“Na verdade, vós sois o povo, e convosco morrerá a sabedoria…Visto que os seus dias estão contados, contigo está o número dos teus meses; tu ao homem puseste
limites, além dos quais não passará” Jó 12:2; 14:5
De uns tempos a esta parte, algumas Televisões e Rádios, têm vindo a brindar-nos com imagens visuais e virtuais (sonoras), dando-nos conta da existência nesse País adentro, de uns “Senhores” insolentes, todo-poderosos, perigosos, temíveis, tão arriscados, ostentando como estandarte as armas de fogo, sendo por isso verdadeiros “Cabeças no ar”, e pelos quais temos de andar de atalaia, pois vão ao ponto de pôr em perigo a segurança e a tranquilidade públicas e porque não a ameaça à PAZ do Pais inteiro. São uns “Senhores” tão maníacos, tão lunáticos que parece serem possuídos por espíritos sobre-humanos, os quais o missionário Suíço JUNUD, citado pelo Padre Adriano Langa, (Bispo D. Adriano Langa), no seu trabalho intitulado “questões cristãs á Religião Tradicional Africana”, apelidaria-os de “Mimoya/Mipfukwa”. Para esses “Senhores”, encarnando “Mipfukwa”, todos os esforços para lhes chamar de volta à razão, resultam infrutíferos e inúteis. “Mipfukwa”, segundo os prelados que tenho vindo a citar, e de acordo com a cultura Changana/Txopi, acredita-se serem almas penadas que não encontrando Paz no além-túmulo, procuram perverter desgraçados como aqueles “Senhores”. Também pode-se dar o caso de os tais Mimoya/Mipfukwa, resultar de almas de pessoas sacrificadas por tais “Senhores”, durante o último conflito armado que durou Dezasseis anos. Nenhum Missionário, nenhum Psiquiatra ou Psicólogo têm força anímica suficiente e capaz de demover a “mania das grandezas” e conduzir à razão aqueles desgraçados. Uma forma de “domesticá-los” seria construir-lhes Thempele, espécie deAra ou Altar, a exemplo do que acontece com outros“Mimoya/Mipfukwa” que costumam encarnar nas pessoas propensas a forças “médium-unicas”, nas quais depositariam a sua fel, tal como aconteceu com aqueles “Mimoya/Mipfukwa” que oFilho do Carpinteiro de Nazaré causou a sua invasão a uma varra, (manada) de Suínos. No caso de tais “Senhores”, o Thempele teria de ser um torrão, onde todos os habitantes desse seu “território” teriam de ser da sua tribo e onde as armas seriam a Lei e eles Regedores. São incapazes de conceber este País chamado Moçambique como um todo. São homens hermafroditas que conseguem ser Pais e Mães simultaneamente de algo chamado “Democraciazite”, e possuidores de chancelas. São homens disfarçados de Políticos tendo como sedes dos seus “Partidos”, espécies de Quartéis guarnecidos por “eunucos” à moda dos Califados, armados até aos dentes. São homens alérgicos à vida nas zonas urbanas, tendo um amor exacerbado e cego pelos bosques e florestas. Enquanto todo o Povo clama pela PAZ, definida comoum estado social de calma ou tranquilidade, comausência total de turbulência verbal ou física e em quetodos estão noseu ponto mais alto de serenidade sem tensão social, esses “Senhores”elegem a GUERRA,definida como sendo“confronto sujeito a interesses da disputa entre dois ou mais grupos distintos de indivíduos mais ou menos organizados, utilizando-se armas para tentar derrotar o adversário”. Pessoalmente odeio, detesto, execro e abomino enérgica e impetuosamente a todos esses indivíduos que divinizam as armas que as elegem como única solução para atingir os seus fins. Esses indivíduos parece que não temem nem mesmo a própria Dona MORTE, essa senhora que mete medo e domina a tudo e a todos.A Dona MORTE consideradacientificamente como ofim da consciência, e cuja simples menção da própria palavradesperta horrorno coração de pessoas simples e que constituemuma experiência dolorosa para os sobreviventes, quanto mais não seja, senão pelo simples facto de que não há maneira de substituir um ente querido que se foi, pois cada pessoa é um mundo completo.Apesar de amorte estarpresente na vida de todos nós, para alguns mais cedo, para outros, de modo mais trágico, e para os privilegiados, de forma a corresponder com os grandes ciclos naturais da vida, aqueles “Senhores” julgam-se acima da morte.Só que, Morrer significa Morrer mesmo! Deixar de existir, De meter medo a outras pessoas. Morte é um desligamento do corpo físico da força energética que é o nosso espírito.É um sono sem sonhos. Mas aqueles “Senhores” nunca pararam para pensar na temeridade da morte. Mesmo sabendo que um dia vão ter de dar um beijão a Dona Morte, esses “Senhores” comportam-se como se de deuses se tratassem ou no mínimo possuidores de deuses nas suas barrigas. Prepotentes, vaidosos, pérfidos, com tanto ódio, tanta arrogância acumulada, pergunto-me, para quê meu Deus!? A vida é tão curta tão efémera que se pode igualar a um sopro. No dia em que a Dona Morte resolver tirá-la de qualquer um de nós, (incluídos aqueles “Senhores”, ficamos tão inúteis e tão indesejados que a primeira coisa que os que nos rodeiam farão, é livrar-se dos nossos restos mortais, não importa o que tenhamos sido em vida: ricos ou pobres, lunáticos ou pacatos, amados ou desprezados, repito, os que nos rodeiam quererão ver-se livres de nós o mais depressa possível, pois, nesse estado (de mortos), ninguém serve para mais nada senão como lixo altamente tóxico! É pertinente que todos nos valorizemos a vida. Tenho ainda fresca na memória a Mensagem que o Emérito Papa Bento XVI, endereçou no ano passado aos congregados no «Átrio dos Gentios», que se inaugurouem Portugal nos dias 16 e 17 de Novembro de 2012. Recorde-se que o Átrio dos Gentiosé uma estrutura criada pelo Pontifício Conselho da Cultura e inaugurada em Paris nos dias 24 e 25 de Março de 2011e desde então vai-se alargando a muitas outras cidades da Europa. Na mensagem do prelado, dirigida a crentes e não-crentes ao redor da aspiração comum de afirmar o valor da vida humana sobre a maré crescente da cultura da morte,destacavaque, eu cito-o:“a consciência da sacralidade da vida que nos foi confiada, não como algo de que se possa dispor livremente, mas como dom a guardar fielmente, pertence à herança moral da humanidade”.O então Sumo Pontíficeenfatizava nessa sua mensagemque, cito-o novamente:“não somos produto casual da evolução, mas cada um de nós é fruto de um pensamento de Deus: somos amados por Ele”, fim das citações. Conclusão: Sabendo que esses “Senhores”, mais mês menos mês, mais dia, menos dia, serão chamados pela senhora “Dona Morte”, implacável e inadiável inexoravelmente a entregar-lhe o que é dela: a Vida, então, para quê tanta estupidez acumulada, tanta crueldade, tanto vicio, se inevitavelmente serão uns cadáveres nojentos e sem préstimo! Faço votos para que a Dona Morte, essa justiceira cega e inexorável se lembre de lhes chamar para junto de si o mais depressa possível de modo a proporcionar a PAZ para o pacato Povo Moçambicano que bem a merece. Que a Dona Morte nos oiça!