As cidades de Maputo, Beira e Nampula têm sido, em tempos recentes palco de incêndios. De maiores ou de menores proporções. Que atingiram residências e estabelecimentos
comerciais. Muitos. E também um cinema na capital do país. Sobre este último incêndio, o jornal “Notícias”, edição da passada terça-feira (página 3), titulava Cinema Charlot destruído por incêndio. E, escrevia que O cinema Charlot, uma das emblemáticas (sic) da capital ficou completamente destruído por um incêndio que deflagrou cerca da zero hora de ontem. Desconhece-se ainda a origem do fogo, presumindo-se que tenha sido um curto-circuito ocorrido na loja de material eléctrico que funciona no mesmo edifício do cinema. Mais diz a local, que O fogo foi tão intenso que mesmo com o reforço de meios materiais e humanos da empresa Aeroportos de Moçambique, os bombeiros levaram horas para controlá-lo, o que viria ser possível já de madrugada. Acrescenta o matutino que Embora ainda se estivesse a fazer a avaliação dos danos, soubemos que as chamas consumiram a sala de projecções, incluindo o tecto, a plateia e o balcão. Em resumo, o Charlot parece ter ficado reduzido a escombros. Ou simplesmente a nada. Para já, uma pequena observação. Para dizer que o simples facto de ali funcionar um estabelecimento de venda de material eléctrico não permite pensar que tal seja motivo, só por si, para dar origem a u curto-circuito.
Em todos estes incêndios, parece haver dois aspectos em comum. O primeiro, é o de em todos eles as causas do fogo terem sido atribuídas a curto-circuitos. Como hipótese de trabalho parece correcto. Mas, convenhamos, há outras hipóteses, desde sabotagem a vinganças, e por ai em diante. Recorde-se que as origens do incêndio registado há alguns anos no Ministério da Agricultura também foram atribuídas a um curto-circuito. E tudo ficou por aí. Nunca mais nada se soube, nunca mais nada foi dito. Passado o tempo que já passou. O segundo dos factos a todos estes incêndios é a falta de capacidade do Corpo de Salvação Pública para combater incêndios de qualquer dimensão. Pequena, média ou grande. Aqui em Maputo, na Beira, em Nampula. Umas vezes é apontado o mau estado das viaturas. Outras vezes, chegam ao local do fogo com pouca água. Outras, ainda, quando a água existe as bombas não funcional. De tudo isto, parece que resultam duas realidades: A falta de meios adequados ao combate a fogos e o nível de operacionalidade dos que existem. Assim como estamos, por melhor e mais dedicado que seja o bombeiro, muito pouco pode fazer. A realidade apresenta-se como demasiado preocupante. E demasiado confusa. Os bombeiros, como homens e como profissionais, serão os menos culpados pelo insucesso do seu trabalho. Seria interessante sabermos que a actual situação também preocupa a entidade de tutela. Para evitar uma possível tragédia. O tempo é de agir.