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História de avestruz que esconde a cabeça?

Por admin

Li com muita atenção e levei muito tempo  a tentar digerir o conteúdo  da carta do senhor e meu respeitado combatente da luta de libertação nacional Sérgio Vieira, publicada no dia  27  de

 Fevereiro corrente. Achei-a muito interessante e ao mesmo tempo muito controversa, sobretudo porque escrita por um libertador da Pátria e dos Homens pois, habituaram-nos  ouvir dizer que a luta de libertação nacional contra o colonialismo português foi para expulsar os colonizadores e dar aos moçambicanos o direito de cidadania e de escolher o seu caminho de desenvolvimento. Acredito que foi também para isso que o Coronel Sérgio Vieira filiou-se à Frelimo. Com a conquista da independência em 1975, novos horizontes se abriram e passamos por muitas situações entre boas e más. Entre as boas destaca-se a própria liberdade de circulação e de expressâo. Entre as más destaca-se as bichas para comprar pão, passando pelo “se não fosse eu” repolho todos os dias, até a guerra dos 16 anos.

Com o advento da paz em 1992, os moçambicanos enterraram definitivamente as armas e o ódio entre si, arregaçaram as mangas e começaram a reconstruir dos escombros tudo que a guerra havia destruido. O país inteiro reencontrou-se com a construção das pontes, com especial realce para a ponte Armando Guebuza sobre o rio Zambeze, faltando a ponte para KaTembe cujos trabalhos parece terem começado. Quanto custa hoje construir uma casa na Katembe transportando todo o material necessário de barco? Será que os katembenses não gostariam de construir como está a acontecer nos distritos KaMavota e KaMubukwana? Isto só para falar da Cidade de Maputo pois, as construções são em todo os país. Isto não agrada ao Coronel? Não foi para isto que lutou? Milhares ou mesmo milhões dos moçambicanos  têm água perto, têm centros ou postos de saúde e maternidades perto, têm escolas e rede de telefonia móvel e já se comunicam com o país inteiro e com o mundo. Isto não agrada ao libertador da terra e dos Homens? É por isso que não entendi e não entendo o conteúdo da carta do meu Coronel. Parece não ser o  Sério quer dizer Sérgio Vieira de quem já ouvi falar,  da coerência que o caracteriza que escreveu aquele artigo. Exige que se pergunte a quem tem sede se quer água? Que despreZo, meu Deus. Esquece-se que não foi consultado o povo quando foi indicado para ir dirigir o famoso projecto do desenvolvimento do Vale do Zambeze que entretanto desabou. 

Não seria salutar explicar a nós o povo os dinheiros que gastou no projecto onde centenas de maquinaria comprada com os nossos impostos deterioraram-se? Ou é história de avestrus de querer esconder a cabeça deixando todo o corpo a descoberto? Pelo menos o dinheiro que o Governo está a aplicar na construção da ponte para KaTembe vai legar aos moçambicanos um património valioso, acontecendo o mesmo com a estrada circular que tanta falta faz para descongestionar o tráfego tão saturado da cidade de Maputo e arredores.

Tenho certeza que cada moçambicano há-de ver e poder utilizar, mas já não acontece com os fundos geridos pelo meu Coronel para construir um  complexo que iria empregar milhares de moçambinos e produzir muita comida que tanto precisamos para reduzir importações.  Não é isto que precisamos fazer para o país cescer?

No seu artigo fala da alta densidade da população do distrito KaMavota comparada com a da KaTembe e é verdade. Não acha que com a construção da ponte para aquele distrito parte da população de KaMavota e a que vive em locais vulneráveis a inundações noutros pontos da Cidade teria solução à vista em relação ao espaço para construirem e sairem  do tráuma que as inundações causam?

Com a construção da ponte, a meu ver vai aliviar um pouco a pressão que o município tem em conseguir espaço para reassentar as famílias que, por falta deste, construíram em locais impróprios, como os reservados estradas.

Aceito perfeitamente que se puniu com prisão neste país e continua a haver punições desde que o Ministério Público faça as necessárias denúncias e, se calhar é por falta disso que o meu Coronel não foi chamado para ser ouvido da erosão que provocou à economia nacional quando dirigia o Projecto do Desenvolvimento do Vale do Zambeze onde tractores agrícolas novos apodreceram. Teria sido bom exemplo.

As calamidades naturais que são ciclicas, até afectam países muito desenvolvidos como  Estados  Unidos da América, Brasil, Inglaterra, China, Japão e outros que até conseguem prever com muita antecedência que Moçambique. Nunca ouví críticas sobre os seus governos, pelo contrário todos se juntam em torno dos seus governos para enfrentarem os desafios provocados pelas calamidades.

 Ouvi através da comunicação social que alguns países acima enumeradas saudaram a atitude  do Governo de Moçambique que evitou o pior resultante das ultimas enxurradas.  Será para agradar ao Governo? Acredito que não, até porque alguns estão a esperam de oportunidade para sancionarem o governo e tentarem mudar o rumo da sua história.

Em democracia a crítica é aceite e bem vinda mas, por si só nada pode acontecer. É preciso sim apresentar propostas e exemplos que arrastem os outros para acção. Por exemplo,  se a tua associação  contribuisse materialmente, ajudaria os governantes a mitigar o sofrimento do povo, aliás, há no país e em Maputo, muitas associações que foram  ao terreno oferecer o seu apoio e não se limitaram a criticas desmotivadoras. Bem haja a essas associações do bem e proactivas.

Se não gosta do Governo do dia, seja coerente e apresente o seu desapontamento a quem de direito e não crie confusão em nós que tanto gostaríamos de viajar do Rovuma ao Maputo de carro, sem ter que passar pelo farryboat do Maputo, desfrutarmos da estrada circular do Maputo e ganharmos mais tempo para fazermos outras coisas boas que ajudam o país crescer.

Termino com este ditado herdado da minha avó que Deus levou: “UNGA DLHAI NYOKA U NDZULUTA, A TA MINKELE TA KU WONA”  que traduzido em português diz mais ou menos isto: “NÃO MATES A COBRA E GIRÁ-LA POIS AS QUE ESTÃO NAS COVAS ESTÃO A VER-TE”. Mais não disse.

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