Opinião

OLHANDO MOÇAMBIQUE COMO CRIANÇA VÊ-SE MELHOR O SEU CRESCIMENTO (2)

Agora vejo que não nos libertamos só do colonialismo sob a liderança da Frelimo, como estamos a nos libertar da pobreza também sob a sua liderança. Quem diria que nós também teríamos casas de alvenaria e nossos próprios carros, incluindo para as nossas irmãs que antes eram tidas como servindo só para produzir filhos e cozinhar!? Se os nossos antepassados pudessem voltar à vida, não iriam acreditar no que haviam de ver!

Quando o meu primo saiu em 1975, porque dizia que não suportava mais as bichas que então se formava para se comprar os produtos alimentares básicos, como o açúcar, arroz e mesmo farinha, as áreas suburbanas limitavam-se a muito poucos, e os que se destacavam eram Inhagoia, Huleni, Choupal, Benfica, Chinhambanine e Chamanculo que, neste caso, é onde cresceu este Guebuza que hoje é nosso Presidente, Mafalala que é onde cresceram ou viveram ídolos e heróis como Eusébio, Samora, Chissano e Mocumbi que foram dos que lutaram com este Guebuza pela nossa independência.
Mas hoje temos vários outros que perfazem o que agora chamamos mais de Grande Maputo, que são os bairros urbanizados do Zimpeto, Khongolote, Ntaka, Marracuene expandido, Nkobe, Boquiço e muitos outros novos que não cabem nesta lista.
O que mais o espantou ainda é que mesmo nesses bairros em que viveram Samora, Chissano, Guebuza e muitos dos que tinham a mesma cor que eles, as casas eram quase todas feitas de caniço e zincos, ao contrário de agora, em que são de alvenaria.
Eu disse ao meu primo que não é só Maputo que cresceu. Todas as cidades estão a crescer a olhos vistos e o mesmo está a acontecer com as vilas e povoações. Mesmo Lichinga esticou e já é digna de se chamar cidade! Já não falo da de Tete que caminha para uma megacidade.
Depois de ver toda esta modernização e avanços, o meu primo disse estar muito arrependido de ter saído do País, porque não contribuiu para este seu crescimento, ao mesmo tempo que vincou que os que dizem que a independência não valeu apena, estão muito enganados.
“Eu conheci este País durante a era colonial, e vi as imagens que mostravam quão a guerra da Renamo o havia destruído, mas o que vejo agora, não dá sequer para ter uma ideia ou imaginar que é o mesmo País de há 39 anos. Como moçambicano, o que vejo enche-me de satisfação e dignifica-nos bastante como povo, porque aqueles que anteviam que com a nossa independência iriamo-nos transformar em macacos, está a se provar que estavam muito errados. Este País está a andar a passos largos e firmes, e a prova de que estamos no bom caminho e estamos a ser bem liderados, é este rápido desenvolvimento que não deixa ninguém imaginar que já estivemos com falta de tudo, incluindo o sal e os fósforos”, disse.
“Outra prova é a vinda em massa de estrangeiros que aqui estão a afluir para trabalhar, incluindo portugueses que estão a fugir à grave crise económico-social que se abate sobre o seu próprio País, e de que eu também estou a fugir dela”, acrescentou.
O que o deixou mais feliz foi quando viu, na última segunda-feira, milhares de crianças de ambos os sexos e idades com fardamento escolar indo às escolas ou voltando delas.
Nelas está a garantia da prosperidade do nosso País. Como sabe, no tempo colonial as pessoas da minha cor não eram permitidas estudar muito para além. Só muito poucos é que conseguiam furar a barreira que nos era imposta para que não estudássemos, mas hoje há escolas de todos os níveis em todo o País em que estudam as crianças e jovens, incluindo lá na nossa Zavala que está sendo visitado por Guebuza, onde nem uma única secundária havia no meu tempo. Ah, a independência é de facto a liberdade de fazermos o que antes não nos era permitido como bem o disse Mandela.

Gustavo Mavie

gustavomavie@gmail.com

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