Compreendo a insistência e pressão política dos países doadores para que um encontro entre o Presidente Armando Guebuza e Afonso Dlhakama se realize. Eles têm contribuido ao longo dos 21 anos, com uma injecção de biliões de dolares em Moçambique para a perservação da paz.
Entendo o seu desapontamento, assim como o desespero dos moçambicanos por a paz ter sido posta em causa, culpa de uma Renamo que usou uma birra, Lei eleitoral, como estratégia para legalizar o terrorismo, para fazer valer os seus argumentos políticos e económicos.
Com esta estratégia a Renamo pretendia dividir os moçambicanos, culpando a irredutibilidade do governo de apego à constituição, como pomo da discórdia.
Uma estratégia táctica que passava pela erosão da imagem do executivo e do partido Frelimo junto ao seu eleitorado tradicional.
Certo que quando há instabilidade, turbulência, a culpa é sempre de quem está ao leme.
Desde quando o terrorismo pode ser denominado de crise política? Não existe nenhuma crise política nem guerra em Moçambique. O que existe são ataques terroristas como tentativa de subverter a ordem política constitucional.
Atenção, que esta aparente embirração, obedeceu sempre a uma estratégia a que não está alheia a descoberta das jazidas de gás natural e outros minerais.
Quando a Renamo fala na necessidade de mediadores estrangeiros, refere-se expressamente a personagens e países interessados de quem parece sentir-se órfã, que a ajudem a redimir a sua imagem cada vez mais dissipada no panorama político nacional.
É precisamente aqui onde mora o motivo principal da denominada crise politico-militar a que eu chamo tentativa de subversão político constitucional com recurso ao terrorismo.
Julgo que não tardará o tempo de conhecermos os nomes de personagens mistério, e países envolvidos na rede conspiratória que tal como ontem, está causando morte e desolação na família moçambicana; espero que o governo de Moçambique tenha coragem e corte relações e considere persona non gratas.
Efectivamente, a participação da Renamo na democracia foi mera formalidade conjuntural proposta por aqueles que o usavam como testa de ferro. Nunca existiu da parte da direcção deste grupo um interesse profundo em participar numa democracia pluralista como a que os moçambicanos se comprometeram viver.
Se os fins justificam os meios, grupos como a Renamo com uma direcção onde o culto de personalidade e falta de democracia imperam, era óbvio que enquanto a actual direcção se mantivesse em exercício jamais poderia integrar-se no modus vivendi democratico.
Foi sempre lamentável presenciar a desconexão existente entre parlamentares da Renamo e a direcção, uma das quais teve a ver com direcção a impor que os deputados boicotassem os seus lugares no parlamento, saido das últimas legislativas, e estes a ir contra a ordem.
A premissa de destruir a Frelimo e a criação de um vácuo em Moçambique, continuam uma prioridade na agenda da Renamo. Hoje em dia com a crise do capitalismo, e uma evidente crise financeira do ocidente, onde os mercados financeiros são cada vez menos tolerantes com as políticas dos governos, nota-se um movimento de interesse destes, em direcção a mercados como Moçambique e Angola.
A direita conservadora e racista nalguns países como os Estados Unidos, através do Tea party ou o Heritage Foundation sincronizados com governos europeus da direita conservadora, estão colocando no terreno, métodos nada convencionais em democracia para captar pessoas bem colocadas na sociedade, numa tentativa em criar alternativas de governação nesses países. A recente divulgação de uma parceria entre serviços de inteligência visando países denominados Palop confirma a evidência.
Usam partidos e organizações já no terreno onde se julga foram semeados já pensando neste projecto de desestabilização. Com efeito para eles não importa os meios, mas os fins.
Numa população com ainda elevados índices de analfabetismo, onde a riqueza material é uma arma na mão, são tidas como símbolo de poder, uma injecção de um punhado de dólares fazem o resto.
Lembro aqui a verboreia ideológica do Mazanga, porta-voz da Renamo, aquando da tomada da Satundjira pelas FDS de Moçambique.
Desesperadíssimo designou a Frelimo como partido comunista e sei lá que mais. Omitiu que dias antes havia feito um pronunciamento, onde dizia repeitar a soberania de Mocambique e o chefe de estado.
A verdade é que nunca houve nem haverá um comprometimento sério da actual direcção da Renamo com a democracia.
As autarquias foram um teste sério naquilo que sempre acreditei, de que a democracia moçambicana é muito mais credível dispensando esta Renamo relutante em se desarmar como actor político.
Os moçambicanos não podem viver reféns do terrorismo, a que o nome Renamo está ontem como hoje directamente associado, ao massacre de quase um milhão de inocentes moçambicanos.
Moçambique Rumo ao Progresso.
Inácio Natividade