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Nomeações e exonerações

Por admin

Imagine que o Presidente da República tivesse de justificar porque escolhe determinado moçambicano para assumir certo cargo, estaríamos todos os dias em eleições, porque nunca haveria consenso a respeito das figuras indicadas.

Provavelmente seja por isso que basta eleger o Presidente para a maioria dos cidadãos ter confiado nele o passo seguinte, designadamente, o de escolher quem, entre todos nós, na sua opinião merece fazer o quê, em que sector.

O actual Presidente disse ao mundo que essa empreitada seria feita olhando fundamentalmente para a meritocracia, deixando de lado as subjectividades de diversa índole. Aquelas características que, às vezes, fintam o decisor, como por exemplo o ser popular ou populista, entretanto fortes ao nível da sociedade.

Não são poucos os elegíveis em diferentes frentes que, tendo dado muito pouco do que podem, acabaram sendo os mais famosos em tais sectores, simplesmente por meros atributos que nem sempre conduzem a bons resultados.

Os que sabem rir com os subordinados ou superiores hierárquicos, que sabem se apresentar perante a sociedade, os exteriormente limpos, os de determinada região ou religião, os que fizeram muitos amigos em criança, entre outros elementos que nem sempre trazem resultados pretendidos ao sector… Fazer o quê?

Imagino que Amélia Nakhare não aparecesse a dizer, já nos últimos dias do ano passado, que a Autoridade Tributária, de que é presidente, conseguiu arrecadar até ao penúltimo dia de 2016 173 mil milhões de meticais de receita, o equivalente a mais 8 mil milhões em relação ao que estava fixado como meta.

Tendo em conta que tal resulta de um trabalho consequente de um ano, de cobrança de receita, via estímulo pela cobrança de imposto, depois de um estudo minucioso sobre o vector que traria melhores resultados, incluindo de outras fontes não de somenos importância…

Aí os moçambicanos lembrar-se-iam muito rapidamente de quem antes esteve a chefiar o pelouro e o chumbo presidencial estava à vista, porque todos diríamos ter sido um erro individual de quem a nomeou. Agora que os resultados estão à vista ninguém diz nada.

Na verdade, é difícil substituir não só os que parecem competentes, como os populares e populistas, por isso se aconselha serenidade, que não faça confundir uma coisa com outra e só a definição correcta dos termos de referência traz a “sorte” de se não entrar recorrentemente no mato.

Não tivesse sido, em opinião sincera da nossa parte, uma dificuldade que denotou o sector de comunicação e imagem da Autoridade Tributária, que se esqueceu do timing em que ela devia dar os resultados do trabalho da instituição, não escandalizaria que Amélia Nakhare passasse o ano como a figura mais nomeada da nossa sociedade mediática.

Por dar o relatório há um dia do fim do ano, não foi capaz de destruir as ideias de alguns que já tinham escolhido, uma ou duas semanas antes, as suas figuras de 2016, muito menos desfaria o que alguns que falam uma vez por semana tinham dito publicamente. Pode-se até dizer que o trabalho não visava a publicidade, mas que é a função da comunicação, é!

A outra “sorte” foi ter em Nazira Abdula uma ministra que muitos não davam o valor que está a mostrar a olhos vistos. Na aldeia, no ministério e, trabalhando com a sua equipa, nada se ouve a desfavor, ainda que de soslaio.

Chegados aqui, imagino o seguinte: o que estarão a dizer os cidadãos, quando de cada vez que há uma mudança governamental quase que exigem que o Presidente explique as causas que lhe levaram a tomar tal decisão… se ao escolher também não os consultou, precisamente por o termos delegado o poder de tanto escolher como de mudar de ideias em relação a certos moçambicanos que antes tinha confiado.

No ano complicado que passou, foi bonito ter alguém da área económica a dizer “mesmo assim, estou aqui”, parafraseando o académico Egídio Vaz, a revelar que “o melhor dos moçambicanos são os próprios moçambicanos”. Desta vez não parece estar a dizer por dizer!

Pedro Nacuo
nacuo49nacuo@gmail.com

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