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Com o pé no charco

Por admin

O Governo de Moçambique não pode condicionar a sua política interna ou externa em função de pressões internacionais.

 

 O governo voltou a ceder às exigências da Renamo, desta vez aceitando a presença de observadores internacionais na mesa do diálogo político. A abertura para a entrada de figuras internacionais acontece numa altura em que as delegações analisam o segundo ponto da agenda, nomeadamente a desmilitarização da Renamo, exigida pelo governo. Mas os observadores internacionais vão participar apenas nos debates sobre o cessar-fogo, uma das condições para o desarmamento do maior partido da oposição no país.

 

Mas estes desenvolvimentos requerem que haja maiores cautelas. Por imperativo nacional  o governo fez as cedências consideráveis no que se refere à Lei eleitoral, hoje parece óbvio que a orientação da Renamo encobre mistérios desavindos que só à luz da transparência poderão ser desvendados. A lei eleitoral não era o óbice principal ao seu desarmamento, nem para paragem de ataques a civis e militares. Como um dos subscritores do AGM, o que a Renamo pretendia era levar-nos a recuar 21 anos no projecto de democracia escolhida. A actual direcção da Renamo não caberia voluntariamente no enquadramento político democrático de uma sociedade baseda no pluralimo de ideias, ideologias como a de Moçambique. 

 

São tantos os interesses internacionais e as pressões sobre o governo exercidas para que faça as concessões, e do outro lado à Renamo para que esta seja inflexível.

Mas depois de 21 anos de paz, ninguém nos poder exigir um recuo para o AGM, nem mesmo o ocidente, cujas empresas estão cá desde a primeira hora, com os seus mega -projectos isentos das sua obrigações tributárias, e que agora começaram a pagar.

Todos os actores internos e externos buscam influência salvaguardando o presente e futuro, contudo parece-me bem que os limites da decência não sejam ultrapassados, e nem interfiram na integridade nacional.

 A economia moçambicana a crescer na casa dos 8 por cento/ano com a inflação na casa dos 4 a 5 por cento, é adas que mais cresce na região sustentada por recursos naturais como gás natural, petróleo, minerais de todo o tipo, turismo e uma agricultura que promete ser nos próximos anos o celeiro da África.

 

No ocidente existem aqueles falcões reaccionários imutáveis, mas com poder de decisão e de influenciar políticas decisórias de governos.

Para esses agentes da intolerância o passado revolucionário é olhado como uma pecha para desconfiança no curriculum de qualquer pessoa, quanto mais um país.

Não possuem a nobreza de Margareth Tatcher antiga primeira-ministra do Reino Unido e do partido conservador, que promoveu a entrada de Moçambique na Commonwealth, logo após a adesão do partido Frelimo a Social-democracia.

Quando olhamos para o cessar das actividades do Millenium Challenger Corporation em Mocambique, e o congelamento de finaciamentos de projectos no terreno pelo governo dinamarquês sentimos pena. A desculpa esfarrapada não convence, mas a leitura que se faz é a mesma.Tendo em conta esta premissa, o tipo de punição como efeito dissuasor continua nortear a política internacional pelas grandes potências económicas e financeiras, quando estas lidam com países em desenvolvimento.

Em política não existem segredos, o que existe são resíduos da diplomacia secreta, que aos poucos vem deixando de o ser. E que depois do Wikleakes a diplomacia secreta não pode ser linearmente secreta, e depois do espião arrependido que abraçou a Rússia de Putin, nada será como dantes.

No campo da dita cooperação respira-se uma lufada da guerra fria com o regresso dos ex-colonialistas promovidos da direita, que governa no ocidente olhando-se bem ao espelho.

Parece-me tarde para o ex-presidente Joaquim Chissano vir lamentar-se de não ter desarmado a Renamo. A política não é futebol, onde um avançado pode lamentar-se por não ter chutado com mais precisão para marcar o golo, ou por ter chegado atrasado àquele cruzamento; ou mesmo por se ter falhado um penalty. Foi um pé no charco.

A culpa das mortes é sempre da Renamo e de Afonso Dlhakama; como Conselheiro de estado deveria ter entregue as armas, quando a situação o exigia. Num estado de direito usar o terrorismo para obter vantagens políticas é crime contra a segurança do estado, e condenável perante aos olhos da Lei e justiça e de todos quadrantes de opinião.

Afinal quem saiu driblado neste tipo de jogadas? Todos nós moçambicanos saimos driblados especialmente aqueles que já não podem assitir aos próximos capítulos do mesmo jogo.

Outro ponto que não consigo enxergar é o facto de termos serviços de inteligência treinados e actualizados, não tendo sido capazes de monitorizar as movimentações conspiratórias da Renamo.

É verdade que a vigilãncia é facilitada quando há meios electrónicos ao dispor, mas na falta destes, outros meios podem ser utilizados. Como foi possível que durante anos tenham sido incapazes de desmantelar as movimentações, e prevenir dos ataques e chantagem política da Renamo? Qual foi o papel destes serviços, cuja missão é de prevenir o estado de acções levadas a cabo contra a segurança do estado?

Existem dificuldades inerentes como a falta de supervisão territorial, em espaços onde o estado é praticamente inexistente, onde os inimigos deste puderam dar voz às bases conspiratórias, orientadas à desestabilização política e militar.

O estado deve estar presente em todo o território nacional, cobrindo o país do Rovuma ao Maputo, e do Buzi ao Índico…

 

Com a queda do centralismo democrático, Mocambique abraçou o liberalismo económico, e com ele as instituições financeiras do Brenton Woods. Não foi ao encontro dos ditos aliados naturais, como a China ou a Rússia, ou mesmo a Índia. É importante que o ocidente tenha isso em mente.

Empresas chinesas, e indianas só recentemente entraram em força no mercado moçambicano, enquanto as ocidentais, especialmente de países da União Europeia, americanas e canadianas estavam já assentadas no terreno.

 

Se em negócios não existem amizades, a aparente cordata em política omite a componente ideológica na linha ténue, entre moderações e a genuina amizade. Sabe-se que entre os parceiros económicos a que se chamam doadores, existem entre eles aqueles de visão neocolonialista que já demonstraram no terreno, ter pouca simpatia pela evolução política e económica do país. Para eles, dada a sua ideologia, queriam que fossem outros a ter poder de decisão, onde eles teriam maior influência.

Nós moçambicanos preferimos confiar na democracia que temos e nos trilhos de progresso rumo ao crescimento que escolhemos.

 

Moçambique Rumo ao Progresso.

 

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