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CARTA A MUITOS AMIGOS SOBRE RESPOSTAS PLANIFICADAS E CONSEQUENTES

Por admin

Recordo-me que nas cheias do Limpopo, já em 1978, a direcção do Partido FRELIMO e o Governo enviaram Armando Guebuza para organizar os socorro e reassentar as populações em zonas 

 

seguras. Desde então no Limpopo, Save, Zambeze sucedem-se ciclicamente as mais diversas cheias. Até na Cidade de Maputo. Governo, municípios entregam novos locais onde reinstalar as pessoas, apoios são prestados. Depois? Paulatinamente se volta a edificar e viver nos locais normalmente assolados. Na baixa do Xai-Xai até instituições públicas regressam aos sítios inadequados.

Para que serve então o trabalho se tão logo se esquece o que ocorreu? O esforço de apoio e de reorganização aos poucos esboroa-se, repetem-se as mesmas asneiras, não se retiram as lições apropriadas. Qual a acção consequente que se sucede aos sucessivos reassentamentos? Qual o papel das autoridades locais, comunitárias, secretários de bairro, chefes de posto, administradores, edis para prevenir a repetição dos desastres e de imediato intervirem para que as pessoas não regressem aos locais com risco? 

O chamado prolongamento da Julius Nyerere quantas vezes caiu? Não ocorre à mente dos construtores, fiscais, projectistas interrogar sobre o historial do local onde se vai trabalhar, de modo a seguirem-se as regras adequadas e prevenir a repetição de danos?

Deveremos pensar que nas construtoras prima o lucro imediato, independentemente das consequências e danos futuros? Quem vai pagar o regresso à estaca zero, sabendo que se mostra indispensável o prolongamento da Avenida, assim como desvio assegurando o acesso a um Hospital, várias escolas e o Mercado do Peixe?

Ignoro o número de vezes que a ligação rodoviária entre o Inchope e a Beira ficou cortado.

Vejo, contudo, circular normalmente o comboio, então a que regras obedeceram os CFM e por que razão quem reabilita a estrada as descarta ou não faz a necessária adaptação?

O país constrói a ponte Armando Guebuza em Caia, libertando-nos do penoso batelão. Procura-se realizar o sonho da ligação entre o Sul e o Norte.

Descura-se entretanto os demais quilómetros. Pontes e pontecas, quilómetros de estradas fazem parte de um todo e não basta a ponte sobre o Zambeze funcionar para que alcancemos o objectivo da ligação rodoviária Norte-Sul.

As ligações quando se concebem requerem fiabilidade, manutenção permanente, controle. Há quantos anos se denuncia o empreiteiro responsável pela estrada para Mocuba, parte essencial da Estrada Nacional número 1. Ele, os seus accionistas ficaram nalguma lista negra? Estão a pagar multas?

Completa-se a segunda ponte de Tete, mas como se circula até à Changara ou Zobué? Previu-se que se ia explorar o carvão na margem Sul? Porque desde o início não se concebeu a ponte com o duplo objectivo de ferro-rodoviária?

Como estão os acessos do nosso lado à ponte da Unidade que liga Moçambique à Tanzânia no Rovuma?

Não se trata de negar o bom que se faz, mas a melhor sopa com excesso de sal ou falta total dele torna-se intragável. No melhor restaurante do mundo o cliente devolvê-la-á e a gerência pedirá desculpas.Quero com isto afirmar que uma decisão que se quer eficiente deve estar tanto devidamente planificada e coordenada, a montante jusante, na horizontal e vertical, como há que garantir a consequência na execução e controle permanente.

Poucas vezes se fazem contas sobre os prejuízos para a economia nacional resultantes da paralisação ou mau funcionamento das comunicações terrestres.

Li que duzentos e cinquenta camiões se encontravam paralisados em Caia porque alguns quilómetros à frente caíra uma ponteca na EN 1.

Qual o custo diário de um camião? Como vão encarecer os produtos nas províncias da Zambézia, Nampula e Cabo Delgado que vão consumir a carga transportada? Não haverá deterioração das cargas perecíveis? Isso, na sequência não se repercutirá nos preços que se pagarão? Fica aqui o desafio para que se façam contas da falta de planificação consequente, carência na fiscalização e manutenção permanentes.

Não basta afirmarmos que se tratou de uma calamidade natural, pois noutros países com, abalos sísmicos, ciclones, tsunamis, chuvas torrenciais há regras para prevenir ou minimizar os males. Quantos prédios desabam em Tóquio e quantas pessoas morrem, embora os quase permanentes tremores de terra? Nas regras e controlo da sua aplicação está a resposta japonesa e de outros. A falta disto mantém-nos como subdesenvolvidos e pedintes.

Abraço o trabalho do INGC, do Governo e a solidariedade manifesta dentro e fora do país, mas abraço mais forte o corrigirmos as fraquezas,

Sérgio Vieira

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