou redução progressiva das capacidades cognitivas,de forma parcial ou completa, permanente, momentânea ou esporádica, suficientemente importante ao ponto de provocar uma perda de autonomia do indivíduo. Sobre as pessoas lúcidas e sãs, penso que o caro leitor(a) e eu sabemos como se caracterizam, pois nós (eu e você), somos umas delas e felizmente somos a maioiria absoluta. Ainda bem!Deixem-me apresentar-vos alguns episódios tristes causados por um desses indivíduos anormais: Na minha vida infantil, fui várias vezes vítima de sevícias infligidas por um desses Loucos. Perto da Escola da Missão onde eu fiz o Ensino Primário Rudimentar, vivia um «Wo Xanga», (Louco). Um Rapaz, de aparência fisicamente normal, grande agricultor que, com uma enxada na mão, transformava-se num autêntico mulo. Ninguém conseguia competir com ele, pois deixava todos os outros agricultores atrás, sendo no entanto os únicos sinais visíveis da sua perturbação, o embaciamento dos seus olhos e as suas atitudes e actuações muitas vezes infantis. Mas, durante muito tempo, parecia uma pessoa normalíssima, sendo que uma vez por mês e durante dois ou três dias, tornava-se uma pessoa absolutamente insuportável, mesmo que a sua tara não representasse um perigo de morte. Lembro das várias vezes que ficava à nossa espera escondido numa moita, próximo dum riacho que havia, impedindo-nos de atravessar o riacho e obrigando-nos a atrasar na Escola só para «brincarmos» com ele. As suas brincadeiras consistiam em nós ouvirmos as suas cantilenas desconexas sem nenhuma graça enquanto batíamos as palmas. Tinha muito prazer em ver a nossa aflição ao saber que iríamos ser castigados pelo nosso atraso. Afora aquela tara, algumas canções até tinham alguma piada. Muitas outras partidas nos pregou o desgraçado, ao longo da nossa vida infantil. Infelizmente ele teve um fim triste. Muitos anos depois, regressei para o local e perguntando por ele, contaram-me que foi morto por «Matshangas», durante a guerra dos Dezasseis anos que, sem conhecer o seu estado mental, acharam que ele estava a fazer-se e sem mais contemplações, apagaram a vida daquele doidivanas, dando-lhe um tiro na cabeça. E agora, vem a derradeira pergunta: Em que grupo de pessoas se enquadra Afonso Dlakama e que fim o espera?

 

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