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METODISTA LIVRE: 129 ANOS PROCURANDO UMA LIDERANÇA

Por admin

Quando este artigo sair publicado, a Igreja Metodista Livre em Moçambique terá já elegido o seu V (Quinto) Bispo na história da sua existência como Congregação. Sempre me convenci que, quanto mais antiga for uma organização religiosa, a fé dos seus fiéis seria igualmente mais sólida e inabalável, portanto isenta de fricções de carácter supersticiosa.

Com relação à Igreja Católica Apostólica Romana, por exemplo, só sabia da existência dalguns malandrins que a manchavam com práticas pedófilas, por isso eu pensava que era: «a menos mal». Pura ilusão! Tudo desvaneceu com o aparecimento de histórias como aquela de dois Padres em Nampula que, conscientes, fizeram justiça com suas próprias mãos, ateando fogo à palhota de um pobre campónio, alegadamente por ter lhes surripiado um saco de milho, para mitigar a fome que o assolava a si e familiares a seu cargo; Aquela outra mais recente de Quelimane envolvendo um outro Padre que, atormentado por problemas ligados à magia negra, recorreu a um «Nyamusôro» para se livrar do malefício num Cemitério privado, então veio convencer-me que todas as congregações, cada uma à sua maneira têm problemas. A minha também não conseguiu fugir à regra. Trazida dos EUA por um casal de Missionários, Roberts Shemeld e Kelly Shemeld no longínquo ano de 1885 a Igreja Metodista Livre em Moçambique é uma das mais antigas do Pais, tendo iniciado as suas actividades em «Inhambane Céu», onde o casal permaneceu pouco tempo, transferindo-se temporariamente para outra margem da Baia e filiando-se a um outro grupo de missionários dirigidos por um outro casal Rev. & Mrs. E.H. Richards, numa pequena Povoação de Mongwe (Maxixe), enquanto procurava espaço próprio.Localizado o espaçonuma outra Povoação conhecida até hoje por N´Komeni, a 15 Quilómetros da Sede do Distrito de Inharrime, o casal Roberts Shemeld e Kelly Shemeld, instalou-se ali construindo de imediato 150 habitações com material local, iniciando assim o primeiro trabalho verdadeiramente missionário de converter idólatras. À sua organização, chamaram de The Free Methodist Mission Church in Mozambique. Esta foi a primeira Sede daquela que se chamaria até hojeIgreja Metodista Livre em Moçambique. Nesta povoação encontram-se enterrados num Cemitério, os restos mortais dos primeiros Missionários Americanos, dos quais um Marinheiro de nome G. Harry Agnew, uma das primeiras vítimas de malária. Na década 20 do século passado, a Congregação adquiriu um novo espaço a pouco menos de cinco quilómetros da Vila Sede de Inharrime onde estabeleceu a sua sede nacional. De acordo com «A Matimu ya wu Metodista lomu Moçambique» (ou seja História da Igreja Metodista Livre em Moçambique), só no ano 1924 na Primeira Conferência Nacional é que começaram a ser ordenados os primeiros Pastores Moçambicanos, e mesmo assim, a sua direcção continuou nas mãos dos Missionários Americanos até Março de 1993ano em que foi ordenado o primeiro Bispo Moçambicano. Dois grandes PECADOS minam o crescimento da Metodista Livre. O Primeiro Pecado tem a ver com a falta da definição da Missão e Visão, sendo por isso que, em pouco menos de duas décadas da existência como Conferência (Igreja) Independente dos Americanos, dos quatro Bispos que dirigiram a Congregação até hoje, pessoalmente apenas consigo distinguir feitos dos dois primeiros Bispos, sendo o Primeiro pelo Demérito de ter provocado a cisão da congregação e o segundo pelo Mérito de ter conseguido a sua aparente reconciliação e reunificação, nove anos depois da cisão. Sobre os últimos dois Bispos, pessoalmente tenho muitas dificuldades em encontrar algo que qualquer um deles tenha feito de destaque. Na verdade, sobre o «Reinado» destes dois últimos «Chefes», as intrigas, a desconfiança entre dirigentes, e entre leigos cresceu, de forma gritante e o marasmotomou conta da congregação. Nunca se preocuparam pela formação de futuros Lideres, sendo isto que dita a baixa escolaridade dos seus Dirigentes. O Segundo Pecado, é o CONSERVADORISMO exacerbado e perigoso, pois a Congregação tem como premissa a manutenção e obrigação de todo o crente, independentemente da sua proveniência dever falar e pregar a palavra de Deus na Língua XITSWA, onde quer que esteja. Qualquer tentativa de introduzir a Língua Portuguesa, nos cultos,veículo de comunicação por excelência entre Moçambicanos, como forma de atrair mais almas para a Congregação, o autor da iniciativa é enxovalhado, humilhado e isolado, visto como um prevaricador da ordem da congregação. Em 129 anos da existência da Seita, a Congregação tem apenas no seu seio, um único Sacerdote com formação Superior (Doutoramento), sendo os restantes formados em Seminários de Cursos Bíblicos de nível básico. Aquele único, por ter «quebrado» o paradigma da seita, casando-se com uma pessoa que, além de não ser fluente em Xitswa, o seu pecado é ainda maior por ter uma pigmentação da pele não negra. Vai daí não merecer confiança dos «Chefes da Igreja» para dirigir nem sequer uma Zona, para não falar duma Paróquia (Igreja Local), pese o seu «Arcaboiço» intelectual. Todos nós temos consciência da importância que as igrejas no País têm feito sentir em áreas como acesso a educação, saúde, em conjunto com os Ministérios da Educação e da Saúde, particularmente no processo do desenvolvimento, designadamente na construção de Escolas e Postos de saúde e outras acções de sensibilização para a promoção do bem-estar e contra a violência nas comunidades, além naturalmente de cumprir a Grande Agenda de Deus que é a reconciliação e restauração de todas as coisas que sofreram com a queda do Homem no Jardim de Éden. Espero muito sinceramente que este V Bispo Eleito ou Reeleito consiga ser um verdadeiro Líder aglutinador de todos os parcos recursos de que a congregação dispõe, principalmente tendo em vista o uso da Língua Portuguesa como uma ferramenta para atrair mais crentes não apostando apenas em Xitswa que até agora tem sido sem dúvida um dos motivos do atraso da Congregação por afastar jovens e outros não originários nem falantes deXitswa. De um modo geral todas outras Congregações os Cultos ou Missas têm sido feitos em duas ou mais Línguas. Apenas a Metodista Livre conserva o puritanismo Judaico que apostava na circuncisão do prepúcio para merecer bom crente em vez do coração. Que o novo Bispo seja não mais um Chefe, mas um verdadeiro Líder procurado há mais de Cem anos. Deus abençoe os Metodistas Livres!

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