Nunca te pasmes e jamais diga que nunca viste, porque o insólito está sempre a acontecer.
Perdi a conta das vezes que ouvi minha avó falar-me assim. Recordei-me dela quando, há dias, circulando pela Avenida 25 de Setembro, em plena baixa da capital do país, vi um homem que pela idade podia ser meu pai.
Preparava-se ele para atravessar a sempre agitada avenida quando, de repente, tropeçou nos próprios pés e caiu sem amparo. A bandeja que levava nas nãos e a respectiva chávena de café espatifaram-se no alcatrão e líquido escorreu uns quantos centímetros.
Como que a desmentir que entre nós a solidariedade é letra morta, rapidamente umas quantas pessoas aproximaram-se do mais velho e auxiliaram-no a se reerguer.