Desporto

Candidato oferece bolas

Enoque João, o único candidato confesso à presidência da FMF, continua a alimentar a sua pré-campanha, contactando os eleitores e oferecendo material desportivo aos clubes no país inteiro, como forma de minimizar a sua crónica pobreza.

O último clube a receber material das mãos do ainda presidente da Casa de Moçambique de Portugal, Enoque João, foi o Estrela Vermelha de Maputo, quinta-feira, 26 de Março de 2015, soube domingo do presidente do clube, Luís Manhique.

Manhique não entrou em detalhes sobre a oferta, mas afiançou-nos que Enoque João deu ao seu clubes trinta (30) bolas, das quais vinte (20) para formação e dez (10) para a equipa sénior.

O presidente dos “alaranjados” achou a oferta de “um gesto normal”, mesmo admitindo que em casos idênticos possa haver outros interesses.

Com a oferta de material desportivo, que tanto falta aos clubes nacionais, Enoque João pode vir a colher dividendos na sua luta de um dia dirigir o futebol moçambicano, já que, a sua pretensão de ser nomeado pelo Presidente da Republica, Filipe Nyusi, ministro da Juventude e Desporto, esfumou-se.

Os clubes influenciam na tendência de voto das associações provinciais, mesmo que se reconheça o elevado apetite dos respectivos presidentes no dinheiro da corrupção, que lhes faz votar no candidato-patrão ou dos patrões ao invés do escolhido a nível provincial. João Enoque João bem sabe disso.

Enoque João

ou João Carlos

– Joaquim João, antigo jogador

Joaquim João, aceitaria encabeçar uma lista às próximas eleições da FMF?

Para todos os cargos é preciso ter um elenco de gente competente. Com um elenco favorável todo indivíduo vê-se facilitado a ser presidente de qualquer instituição, no caso concreto da federação. Eu penso que se o actual presidente da FMF não se recandidatar, já que fez coisas boas e possíveis, do meu ponto de vista, vai sair de cabeça erguida e sem pressão. Vai estar sempre presente na mente de todos os moçambicanos.

 

Que tipo de pessoa seria ideal para suceder Feizal na presidência da FMF?

Para sucessor de Feizal Sidat temos muitas figuras capazes de levar o nosso desporto a patamares altos. É preciso que se defina o perfil de dirigentes federativos. Penso que deve haver uma miscelânea, em que não faltem empresários desportistas e uma maioria daqueles que tenham se destacado na prática da modalidade. Isso permitiria inversão do cenário do nosso desporto, do actual estágio para o melhor.

Tem nomes desse tipo de dirigentes?

 Temos João Carlos da Conceição, temos o doutor Enoque João, que acho ter esse perfil, tendo em conta a convivência que ele teve na Europa. E porque não apostar nos antigos atletas como Chababe, Nuro Americano, Chiquinho Conde, Orlando Conde…Eu Joaquim João Fernandes gostaria de ser só assessor de direcção. Estou aberto para isso, seja qual for a lista vencedora. Estou cansado de viajar…Só quero ser assessor.

Não vejo ninguém senão Cazé

– Rafindine Mahomed, ex-presidente do Maxaquene

Entendo que é preciso acabar com pára-quedistas no futebol. Venho dizendo desde os tempos em que era presidente da Associação de Futebol da Cidade de Maputo que a federação não tem projecto claro para o desenvolvimento do futebol nacional. Na última Assembleia-geral da FMF em que participei falava-se da hipotética possibilidade de Moçambique se qualificar para o Campeonato do Mundo, que se realizaria na África do Sul. Eu dizia que era sonho impossível, porque as pessoas fazem planos sem qualquer base e andam aqui para enganar as outras pessoas.

Refere-se aos presidentes das associações provinciais?

Os presidentes das associações só se preocupam com o seu umbigo. Vão nessa onda de se servirem do desporto. Se formos a verificar, veremos que os campeonatos provinciais estão cada vez mais com menos clubes. A alta competição, verdadeiramente dita, está a desaparecer e queremos sucessos ao nível das selecções nacionais.

Quem seria o homem ideal para a FMF?

Eu acho que Dr. Cazé (Carlos de Sousa) rodeado de boas pessoas seria o homem ideal para presidente da FMF. É um homem totalmente do desporto; no Estrela Vermelha de Maputo foi presidente de direcção; trabalhou na federação como médico das selecções; foi vice-ministro da Juventude e Desporto.

Com gente séria à sua volta sairia bem sucedido. É a única pessoa neste país capaz de corresponder aos anseios dos amantes do futebol e de todos os desportistas.

Candidatos de 2011

(ainda) no silêncio

Os candidatos derrotados nas eleições de 2011 que conduziram Feizal Sidat para o segundo mandato continuam no silêncio, deixando antever que desistiram do projecto de dedicar todas as energias para a melhoria do futebol moçambicano.

O jurista Carlos Jeque e o empresário Baptista Bonzo são duas figuras que atingiram a fase decisiva eleitoral, tendo sofrido uma pesada goleada nas urnas.

Carlos Jeque tentou inclusive impugnar as eleições alegando irregularidades, reclamação não atendida pela Mesa da Assembleia Geral da FMF.

Baptista Bonzo foi vice-presidente de Feizal Sidat e desde as eleições desapareceu dos campos de futebol. Na altura, foi apelidado de “menino atrevido” que queria derrubar o próprio pai.

Já Policarpo Tamele, activista juvenil, viu sua intenção gorada ainda na entrada do expediente na Secretaria da FMF, por insuficiência dos requisitos exigidos para a submissão duma candidatura.

Alguém que reconheça

a importância dos clubes

 – Luís Manhique, dirigente

Luís Manhique, estaria disposto a liderar uma lista para o trono da FMF?

Eu não aceitaria se tivesse que ser para as eleições previstas para este ano. Ainda não trabalhei para mobilizar as associações para vender um projecto ideal de um presidente credível para a federação.

Troque isso em quinhentas.

Deveria ter-me organizado para oferecer um leque de acções que buscassem objectiva e, concretamente, ganhos reais para os clubes. Quando falamos que a academia deve estar nos clubes, temos que ter a capacidade para materializarmos esse fim, sob pena de fazermos uma gestão retórica que vai criando falsas expectativas aos clubes.

Portanto, ainda não tem requisitos para ser presidente da FMF?

Eu neste momento não tenho nenhum trabalho que tenha feito nessa visão geral ou global, mas um trabalho, apesar de ser ao nível de clube, que visa emprestar a mesma ideia, que é mobilizar fundos e meios nacionais e internacionais para que os clubes tenham academias reais e que a alta competição tenha mais do que uma selecção nacional a funcionar em pleno. Cada escalão de selecção nacional deve ter uma estrutura própria e que esteja permanentemente em actividade.

Segunda pergunta: Senhor Luís Manhique, tem alguém capaz de ser esse presidente da FMF que tem na sua mente?

Seria aquele que está preparado para fazer uma verdadeira mudança e permitir que os clubes tenham mais receita do que têm hoje, reduzindo as taxas que a federação cobra actualmente. Alguém que iria colocar à federação o desafio de ir buscar esses valores em outras parcerias para estancar a ideia de que os clubes são os mais fracos no elo do sistema, o que é verdade, tão verdade que quem fragiliza esses mesmos clubes são os sistemas de que a federação permite e faz parte dos cobradores de taxas exorbitantes de que os clubes são vítimas.

Tico-Tico seria boa opção

– Rui Tadeu, desportista  

Encabeçar uma lista nunca passou da minha cabeça. É assunto de dimensão maior que a minha. Posso apoiar a pessoa que tenha essa ideia e coragem. Posso fazer parte de uma equipa de trabalho. Sempre trabalhei em equipas, sem intenção de ser líder. Mas não tenho dúvida que se assumisse faria coisa do meu gosto e não há nada que eu não saiba fazer. Não seria problema para mim. Não assumo porque não faz parte das minhas intenções.

Senhor Rui Tadeu, tenho duas perguntas a fazê-lo. Posso?

Faça.

Primeira pergunta: Aceitaria encabeçar uma lista às próximas eleições da FMF?

Não. Isso nunca passou da minha cabeça. É assunto de dimensão maior que a minha. Posso apoiar a pessoa que tenha essa ideia e coragem. Posso fazer parte de uma equipa de trabalho. Sempre trabalhei em equipas, sem intenção de ser líder. Mas não tenho dúvida que se assumisse faria coisa do meu gosto e não há nada que eu não saiba fazer. Não seria problema para mim. Não assumo porque não faz parte das minhas intenções.

Para si qual deve ser o perfil do próximo presidente da FMF?

Devia ser um homem ou mulher vindo do futebol. Não fosse alguém que se aproveitasse do futebol para se projectar. Alguém jovem com capacidade e com uma visão para desenvolver as coisas em todas vertentes. Que seja representativo e reconhecido por todos os segmentos da sociedade. Que tenha reconhecimento e disponibilidade. Que saiba ouvir a todos. Tem de saber trabalhar em grupo de forma colegial. Apostar numa gestão colegial e não presidencialista de lambe-botas.

Acha que temos pessoas com esse perfil neste momento?

Ouvi dizer da pretensão de Tico-Tico. Acho que é uma boa opção se for apoiado por todos.

Se a votação fosse popular e se realizasse hoje votaria Tico-Tico?

Tinha que conhecer os outros. De Tico-Tico não preciso de saber mais nada. É essa figura reconhecida por todos os moçambicanos. Cada um tem pontos fortes e fracos. Já agora, conhece mais alguém com pretensão de ser presidente da federação?

Parece que Enoque João corre para isso! Outros continuam escondidos.

Não o conheço bem, pelo que nada posso falar dele. Nada tenho contra ele, mas não conheço. É positivo haver pessoas interessadas em liderar a federação, desde que não seja para jogar-se futebol com as mãos. Temos que escolher um projecto que leve o futebol para longe.    

Simango Jr. abordado

Alberto Simango Jr. já foi abordado para transferir a sua experiência de dirigente da Liga Moçambicana de Futebol (LMF) para a Federação Moçambicana de Futebol (FMF), onde, por inerência de funções, é actual vice-presidente.

O actual presidente da LMF ainda não se decidiu, mas domingo está em condições de assegurar que um grupo de desportistas ligados ao futebol pretende candidatar Simango Jr. para a sucessão de Feizal Sidat.

A acontecer, a LMF vai perder o seu principal pilar e rosto. No entanto, os apoiantes desta candidatura defendem que pode até facilitar a vida da própria Liga, uma vez a federação ser o órgão máximo do futebol nacional e seria gerida por alguém que conhece os cantos da casa do filho (LMF).

Sócio do Costa do Sol, Alberto Simango Jr. chegou à LMF através daquele clube com as funções de vogal, tendo posteriormente liderado a Comissão de Choque que aliviou a tensão financeira e administrativa naquela instituição responsável pela gestão do “Moçambola”. 

Cumpre actualmente o segundo mandato à frente da LMF, não devendo recandidatar-se porque os estatutos vedam-lhe o terceiro mandato.

 

 

 

 

 

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