A actual conjuntura político – militar tem levado semeado o medo a todos os moçambicanos. Muitos milhares de moçambicanos têm memória dos horrores da Guerra dos 16 anos – a guerra de desestabilização. Uma guerra que semeou o caos no País, semeou o luto em milhares de famílias.
Em nome da democracia violou-se mulheres, pilou-se crianças, utilizou-se baionetas para matar cidadãos civis.
A guerra iniciou após a independência nacional. Os regimes segregacionistas do Apartheid e de Ian Smith alimentaram esta guerra. Olhando para trás lembro-me que na altura quem presidia o País era o Marechal Samora Moisés Machel – o nosso ícone, ídolo e nossa referência. Tentaram os inimigos do povo moçambicano passar a ideia de que o responsável pela Guerra era o governo liderado pelo Marechal Samora Machel. Em nenhum momento o povo moçambicano caiu nessa ladainha. Para o povo o seu governo era legítimo e esse mesmo povo condenava e era intolerante a violência perpetrada pelo MNR ou pelos então – Bandidos Armados hoje RENAMO.
O Marechal recusou-se a dialogar com bandidos armados. Com gente que pilava crianças, violava mulheres, incendiava viaturas em nome de uma tal democracia. Seis anos após o assassinato bárbaro do Marechal, no meio de desconfiança entre as partes, assinou-se o acordo geral de Paz que pos fim a 16 longos anos de violência perpetrada pela Renamo liderada por Afonso Dhlakama.
Em nome da Paz perdoamos irmãos que violaram nossas esposas, mães, filhas, pilaram nossos filhos, sobrinhos. Espetaram com baionetas nossos familiares e amigos. Tudo em nome da democracia e do combate ao comunismo.
21 anos depois da Assinatura do Acordo Geral de Paz os mesmos actores em nome da paridade nos órgãos eleitorais iniciaram em Abril ataques que mataram cidadãos indefesos. Pessoas que trabalhavam com o objectivo de melhorar a sua condição social, da sua família e contribuir para o crescimento e desenvolvimento de Moçambique. Desta vez a paridade é o pretexto para matar com armas, baionetas, incendiar viaturas e semear o terror na nossa sociedade.
Paremos e reflictamos com serenidade se tais actos se justificam. Em nome da paridade se pode matar? Em nome da paridade se pode tentar por em causa o Estado de Direito? Em nome da paridade se deve semear o pânico na nossa sociedade? As autoridades legítimas devem a todo o custo ceder as chantagens de gente belicista que não tem nada a perder?
Sejamos razoáveis. A um Estado se pede que ponha mão forte a quem tenta por em causa a estabilidade. Nunca vergar-se a quem tente por em causa a ordem legítima.
A nossa boa maneira procura sempre um culpado dos nossos infortúnios. Estamos a ser injustos para com o Presidente da República. Um pai de família, um cidadão que é também sensível como todos nós. Tentar passar a ideia de que está pouco preocupado com esta situação é tentar tapar o sol com a peneira. Uma guerra afectaria directamente o Presidente da República, membros da sua família e semearia também o luto, a dor na sua família.
Porque será que nunca se vendeu e sedimentou a tentativa de afirmar que o governo liderado pelo Marechal Samora Machel era o responsável pela guerra perpetrada pelos bandidos armados? A quem interessa passar a ideia de que o Presidente Guebuza está interessado na Guerra? A quem serve a sedimentação duma tese desta natureza?
Quem está a matar cidadãos moçambicanos? Quem está a incendiar viaturas? Quem está a utilizar baionetas para rasgar o corpo de seus concidadãos? Porque o grito de revolta não é contra os bandidos?
Em nome do Estado de Direito e pela consolidação das instituições democráticas sejamos razoáveis.
António dos Santos