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Discutir o essencial sobre Nyusi

Por admin

As eleições na FRELIMO condicionaram, de forma clara, o debate intra e extra-partido e, num espectro mais largo, nacional e internacional.

 Todos, com raras excepções, estavam ansiosos para saber e condicionar a escolha vinculada aos membros do partido com direito de voto. Queriam tomar parte da decisão de eleger, ainda que de fora, o filho da Frelimo que vai dar continuidade ao projecto político iniciado em 1962. Foi, refira-se, interessante o debate que se abriu e girou em torno do trivial. Ou seja, a discussão de tudo, menos da competência vinculada ao papel de membros da Frelimo e do seu poder analítico no acto da escolha. O debate foi tão apaixonante que até elementos que são oposição à FRELIMO entraram no mesmo, chegando, alguns, até a propor a demissão do Secretário-geral da FRELIMO por alguns pronunciamentos do fórum interno partidário e cujo interesse em discutir e aprofundar pertencia aos membros no seio do partido.

 Foi, neste clima de tempestade e agitação que a FRELIMO suplantou a pressão de fora e elegeu o seu candidato, Filipe Jacinto Nyusi; um gestor da primeira linha e que desempenhara com zelo todas as tarefas que o seu partido lhe confiara. E como sempre, a FRELIMO, depois de eleger o seu candidato, saíu mais fortificada, unida e em torno de um só candidato, contrariando, os que já auguravam a sua cisão.

 Ora, sempre me ocorreu que depois da eleição, iniciar-se-ia um processo de tentar descobrir quem é na verdade o candidato da FRELIMO e porquê a FRELIMO decidiu apostar neste candidato. Facto é que esta discussão nunca nasce, ficando a pergunta:

 Porquê interessa contornar o candidato da FRELIMO?

 Podíamos ensaiar algumas respostas olhando para os candidatos dos dois partidos representativos: a Renamo e o MDM, mas pensamos que não é importante. Até porque um está, a cada dia que passa, a dar mostras de  uma gritante falta de capacidade de gestão. Basta verificar que, se constitui um problema gerir um município o que seria da gestão de todo um país? O outro, se nem pode gerir o seu próprio partido, se nem pode conferir a sua formação política, um estatuto de partido civil, como seria capaz de gerir um país? Nem adianta responder ou sequer trazer o infindável número de empresas que geriu e fez falir em fracções de segundo!

Voltando a pergunta de partida: qual seria o interesse de contornar o candidato da FRELIMO? O que faz com que não se analise objectivamente o seu projecto político; o que se propõe a fazer, a sua visão sobre Moçambique hoje dentro e fora; o seu pensamento sobre o boom dos recursos minerais e a forma como pensa gerir as expectativas que estes recursos trazem, mas mais do que isso: analisar o seu percurso político e profissional para depois questionar se vale a pena ou não apostar nele.

 A FRELIMO podia ter feito o mais fácil neste processo: escolher um candidato veterano e com longo percurso político, conhecido por todos os moçambicanos, mas fez o mais difícil: escolher alguém com competência comprovada e sem grande percurso político. Ou seja, Nyusi irá construir o seu percurso político enquanto impulsiona o desenvolvimento do país. Ora, como se explica esta escolha?

 Penso que não se pode dissociar a escolha do candidato da FRELIMO com o período que Moçambique está a viver neste momento: de franco e rápido desenvolvimento e de expectativas altas, resultado da descoberta dos recursos minerais.

 A FRELIMO olhou uma vez mais para dentro de si e questionou: queremos um político ou um gestor?

 A escolha do Filipe Nyusi já encerra a resposta para esta questão: a FRELIMO percebeu que o momento histórico, precisa de alguém que possa impulsionar cada vez mais o desenvolvimento que Moçambique está a conhecer; de alguém que pense a gestão do país a tempo inteiro, mas sobretudo, alguém cuja experiência de gestão pode ser atestada por todos quando necessário.

O historial de gestão do candidato da FRELIMO, Filipe Nyusi, é recente e ao alcance de quem queira saber mais dele. De facto, Filipe Nyusi possui uma montra instalada na praça pública, uma montra que permite a qualquer um que o queira conhecer pesquisar. Mas aí está: descobrir o candidato da FRELIMO, Filipe Jacinto Nyusi, significa confirmá-lo como candidato com mais potencial para se tornar o próximo Presidente de Moçambique.

 Atentemo-nos aos factos:

 O candidato da FRELIMO é um Engenheiro Mecânico de profissão, que já trabalhou como operário nas oficinas Gerais dos Caminhos-de-Ferro, em Nampula, e inconformado que era, batalhou e mais tarde veio a ocupar os cargos de Director Ferroviário e, mais adiante, de Director Executivo do CFM Norte para, depois, exercer em Maputo as funções de Administrador Executivo da empresa Portos e Caminhos-de-Ferro de Moçambique.

 São poucos no mundo, os exemplos de ascensão como este que aqui se apresenta, aliás, os que existem, servem como fonte de inspiração e como modelo a seguir pelos demais, porque iniciar numa empresa como operário para depois terminar como administrador, é obra resultado de um espírito genial como o de Filipe Nyusi.

Como Ministro de Defesa, tarefa que exerceu até à semana passada, Nyusi mostrou mais uma vez a sua competência, criatividade, empenho ao conduzir as nossas forças armadas rumo à modernização e à reconquista do seu prestígio. Hoje, em todo o país, crescem pedidos de jovens que voluntariamente querem ingressar e fazer carreira nas forças armadas. Foi na sua direcção que se verificou o "incremento do caudal de formação, número de instituições de formação militar, da reabilitação das infra-estruturas e melhoria de condições de trabalho; bem como, do re-equipamento dos três ramos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique".

 Foi ainda na sua direcção que o clube Ferroviário de Nampula sagrou-se campeão nacional no ano de 2004. Fica assim claro que discutir o candidato da FRELIMO é o mesmo que dizer para o Povo que ele é o próximo Presidente da República de Moçambique e alguns não querem isso. Por isso é normal embarcarem em subterfúgios, discutir a superfície e enveredar pelo ataque pessoal porque cientes de que a discussão do essencial levará ao encontro das qualidades execepcionais de Nyusi. Por isso navegam à margem do que Nyusi representa enquanto gestor e líder e ignoram as águas profundas para desencaminharem o povo da verdade: que o seu candidato é o Filipe Jacinto Nyusi.

 A FRELIMO mostrou, ao eleger um candidato com larga experiência de gestão, que age de modo a corrigir os seus rumos. Até porque no actual contexto de descoberta massiva de recursos minerais e depois de o país ter sido governado por um Presidente com uma veia empresarial e que imprimiu uma dinâmica na economia que não pode recuar sob risco de graves tensões sociais, precisamos sim de uma figura capaz de pensar na gestão a tempo inteiro, deixando a componente política para quem tenha disponibilidade, genica, competência e experiência para navegar nesses mares.

Percebe-se aqui, finalmente, a decisão da FRELIMO de manter o Presidente Armando Emílio Guebuza na liderança do Partido, uma forma, de aliviar o peso do debate político dos ombros do Presidente da República, de modo a que dedique com afinco todo o seu saber e força ao serviço da gestão da coisa pública.

 

                                                           

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