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ATÉ QUANDO O MILENIUM BIM CONTINUARÁ “COISIFICANDO-NOS”

Por admin

“Vale mais ter um bom nome do que muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a riqueza e o ouro” Provérbios 22:1

Hoje quero falar somente de acontecimentos verídicos. O meu tio Elias Txitokiswane, terá sido um dos poucos, (ou muitos?), Moçambicanos que faleceu milionário já na década cinquenta do século passado, sem no entanto usufruir um Centavo dos seus milhares de Escudos. Resultado da suas aventuras, juntamente com o seu sobrinho, (meu primo Júlio Mapulasiane), ambos descobriram eu nunca soube como e com quem, um caminho que lhes proporcionou um negócio chorudo: ir a pé, às terras de Rodésia do Sul (hoje Zimbabué), donde traziam manadas de gado asinino (burros), que os utilizavam na agricultura, pois diferentemente dos bois que a partir das Sete de manhã ficam cansados de estarem atrelados à charrua e espumam-se pela boca e pelas narinas, já os burros não. Podem puxar o arado durante muito tempo e a qualquer hora do dia ou da noite sem demonstrar cansaço. Além de usá-los na faina da lavoura revendiam-nos e escondiam o dinheiro nos potes de barro e enterravam-no em lugares só por eles conhecido cada um separadamente. O sistema bancário não era extensivo a indígenas. Nas Zonas Urbanas, os poucos indígenas que conseguiam alguma poupança, depositavam-na em casas comerciais vulgarmente conhecidas por “Cantinas”. Nos finais da década Sessenta surgiu o primeiro Banco Comercial acessível a autóctones, o Banco Pinto e Sotto Mayor. Depois do falecimento do meu tio Elias Txitokiswane, o primo Júlio Mapulasiane, (nomes e pessoas verdadeiras), não conseguiu sozinho dar continuidade ao negócio dos burros, o mesmo sucedendo com a agricultura que literalmente faliu. Ainda em vida o meu tio milionário teve um prejuízo tremendo quando foi da troca de notas de 100$00 (Cem Escudos) com o timbre “Colónia de Moçambique”, para os da “Província de Moçambique”, o meu tio tomou conhecimento dessa operação três meses depois de o processo terminar. Ficou com um pote cheio de milhares de notas e moedas daquele escudo. Ameaçado e amedrontado de ser preso por não ter trocado a tempo, livrou-se do “tesouro envenenado”, enterrando o pote algures, até hoje, volvidos mais de cinquenta anos do seu falecimento ninguém nem mesmo os seus filhos sabem onde jaz o tesouro. Com a Independência Nacional, e com a liberalização da economia, os Bancos Comercias abriram as suas portas mesmo para qualquer “Zé Burro”. O Banco Popular de Desenvolvimento (BPD), foi o que maiores facilidades concedeu ao Populacho. Com o crescimento do Pais a olho nú, mais Bancos e mais Empresas foram nascendo, e nesse ritmo, o problema do atendimento, tornou-se bicudo. MCel, Vodacom, EDM, BCI, Barclays Bank, Standard Bank, entre muitas, criaram condições personalizadas de atendimento. (Um parêntesis para elogiar a iniciativa da MCel, na Filial da “Julius Nyerere” que, além do cliente ser recebido por alguém que lhe abre a porta com um rasgado sorriso de boas vindas logo a entrada, a mulher grávida, a pessoa idosa – 60 anos – e o portador de deficiência têm prioridade no atendimento). Já o Millennium BIM, pese a quantidade dos seus Balcões em todo o canto do Pais, o atendimento é deveras e a todos os títulos deplorável. Permito-me destacar, quanto a mim, as piores Agências aqui na Cidade de Maputo, dentro das quais a aglomeração e o acotovelamento das pessoas somente nesta época do frio é que são suportáveis, pois o ambiente é semelhante ao que se vive nos “my loves”. De segunda a sexta, com excepção das filiais da “Samora Machel” e “25 de Setembro”, nas restantes filiais, com destaque para as da Esquina da Praça da OMM, do Shoprite, da Mau Tse Thung, da Vladmir Lenine, só para citar algumas, estão apinhadíssimas de gente de toda índole, de pé, numa posição de quem está num velório, não importa a sua idade e o seu estado de saúde. Veio-me este desabafo devido a situação que vivenciei na Filial, quiçá a maior, que se localiza entre as “Ruas do Timor Leste” e a “Joaquim Lapa” em plena baixa do Maputo a poucas centenas de metros do Porto. As portas, pelo menos naquele dia abriram-se-nos as 8h00, e, as pessoas entraram em avalanche. Jovens e pessoas idosas (entre as quais eu), e uma mulher grávida estiveram de pé por mais de três horas. Disse-se que o sistema tinha caído. A futura parturiente, com os meses de alívio à vista, visivelmente cansada e sem ter onde acostar-se, decidiu estender a sua capulana que a trazia na indispensável “Carteira de senhora” que qualquer boa Mulher Moçambicana a trás sempre consigo, e estatelou-se ai mesmo no sujo soalho vezes sem conta repisada por chinelos, sapatos botas até pés descalços, ante a serenidade assustadora das poucas “meninas” atendentes, cujas indumentárias, cada qual puxou pela sua estilista, algumas saias tão curtas que fazem inveja àquelas suas irmãs vizinhas “convidadas permanentes” da esquina entre a “Travessa da Boa Morte” e a “Rua do Bagamoyo”. Puxo pela cabeça para perceber as dificuldades que o Millennium BIM tem em investir na colocação de banquinhos nem que sejam feitos de pedaços de caule de Coqueiro tão abundantes nas Províncias da Zambézia e Inhambane, e não encontro resposta, senão simples “kakatismo” (sovinice). Até que a ideia nem é má, pois seria uma inovação juntando o útil ao agradável. Tudo menos pôr-nos de castigo! Por favor Millennium BIM, valorizem-se valorizando-nos. Aquela senhora de que fiz menção atrás, disse em tom de brincadeira que se a criança nascesse naquele local, chamar-se-ia “XANISEKANI KA MILLENNIUM BIM. Que coisa!

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