Opinião

Correr não é chegar

Passa já algum tempo que vieram a público vários casos de má gestão, de corrupção ou de roubos em instituições do Estado. Um desses casos, talvez o primeiro dos três últimos, foi investigado

 e divulgado por este semanário. Tratou-se do caso da venda de carros do ou no Ministério das Finanças. Depois, tivemos a visita do primeiro-ministro a vários órgãos de Informação. Entre os quais os do Estado. Ou do sector público. Como lhes queiram chamar. Abreviadamente, TVM, RM e AIM. Onde o referido governante terá sido confrontado com várias queixas dos trabalhadores. Daí o ter ordenado a investigação a métodos e processos de gestão dos respectivos gestores. Por fim, até ao momento, foi divulgado o roubo de elevado montante em dinheiro de salários no Ministério da Educação. Algumas destas investigações, destas auditorias, ou lá o que lhe queiram chamar, tinham prazos. De início e de fim. Definidos por quem tinha poderes para o fazer. Só que, até ao momento, publicamente, sabe-se nada sobre o que foi investigado. Menos ainda sobre os resultados das investigações. O que, em si próprio parece e é mau. Péssimo. Para a imagem do Estado. E dos seus representantes.

 

Esta questão que parece simples e banal, entre nós, de ordenar auditorias e sindicâncias, por tudo e por nada, não o é tanto assim. Ou não deveria ser. Por poder transformar-se em banalidade. É, pelo contrário, assunto demasiado sério. Temos dificuldade, temos relutância, como cidadãos, em admitir e em aceitar que os resultados das investigações não sejam tornados públicos em tempo útil. Investigações mandadas realizar por dirigentes do Estado. Ao mais alto nível. Digamos que este silêncio, este secretismo, por si só, dá uma má imagem do Estado. E dos seus dirigentes. E, que em nada abona a favor da transparência e da boa governação. Que hoje não passam de slogans. Ou de capa e de cobertura para que cada um e cada qual se permitam pensar que pode gerir os negócios públicos pelo mesmo método que aplica na sua machamba. Não. Não pode. Gerir os dinheiros públicos, governar com os dinheiros dos impostos dos cidadãos é coisa outra e diferente. Muito diferente. Precisamos de aprender a falar menos e a trabalhar mais. Muito mais. Como todos sabemos, por ser da sabedoria popular, correr não é chegar.

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